O casal formado pelo paraibano Thairone Cavalcanti, de 28 anos, e o mato-grossense Eduardo Kunst, de 24 anos, está por trás do canal Dragbox. Eles, que moram em João Pessoa, criaram as drag queens Tatá M. Shady e Olive Oil e começaram a publicar vídeos em 2019. O que era inicialmente um hobby, tornou-se um canal com quase 100 mil inscritos, fora as outras redes sociais do projeto.
No TikTok, o perfil do Dragbox já acumula mais de 366 mil seguidores. Já no Instagram, o número passa de 200 mil.
Thairone Cavalcanti trabalhava como professor de inglês, enquanto Eduardo Kunst veio de Cuiabá para João Pessoa cursar gastronomia. Os dois se conheceram na capital paraibana e começaram a namorar. O paraibano já experimentava a arte drag como um hobby e, por meio dele, o mato-grossense começou a conhecer e se interessar. Foi a partir disso, para praticar, que começaram a fazer vídeos reagindo a episódios do reality RuPaul’s Drag Race, como conta Eduardo Kunst.
“A gente começou o canal em uma grande brincadeira na verdade. Porque a Tatá já fazia maquiagem antes e eu nunca tive esse contato. Daí quando a gente começou a se relacionar, ela começou a me mostrar , eu comecei a me interessar, daí eu também comecei a brincar com maquiagem. E daí a gente precisava de uma motivação para se maquiar. O canal sempre foi bem pequeno, a gente fazia mais por gostar muito mesmo. Sempre foi muito na vibe de um hobby”.
As coisas começaram a mudar quando um trecho do canal Dragbox viralizou no TikTok. No vídeo, que fazia parte de um react de um episódio de RuPaul’s Drag Race, Tátá e Olive discutiam sobre a ordem da metamorfose de uma borboleta. A forma descontraída com que as drags discutiram o assunto chamaram a atenção dos usuários.
Depois do viral, Tatá e Olive resolveram criar um quadro fixo no canal, o “EAD”, onde respondem perguntas de conhecimentos gerais, enviadas pelos seguidores no Instagram.
Atualmente, Thairone e Eduardo se dedicam exclusivamente ao canal, e buscam estar sempre se reinventando. São publicados mensalmente 12 vídeos, com diferentes quadros. Além do EAD, eles continuam comentando o programa RuPaul’s Drag Race, respondem perguntas pessoais e até dão pitacos nos problemas enviados pelos seguidores.
Thairone Cavalcanti garante que os vídeos não possuem um roteiro, porque para eles isso pode fazer com que a espontaneidade se perca.
“A gente se tocou que gravando vídeo é dessa forma, a gente não trabalha com roteiro. Se a gente tiver que ler ali as piadas, não vai pra frente, não fica espontâneo. Então, a gente sempre procura fazer com o que vem na nossa cabeça na hora”.
Processo de criação do canal Dragbox
Apesar do sucesso, Thairone e Eduardo são realistas com relação à viralização na internet e buscam sempre corresponder às expectativas do público, mantendo uma variedade para não se tornar algo cansativo.
“A gente viralizou com conhecimentos gerais. Você não pode pensar ‘ah viralizei com conhecimentos gerais e vou me dedicar à música’. As pessoas que vão chegar, elas estão procurando aquela coisa e você não pode botar a culpa no seu público”.
Pensando nisso, além do EAD, em que eles respondem perguntas dos seguidores, criaram também a ‘Recuperação’, quadro para lerem as correções às respostas erradas.
“A gente nunca deixou de apostar em outros conteúdos. Tanto que esse quadro do EAD com o Dragbox é só uma vez por mês, e a gente lança 12 vídeos por mês. Então assim, a gente teve que se reinventar, procurar conteúdos que tenham afinidade com esse EAD. Trazer um pouco da nossa afinidade, da nossa vida pessoal. Então, a gente sempre foi testando”.
No momento, o Dragbox só cresce, e os usuários das redes sociais estão amando acompanhar Tatá e Olive. Thairone e Eduardo, por sua vez, sabem que precisam manter a essência, mas também conservar a qualidade do conteúdo. “Acho que uma das coisas que mais estraga a cabeça dos criadores de conteúdo é quando eles tiram a responsabilidade do conteúdo e botam no público. 'Vocês não estão vendo, vocês não estão me apoiando'. É como você lançar um produto no mercado. Se as pessoas não comprarem, o problema não é das pessoas”.