A Caatinga como cenário audiovisual

Para’iwa Coletivo de Assessoria e Documentação apresenta hoje, às 19h30, na Usina Cultural Energisa, vídeos produzidos por estudantes e professores do Pontão da Caatinga.

O bioma da Caatinga é único no mundo. Ocupando quase 10% do território nacional, abrange uma faixa territorial que vai do Maranhão a Minas Gerais, possui mil espécies de plantas e 876 de animais, representando um dos ecossistemas mais importantes do Brasil.

Com a proposta de ampliar as discussões em torno deste bioma, o Para’iwa Coletivo de Assessoria e Documentação apresenta hoje, às 19h30, na Usina Cultural Energisa, em João Pessoa, os vídeos produzidos por estudantes e professores do Pontão da Caatinga, reunião de pontos de cultura que já realizou 61 filmes, capacitou 150 estudantes, 40 professores e 24 agentes culturais.

A apresentação ocorre simultaneamente à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável Rio+20, que traz ao Brasil, até a próxima sexta-feira, chefes e representantes de Estado para debaterem o futuro do nosso meio ambiente.

Segundo Flávia Emanuela, professora do Pontão da Caatinga em Arcoverde (PE), a iniciativa mostra "que a caatinga tem vida, formas, flores, culturas e valores". Local de maior concentração populacional do Semiárido, além de uma singular paisagem, a Caatinga tem servido de cenário para inúmeras manifestações culturais, sobretudo na área do audiovisual.

"Os pontos de cultura mostram a criatividade do povo, das pessoas que fazem a cultura. Cabe aos pontões identificar os grupos e amarrar esta rede, atuando como articulador, capacitador e difusor de cultura", conta Célio Turino, idealizador do programa Cultura Viva, no vídeo institucional do Pontão da Caatinga.

Os pontos de cultura atuam lado a lado com as escolas, como frisa Márcia Rollemberg, da Secretaria da Cidadania e Diversidade Cultural do MinC: "A parceria com as escolas possibilita o encontro dos jovens com os conteúdos e com os métodos, democratizando e viabilizando o acesso à cultura".

Os vídeos que serão exibidos são frutos de oficinas de formação, com a base teórica do audiovisual, de edição e captação de imagem. Posteriormente, cinco equipes foram formadas para a realização das filmagens.

Alguns deles evidenciam a cultura popular mostrando tradições como a do Reisado e a do Lesô, mantidas desde finais do século 19 para início do século 20. As primeiras mostras começaram a surgir em meio às novenas, o que fez com que o movimento migrasse da igreja para o campo, onde se tornou parte do patrimônio artístico agrário.

Outro vídeo narra o contexto político do Movimento Estudantil de 1969, que teve forte repercussão na cidade de Catolé do Rocha (PB). A sustentabilidade também está em voga em uma produção sobre o cultivo da Carnaúba, planta que, com suas palmeiras, serve de sustento para os sertanejos.