Álbum em quadrinhos e exposição marcam primeiro ano da morte de Ariano

Um ano depois de sua morte, projetos relembram obra e trajetória do escritor e dramaturgo Ariano Suassuna.

“Ele tinha uma memória muito boa”, atesta o escritor paraibano Bruno Gaudêncio sobre o conterrâneo Ariano Suassuna, cuja morte, aos 87 anos, há um ano, é lembrada nesta quinta-feira. Para edificar a pedra do reino da memória do escritor e dramaturgo, uma série de projetos estão sendo planejados para preservar a obra do idealizador do Movimento Armorial e autor de O Auto da Compadecida.

Gaudêncio é responsável por apresentar a trajetória do paraibano aos novos leitores com o lançamento de Ariano Suassuna em Quadrinhos (Patmos, 30 páginas), álbum realizado com o desenhista Megaron Xavier. A obra ganha sessão de autógrafos, na capital paraibana, no dia 8 de agosto. Depois será lançada em Campina Grande, dia 16, e no dia 31 no Recife, na Fenelivro.

O escritor fala que se baseou em biografias e registros de Ariano, sempre optando pelo ar lúdico presente nas famosas aulas-espetáculos e na prosa do autor de O Romance d’A Pedra do Reino.
“Mostramos as dimensões do gestor público, do professor, do torcedor do Sport e do artista”, explica Bruno Gaudêncio. “Megaron se apropriou muito do universo do armorial”.

Outra ode ao paraibano é a exposição Em Nome do Pai, criada pelo filho do homenageado e artista visual, Manuel Dantas Suassuna. Recentemente, a mostra foi lançada em Taperoá, no Sertão paraibano, e em breve poderá ser apreciada na Estação das Artes, na capital, ainda sem data confirmada, segundo Dantas.

“A ausência de papai é muito grande. Ao mesmo tempo ele deixou um legado muito grande. Eu estou preservando a sua memória. É como se eu estivesse com ele prestando contas”. Manuel Dantas Suassuna ainda revela que o Museu Armorial dos Sertões, que terá o seu alicerce edificado na Fazenda Acauã, apenas espera a emissão da verba pública para estrear seu primeiro módulo, dedicado à poesia de Ariano.  O local, que fica no município sertanejo de Aparecida, perto de Sousa, pertenceu a João Suassuna (1886-1930), o pai de Ariano.

Dentre os lançamentos mais aguardados se encontra o livro inédito considerado “a síntese de toda a obra”, intitulado O Jumento Sedutor, que ainda se encontra ‘empacado’. “Está no mesmo pé que o ano passado. Não andou ainda”, comenta o escritor Carlos Newton Jr., que transcreveu, junto com Alexandre Nóbrega, genro de Ariano, as cópias feitas à mão. Sobre o hiato que o paraibano deixa, Newton afirma que a obra fala por si só e prevê que ela ainda vai dialogar com muitas outras gerações.