Qinho vai ao garimpo de Gonzaguinha

Cantor e compositor carioca relança composição de Gonzaguinha com participação especial de Elba Ramalho.

O Tempo Soa, segundo trabalho de Qinho, começou na internet e para ela se voltou.

O cantor e compositor carioca, que tirou o ‘u’ do apelido quando assumiu a web como registro de sua carreira artística, tinha acabado de baixar ‘Morena’, uma das .mp3 extraídas de O Canto Jovem, LP gravado em 1971 por Luiz Gonzaga (1912-1989).

A faixa era composta por Gonzaguinha (1945-1991). Amigo pessoal de Amora Pêra (do grupo As Chicas, filha do compositor), Qinho foi imediatamente mostrá-la à herdeira do ‘Príncipe do Baião’.

"Nem a Amora, que era filha, conhecia a canção", diz Qinho em entrevista por telefone. "Descobri que quase ninguém conhecia ou se lembrava da letra, então achei que tinha a responsabilidade de fazê-la voltar a tocar".

Para tanto, Qinho precisava de alguém que se identificasse com o cancioneiro de Gonzaguinha, que fosse familiarizada com o repertório ou contemporânea a ele.

O nome de Elba Ramalho veio imediatamente à lembrança: "Elba não só era da mesma geração de Gonzaguinha como também foi parceira dele", afirma Qinho.

A paraibana ingressou como participação especial na quarta música do disco, que está disponível para a compra virtual no site da Oi Música (www.oimusica.com.br/qinho).

A versão de Qinho e Elba para a letra de Gonzaguinha é uma homenagem, por tabela, ao centenário de Gonzagão, comemorado em dezembro deste ano.

"É também uma maneira de alcançar novas praças", lembra o homem de frente da extinta VulgoQuinho & Os Cara, que em 2007 lançou um disco homônimo.

"A banda começou com o Omar Salomão (filho do poeta Wally Salomão, falecido em 2003) e durou até 2009", conta Qinho. Ao lado de Omar e artistas como Jards Macalé, Luiz Melodia e Adriana Calcanhotto, Qinho cantou em homenagem ao autor de ‘Vapor barato’ em temporada no Sesc Pinheiros, em São Paulo.

Alguns dos convidados estiveram presentes também em BléQinho, série de vídeos que foi parar diretamente no Youtube ano passado, com parte de um repertório autoral e clássicos da black music.

Desde então, Qinho foi trilhando os caminhos da música independente com a ajuda do selo Bolacha Records, que lançou seu primeiro solo (Canduras, de 2007) e entrou no projeto de O Tempo Soa em colaboração com a Oi Música.

Em outubro do ano passado, Qinho participou também do festival ‘Faro MPB’, junto com talentos como Criôlo, Marcelo Jeneci e Tiê.

Atento aos arranjos e à voz, Qinho contraria a ideia de que a internet tem levado ‘amadores profissionais’ ao sucesso: "Tive toda uma preocupação de fazer arranjos para a minha voz como faria para as cordas da minha guitarra", compara o cantor.