compartilhar no whatsapp compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin copiar link deste artigo
Compartilhe o artigo
compartilhar no whatsapp compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin copiar link deste artigo
compartilhar artigo
Imagem destaque
home icon Home > política > conversa política
CONVERSA POLÍTICA

Obras Inacabadas: no Sertão, população espera pela conclusão de unidades de saúde e complexos esportivos

Publicado em: 18/07/2023 às 21:54 Atualizada em 19/07/2023 às 8:57

“Quando eu vejo um negócio desse assim (...) é uma tristeza assim pra gente, para o esporte do estado, esporte de Patos”, a lamentação é do atleta Yago Edson. O jovem tinha oito anos quando o projeto da Vila Olímpica de Patos, a 300 km de João Pessoa, foi idealizado.

Dez anos depois, aos 18 anos, vários títulos estaduais e regionais de atletismo foram conquistados, mas um local decente de treino, ainda não. “Infelizmente, na cidade de Patos não tem a pista adequada para gente (...) sofro, atrapalha muito meu rendimento. Como Patos não tem pista, a gente tem que treinar no que dá, na pista de barro. A gente faz adaptação e isso atrapalha muito rendimento (...) Em período chuvoso, não treina”, explicou.

O material de construção deveria ter chegado no espaço destinado à Vila Olímpica, há 10 anos, quando a prefeitura de Patos firmou um convênio com o governo federal para construção. O investimento foi de R$ 2,9 milhões. O tempo passou e pouco saiu do papel: um pórtico de entrada, uma cobertura de uma quadra não concluída e um espaço para vestiários.

Imagine quantos jovens deixaram de se apaixonar pelo esporte? Quantos talentos deixaram de ser revelados ali? “Podia ter uma pista de atletismo, uma piscina olímpica, uma piscina olímpica ou semi, um campo de futebol , um equipamento que desse suporte a população patoense, com mais qualidade de vida”, afirmou Amberg Leitão, professor de Educação Física.

Yago recebe bolsa do governo do estado e tem patrocinador. Tem ainda o apoio incondicional do pai. É o que permite, uma vez por mês, ele ir para João Pessoa treinar e fazer uma avaliação. Segundo ele, o treino na Vila Olímpica, em João Pessoa, é muito diferente. “Lá você sente a diferença, quando treino aqui, é uma sapatilha, lá é outra (...) Aqui as travas quebram, já lesionei aqui”, destaca.

O pai dele, o empresário Edson Leite Montenegro, lembra que o filho inspira outros jovens, que desistem por falta de espaço. “Tendo um espaço melhor, uma pista, não é só para ele, é para outros atletas que têm vontade. Onde já teve uns atletas que viram o resultado dele e procurou a gente pra treinar, mas infelizmente não tem espaço, não tem pista”, explica.


				
					Obras Inacabadas: no Sertão, população espera pela conclusão de unidades de saúde e complexos esportivos
Yago Edson, atleta. Foto: Reprodução TV Cabo Branco..

O secretário de Administração de Patos, Francivaldo Dias, explicou ao Conversa Política porque a obra ainda não foi concluída.

"Ela já era para estar concluída, a serviço do povo de Patos. Mas, infelizmente, passou um longo período abandonada, sem dar continuidade ao serviço que só estão dando continuidade agora. Quando a empresa a empresa começou a fazer o serviço de conclusão, notou-se algumas falhas, questões que estavam ausentes na questão estrutural, que foram refeitos no projeto", explicou.

Com preço dos materiais defasados, o dinheiro do governo federal já não é suficiente. Para concluir a obra, a prefeitura recorreu ao governo do estado.

"O governo federal, hoje, com o novo contrato tem estimativa de R$ 1,6 milhão e através do governo estadual, R$ 1,3 milhão", pontuou.


				
					Obras Inacabadas: no Sertão, população espera pela conclusão de unidades de saúde e complexos esportivos
Espaço onde deveria existir uma Vila Olímpica, em Patos. Foto: Reprodução TV Cabo Branco..

A construção de um outro equipamento esportivo, planejado para um bairro popular de Patos, também em velocidade muito reduzida. O CIE - Centro de Iniciação ao Esporte foi anunciado com festa. Uma estrutura para 13 modalidades olímpicas, com um objetivo principal: incentivar o esporte nos chamados territórios de vulnerabilidade social.

