“Toda mulher tem obrigação de ser feminista”, diz Duda Beat

Cantora pernambucana afirmou estar muito grata por se apresentar em João Pessoa pela primeira vez.

"Toda mulher tem obrigação de ser feminista", diz Duda Beat

A cantora pernambucana Duda Beat se apresenta, neste sábado (7), pela primeira vez em João pessoa. O show é em homenagem ao Dia Internacional da Mulher que, segundo a cantora, é uma data importante que representa a luta de todas as mulheres. “Desde que eu lancei meu primeiro disco tinha essa pretensão de vir e não consegui. E vir nesse dia de luta para as mulheres é uma alegria”, contou.

Ela prometeu os sucessos de seu primeiro álbum “Sinto Muito”, lançado em 2018. E cantar também suas composições em parceria, como “Chega” e “Sobrou Silêncio”.

Duda afirmou que, infelizmente, a sociedade ainda é machista e as mulheres ainda precisam brigar para receber o mesmo salário que os homens ocupando o mesmo cargo. “Estar aqui como porta voz desse movimento e desse dia para mim é uma alegria sem tamanho”, disse ao JORNAL DA PARAÍBA.

Duda Beat contou que passou por uma experiência de machismo na música, onde um produtor disse que ela gravou seu primeiro disco com o dinheiro do pai. “Isso é mentira”, disse revelando que teve que pintar paredes para juntar dinheiro para a sua primeira produção. “Eu costumo dizer nos meus shows que toda mulher tem obrigação de ser feminista porque são nossos direitos”. A cantora lembrou que, recentemente, duas mulheres decodificaram o genoma do coronavírus e que elas merecem respeito por isso. “É até cafona ser machista hoje em dia”, brincou.

Essa coragem e força refletem nas suas composições e parcerias musicais. Em 2019, Duda gravou uma música com Gaby Amarantos intitulada “Xanalá”. A faixa trata do tabu sexual feminino. Segundo a cantora pernambucana, essa é uma música que fala sobre ser mulher, sobre a “xana” que todas as mulheres têm. Ela revelou ainda que a Gaby Amarantos tem perdido convites por conta dessa música pelo tema ainda ser um tabu muito grande na sociedade.

"Toda mulher tem obrigação de ser feminista", diz Duda Beat

Rainha da sofrência pop

A cantora pernambucana ganhou o título de rainha da sofrência pop por suas composições carregarem experiências de desilusões amorosas. Ela conta que sofreu por 10 anos por pessoas que ela era apaixonada, mas que não queriam firmar um relacionamento com ela. “Eu já expunha para os meus amigos e ninguém aguentava mais me ouvir falando. Então meu disco é um desabafo”, brincou.

Por vezes triste, por vezes dançante, as músicas de Duda Beat transbordam todas as experiências que passou de um modo mais leve e de uma forma que muitos se identificam. “Acho que é por isso a história do pop, porque eu danço sofrendo”, disse lembrando de seu hábito de fazer graça quando tinha seu coração partido. Ela conta que até hoje recebe mensagens de como as suas músicas ajudaram quem estava precisando superar um amor. “É muito difícil ter autocontrole quando a gente se apaixona. Se apaixonar é como pular de um penhasco. A gente só vai”, revelou dizendo que sempre buscava ser verdadeira em suas relações, mas não tinha reciprocidade nesse aspecto.

Mas sua composição não se limita ao sofrimento. Duda Beat também fala sobre empoderamento. Ela começa a música “Bolo de Rolo” com a frase “Eu não vou buscar a felicidade em mais ninguém”, mostrando que não precisava de outra pessoa para ser feliz. “O que me curou, além do disco, foi fazer planos”.

Sotaque

Além de lutar contra a barreira do machismo, Duda Beat traz no sotaque a marca de que veio do Nordeste. Isso foi motivo de comentários maldosos durante o início da sua carreira. “Eu me lembro de um episódio que um grande produtor disse ‘a música dela é ótima, mas o sotaque dela não é legal’. Isso foi muito duro para mim”, lembrou. A partir daí a cantora decidiu que não iria mudar seu jeito de falar para agradar produtores. “Se eu mudasse a minha forma de cantar, eu não seria tão verdadeira na minha arte”, explicou.

No final de 2019, Duda Beat ganhou o prêmio Revelação no Prêmio Multishow de Música Brasileira, o que representou muito para ela. “Eu cheguei lá e dei o meu recado”, afirmou. Ainda assim, existem rádios que se recusam a tocar suas músicas. “Isso é um problema que eu tenho tentado combater a todo custo”. Nessas rádios, Duda está presente com a música “Sobrou Silêncio” que canta em parceria com Rashid, rapper paulista.

Próximo álbum

Para o segundo disco, Duda Beat promete um mix de ritmos e três participações especiais que ela ainda não revelou quais são. A nova produção vai continuar a história de “Sinto Muito”. O disco vai falar sobre suas desilusões amorosas, mas vai trazer o momento em que ela encontrou o amor da vida. ” Vou sofrer no segundo disco, afinal foram 10 anos de sofrimento. Ainda tenho muita coisa para falar”, brincou.

A rainha da sofrência pop pretende trazer para suas composições o maracatu. “Uma das minhas maiores referências é o Chico Science”, disse. Não à toa, Duda carrega “Beat” em seu nome artístico. Além de fazer referência ao seu sobrenome Bittencourt, faz referência ao movimento Mangue Beat que surgiu nos anos 1990.

Ela pretende também trazer o pagode baiano e mais o brega funk no próximo álbum. “Eu acho que isso não é se apropriar de nada, porque somos brasileiros e temos que nos apropriar da nossa cultura no geral”, explicando que seu objetivo é valorizar tudo que é do Brasil. O segundo álbum da carreira de Duda Beat deve ser lançado no segundo semestre de 2020.