O empresário Johannes Dudeck, acusado matar e estuprar a estudante Mariana Thomaz, será julgado neste 16 de novembro no Fórum Criminal de João Pessoa. O crime aconteceu em março de 2022. Johannes foi preso no local do crime e está no presídio até o momento.
Corpo da estudante é encontrado
O corpo de Mariana Thomaz, de 25 anos, foi encontrado em um apartamento na orla do Cabo Branco, em João Pessoa, após a polícia ter recebido uma ligação de Johannes Dudeck afirmando que ela havia convulsionado. O crime aconteceu em 12 de março de 2022.
Ao observarem o corpo dela, já sem vida, os policiais identificaram sinais de esganadura, que foram confirmados após exames, e o namorado foi preso preventivamente como único suspeito do crime. Três dias depois, a polícia começou a investigar se houve estupro.
Johannes Dudeck foi indiciado em 23 de março. O relatório final do inquérito indicou os crimes de feminicídio e estupro, conforme informações obtidas do laudo tanatoscópico do Instituto de Polícia Científica (IPC), exame feito para comprovar a existência de violência sexual. De acordo com o delegado Rodolfo Santa Cruz, o último laudo foi conclusivo em relação a agressão.
O exame tatanoscópico foi solicitado após o laudo cadavérico de Mariana Thomaz ter apresentado indícios de relação sexual agressiva, para comprovar o estupro. A perícia coletou, ainda, fluidos corporais presentes nas partes íntimas de Mariana, além de materiais presentes nas unhas da jovem, que poderia indicar algum tipo de luta corporal.
O Ministério Público da Paraíba (MPPB) denunciou por estupro e feminicídio o empresário Johannes Dudeck. A denúncia foi oferecida nesta segunda-feira (28) pela promotora de Justiça Artemise Leal. Como o processo está em segredo de justiça, o Ministério Público da Paraíba não pode fornecer mais informações sobre o caso.
O acusado está preso desde o dia 12 de março. Inicialmente, ele foi levado para um presídio especial em João Pessoa por alegar que era formado em um curso superior. Em setembro, a Justiça determinou que ele deveria ser transferido para o presídio do Roger após não comprovar a formação.
O suspeito
Johanes Dudeck, de 34 anos, , foi transferido para o Presídio Especial do Valentina, na capital paraibano. Ele chegou na unidade prisional às 8h30 desta segunda-feira (14). A informação foi confirmada pela Secretaria de Administração Penitenciária (Seap). O único suspeito do assassinato de Mariana Thomaz já tem um histórico de processos tanto na esfera criminal quanto na cível, conforme consulta feita pelo g1 nos sistemas públicos do Tribunal de Justiça da Paraíba (TJPB) e do Ministério Público da Paraíba (MPPB).
O primeiro caso público que aparece na consulta do TJPB é relativo aos crimes de ameaça e lesão corporal, contra duas mulheres e um homem, que aconteceram em janeiro de 2020. Mas este não foi o primeiro caso criminal. Nos autos deste processo de 2020, no levantamento de antecedentes criminais, constavam dois casos de violência doméstica, um em 2013 (arquivado em 2017) e um de 2017 (arquivado em 2018). Ambos estão em segredo de justiça.
O crime de janeiro de 2020 aconteceu no bairro de Manaíra, em João Pessoa quando, segundo as vítimas, Johannes invadiu a clínica de uma delas, o homem, agredido o proprietário e uma funcionária do local, além de ter ameaçado a companheira dele. Segundo as vítimas, isso se deu após a mulher ameaçada e o homem agredido terem cobrado dele o cumprimento de uma prestação de serviços de porcelanato na residência do casal.
Neste processo, houve uma audiência de conciliação, em junho de 2021, onde ficou acordado o pagamento de prestação pecuniária de R$ 1,1 mil, em duas parcelas. Ele pagou os valores e o processo foi arquivado definitivamente em novembro do ano passado.
Em setembro de 2020, Johannes foi preso por descumprimento de medida protetiva e indícios graves de violência doméstica contra a mulher com quem ele se relacionava. Após agressões, ameaças e insatisfeito com o fim do relacionamento, ele chegou a enviar uma encomenda para casa da vítima com uma prótese de borracha que replica os moldes de um pênis, junto a um bilhete com o nome da mulher.
O suspeito também praticou ofensas verbais e morais contra a mulher nas redes sociais e insistiu no contato com a vítima, descumprindo determinação judicial de distanciamento, expedida após denúncias da vítima.
Após ser intimado pela Polícia para prestar depoimento, no dia 26 de setembro de 2020, ele foi preso por colocar um explosivo sobre o carro do irmão da vítima, para fazer com que ela desistisse da acusação. O material explodiu e quebrou o vidro do veículo.
A mulher o acusou, então, de descumprir a medida protetiva. Durante a prisão ele ainda tentou fugir dos policiais. O caso foi levado à frente, passou de uma prisão em flagrante para uma prisão preventiva, diante das agressões e ameaças reincidentes.
Há informações processuais deste caso em aberto, a última movimentação foi feita em novembro de 2021, havia prazos determinados para que fossem realizadas diligências para complementar a investigação.
Lei Mariana Thomaz é criada
Sancionada em maio de 2022, a Lei Mariana Thomaz tem o objetivo desenvolver campanhas e ações com o intuito de alertar e incentivar condutas de segurança entre as mulheres para que busquem conhecer o histórico de eventuais agressões ou condutas agressivas de seus companheiros, namorados e demais relacionamentos, ainda que transitórios, para que se protejam de qualquer tipo de violência.
A lei também estabelece que as as instituições estaduais direcionadas à assistência e ao acompanhamento às mulheres deverão promover em seus espaços e materiais próprios a divulgação dos sites e demais locais para esse tipo de consulta.
A proposta, do deputado Junior Araújo (PSB), busca, principalmente, evitar que mais mulheres sejam vítimas de parceiros com histórico criminoso, como aconteceu com a estudante Mariana Thomaz, assassinada pelo namorado, Johannes Dudeck.