Dez anos de espera. Não há quadra, pista de atletismo, nem ginásio. Por enquanto, ferros, mato e abandono. Por descumprimento de metas, o convênio com o governo federal foi cancelado e o dinheiro voltou para a União.

"Perdeu-se esse convênio que estava previsto para construção do CIE e só foi dada a continuidade dos trâmites para realizar nova licitação quando foi feito um convênio com o governo estadual. Estima-se um valor de R$ 3 milhões para conclusão. O governo do estado vai entrar com 100%", explicou.

O que foi gasto, pode estar perdido. É só ver a situação das estruturas. "Foi gasto aproximadamente uns R$ 700 a 800 mil (...) Corre-se o risco por causa da perda do convênio do gestor atual ter que devolver esse dinheiro", apontou.

O professor de educação física, Amberg Leitão lembra que os projetos não são apenas para atletas que querem ser profissionais, mas, se prontas, as obras serviriam para cuidar da saúde.

“Pros jovens esse é o caminho (...) você tiraria os jovens dessa ociosidade, de celular e computador. Porque hoje nosso maior calo são os computadores, e eles podiam tá fazendo atividade física (...) hoje quem pratica atividade física você deixa um pouco dos medicamentos, você vai sair da ociosidade, a questão da dependência química, seja álcool, tabaco ou outro tipo de droga”, ressaltou.

Obras recomeçaram 

A prefeitura de Patos informou ao Conversa Política que as duas obras já foram licitadas novamente e as empresas contratadas já retomaram os serviços, com previsão de conclusão para dezembro/2023 para o CIE e janeiro/2024 para a Vila Olímpica.


				
					Obras Inacabadas: no Sertão, população espera pela conclusão de unidades de saúde e complexos esportivos
CIE- Centro de Iniciação ao Esporte, no bairro Monte Castelo, em Patos. Foto: Reprodução TV Cabo Branco..
  • Obras Inacabadas: no Sertão, população espera pela conclusão de unidades de saúde e complexos esportivos
    | Foto:
  • Obras Inacabadas: no Sertão, população espera pela conclusão de unidades de saúde e complexos esportivos
    | Foto: Yago Edson, atleta de Patos. Foto: Reprodução TV Cabo Branco.
  • Obras Inacabadas: no Sertão, população espera pela conclusão de unidades de saúde e complexos esportivos
    | Foto:
  • Obras Inacabadas: no Sertão, população espera pela conclusão de unidades de saúde e complexos esportivos
    | Foto:
  • Obras Inacabadas: no Sertão, população espera pela conclusão de unidades de saúde e complexos esportivos
    | Foto: Vila Olímpica de Patos. Foto: Reprodução TV Cabo Branco.
  • Obras Inacabadas: no Sertão, população espera pela conclusão de unidades de saúde e complexos esportivos
    | Foto:
  • Obras Inacabadas: no Sertão, população espera pela conclusão de unidades de saúde e complexos esportivos
    | Foto:
  • Obras Inacabadas: no Sertão, população espera pela conclusão de unidades de saúde e complexos esportivos
    | Foto: Amberg Leitão, professor de Educação Física.
  • Obras Inacabadas: no Sertão, população espera pela conclusão de unidades de saúde e complexos esportivos
    | Foto: Edson Leite Montenegro, pai de Yago. Foto: Reprodução.
  • Obras Inacabadas: no Sertão, população espera pela conclusão de unidades de saúde e complexos esportivos
    | Foto: Secretário de Administração de Patos, Francivaldo Dias. Foto: Reprodução.
  • Obras Inacabadas: no Sertão, população espera pela conclusão de unidades de saúde e complexos esportivos
    | Foto:
  • Obras Inacabadas: no Sertão, população espera pela conclusão de unidades de saúde e complexos esportivos
    | Foto: Estrutura para construção do CIE- Centro de Iniciação ao Esporte de Patos. Foto: Reprodução.
  • Obras Inacabadas: no Sertão, população espera pela conclusão de unidades de saúde e complexos esportivos
    | Foto:
  • Obras Inacabadas: no Sertão, população espera pela conclusão de unidades de saúde e complexos esportivos
    | Foto:
  • Obras Inacabadas: no Sertão, população espera pela conclusão de unidades de saúde e complexos esportivos
    | Foto:
  • Obras Inacabadas: no Sertão, população espera pela conclusão de unidades de saúde e complexos esportivos
    | Foto: Mikaelly Alves, dona de casa.
  • Obras Inacabadas: no Sertão, população espera pela conclusão de unidades de saúde e complexos esportivos
    | Foto:

Marizópolis

Em Marizópolis, tem fartura de placas com anúncio de novas obras. São pelo menos 12, logo na entrada da cidade. Por outro lado, há carência de solução para obras antigas. Uma delas, a construção dessas Policlínica Municipal.

Do lado de fora da obra, dá para ver que não passa nenhum operário por lá muito tempo. A obra está abandonada. A laje está danificada com tijolos caindo, paredes quebradas, o espaço virou uma espécie de curral. Segundo os moradores da vizinhança, um lugar para uso de drogas e para encontros.

Uma pena porque os corredores poderiam estar sendo ocupados por pacientes e profissionais da saúde a caminho dos consultórios. “Quando tudo começou esse era um motivo de festa (...) foi aplaudido, foi colocado em teoria porque em prática nada. Mas infelizmente foi tudo em vão. Só subiram as paredes”, lamenta seu Francisco José, agricultor.


				
					Obras Inacabadas: no Sertão, população espera pela conclusão de unidades de saúde e complexos esportivos
Corredor da Policlínica de Marizópolis, que nunca recebeu ninguém. Foto: Reprodução/ TV Cabo Branco..

A construção começou em 2015. Foram gastos 650 mil reais. Um erro na execução do projeto emperrou tudo. O secretário de Saúde de Marizópolis, Rodrigo Melo, afirmou que a prefeitura está tentando recuperar a obra.

"Tem que frisar que é gestões anteriores, mais de 10 anos paradas. Ela começou com vários erros. Primeiro erro, localização. Teve vários erros também de engenharia (...) estamos junto com a Caixa tentando rever o recursos que ainda tem daquela obra, para poder investir nela", explicou.

A merendeira Edilamar Rodrigues lembra da dependência que a cidade tem do município vizinho. "A gente depende muito de Sousa. Tudo que você quer, até uma bezetacil porque aqui não tem estrutura para receber"

  • Obras Inacabadas: no Sertão, população espera pela conclusão de unidades de saúde e complexos esportivos
    | Foto: Secretário de Saúde de Marizópolis, Rodrigo Melo.
  • Obras Inacabadas: no Sertão, população espera pela conclusão de unidades de saúde e complexos esportivos
    | Foto:
  • Obras Inacabadas: no Sertão, população espera pela conclusão de unidades de saúde e complexos esportivos
    | Foto: Edilamar Rodrigues, merendeira de Marizópolis.
  • Obras Inacabadas: no Sertão, população espera pela conclusão de unidades de saúde e complexos esportivos
    | Foto:
  • Obras Inacabadas: no Sertão, população espera pela conclusão de unidades de saúde e complexos esportivos
    | Foto: Francisco José, agricultor de Marizópolis.
  • Obras Inacabadas: no Sertão, população espera pela conclusão de unidades de saúde e complexos esportivos
    | Foto:
  • Obras Inacabadas: no Sertão, população espera pela conclusão de unidades de saúde e complexos esportivos
    | Foto:
  • Obras Inacabadas: no Sertão, população espera pela conclusão de unidades de saúde e complexos esportivos
    | Foto:
  • Obras Inacabadas: no Sertão, população espera pela conclusão de unidades de saúde e complexos esportivos
    | Foto:
  • Obras Inacabadas: no Sertão, população espera pela conclusão de unidades de saúde e complexos esportivos
    | Foto:

				
					Obras Inacabadas: no Sertão, população espera pela conclusão de unidades de saúde e complexos esportivos
Policlínica, na área urbana de Marizópolis, que nunca foi entregue. Foto: Reprodução TV Cabo Branco..

Zona rural de Marizópolis

A 25 minutos dali, encontramos uma comunidade silenciosa. Sem a escola e sem o posto de saúde prometidos há 8 anos. O silêncio da negligência da gestão pública.

Os moradores da Comunidade do Riacho, na zona rural de Marizópolis, empolgaram-se com a promessa. E viram o início da obra. Mas também viram o início da destruição. Já foram investidos aqui mais de R$ 720 mil.

O que se vê aqui é um completo abandono. Sem paciente, sem estudantes. É o dinheiro público, em uma comunidade pobre, sendo jogado no lixo.

"O prejuízo é grande, porque as crianças precisam se deslocar para São João (do Rio do Peixe), pro assentamento (...) Do jeito que tá hoje as coisas as mães ficam todas preocupadas", reclama o agricultor Wanderley da Silva.

Quando disseram que iam construir um posto de saúde na frente da casa de seu Francisco Geraldo foi a maior alegria. Não durou muito. "Era bom para as crianças, para nós, tudo era mais fácil", afirma.

Não fizeram nada aí, só construíram isso aí, mas já tão derrubando, os meninos tão derrubando as paredes dentro, a gente reclama e é pior", lamenta do Maria Alves, agricultora, esposa de seu Geraldo.

A obra também começou em 2015 e o último pagamento à empresa que ganhou a licitação foi feita em 2016. Ficou nisso. O auditor do TCE, Romeo Brandão, em entrevista ao Conversa Política, afirmou que existe o processo de responsabilização de gestores nesse tipo de caso.

"Com aplicação de multa, eventualmente, e também com processo de cobrança por ressarcimento pelos prejuízos causados quando se identifica irregularidade  e que o gestor deu causa a paralisação  por negligência imperícia ou mesmo por algum ato irregular".


				
					Obras Inacabadas: no Sertão, população espera pela conclusão de unidades de saúde e complexos esportivos
Auditor do TCE, Romeo Brandão. Foto: Reprodução TV Cabo Branco..

De acordo com o procurador do MPF, Tiago Misael, se for identificada irregularidade do gestor ou de um auxiliar, eles serão responsabilizados.

"Se foi pago por um serviço que não foi executado, a responsabilização recai sobre quem fiscalizou e atestou que aquele serviço foi realizada, em geral o engenheiro fiscal, e quem pagou e a empresa que recebeu. É um conjunto de responsabilizações", destacou.

Seu Wanderley desabafa: "quanto mais tempo passa vai se acabando, né? Do jeito que tá aí. A esperança... será que nunca vem nada para aqui, né?"

Nota da prefeitura de Marizópolis

Em relação a obra denominada CONSTRUÇÃO DE UMA ESCOLA MUNICIPAL E UM POSTO DE SAÚDE NA COMUNIDADE DO SÍTIO RIACHÃO NO MUNICÍPIO DE MARIZÓPOLIS-PB, tomada de preço, número 00004/2015, se trata de um contrato que está paralisado desde gestões passadas, onde, vale destacar, que a Secretaria de Planejamento da atual gestão, juntamente da sua equipe técnica de Engenheiros e Arquitetos, realizou visitas e levantamentos com o intuito de aferir a situação em que as obras citadas se encontram, bem como está em busca de maiores informações a respeito de suas regularidades junto aos órgãos, como SUDEMA, CREA, e setores municipais competentes, visando a devida destinação para andamento das mesmas.


				
					Obras Inacabadas: no Sertão, população espera pela conclusão de unidades de saúde e complexos esportivos
Escola infantil e Posto de Saúde que começaram a ser construídos na Comunidade Riachão, em Marizópolis. Foto: Reprodução/TV Cabo Branco..
  • Obras Inacabadas: no Sertão, população espera pela conclusão de unidades de saúde e complexos esportivos
    | Foto:
  • Obras Inacabadas: no Sertão, população espera pela conclusão de unidades de saúde e complexos esportivos
    | Foto: Tiago Misael, procurador do MPF.
  • Obras Inacabadas: no Sertão, população espera pela conclusão de unidades de saúde e complexos esportivos
    | Foto:
  • Obras Inacabadas: no Sertão, população espera pela conclusão de unidades de saúde e complexos esportivos
    | Foto:
  • Obras Inacabadas: no Sertão, população espera pela conclusão de unidades de saúde e complexos esportivos
    | Foto:
  • Obras Inacabadas: no Sertão, população espera pela conclusão de unidades de saúde e complexos esportivos
    | Foto:
  • Obras Inacabadas: no Sertão, população espera pela conclusão de unidades de saúde e complexos esportivos
    | Foto: Wanderley Silva, agricultor da Comunidade Riachão, Marizópolis. Foto: TV Cabo Branco/Reprodução.
  • Obras Inacabadas: no Sertão, população espera pela conclusão de unidades de saúde e complexos esportivos
    | Foto:
Imagem

Angélica Nunes Laerte Cerqueira

Leia Também