Safra do Sertão tem perda de 80%

Mesmo que as chuvas aumentem, colheitas de milho e feijão, já estão comprometidas.

As chuvas irregulares com vários períodos de estiagem no Sertão paraibano no início deste ano já comprometem a colheita na Região. Conforme entidades representativas de agricultores, em algumas microrregiões, as perdas chegam a praticamente 100%.

As entidades revelam que mesmo que aumente o volume de chuvas este mês, não há mais como salvar a safra de culturas de maior peso como milho e feijão.

De acordo com o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado da Paraíba, Liberalino Lucena, até agora, uma das regiões mais afetadas pela estiagem foi a do município de Patos e do entorno das Espinharas. “No Sertão, já não temos mais como falar de safra. Mesmo que chova agora, esta já era a época de colher. Em algumas regiões, como em Patos, por exemplo, as perdas já chegam a 100% e não tem mais como recuperar”, lamentou.

Em linhas gerais, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária da Paraíba (Faepa), Mário Borba, comentou que a perda estimada é de 80% considerando toda a área do Sertão do estado. “A produção deste ano está comprometida e no Sertão não há mais como produzir”, comentou.

Para Lucena, como o período chuvoso no sertão já está encerrado, a esperança de uma colheita melhor fica agora no Brejo e Litoral do Estado. “A esperança agora é que a chuva comece nestas áreas, já que o período de chuvas no Sertão já acabou. Agora precisamos esperar para ver se ainda neste mês começa a chover. Mesmo assim, pelo que estamos observando, pode ser que a situação também fique complicada nestas regiões”, comentou.

De acordo com a meteorologista do Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba (Aesa), Marli Bandeira, neste mês as chuvas irregulares devem permanecer. “As condições oceânicas estão causando as chuvas irregulares. A temperatura oceânica está abaixo da média e isto tem interferido nas chuvas, principalmente no Sertão e Cariri do Estado”, explicou.

Já para o Agreste, Brejo e Litoral, segundo a meteorologista, a previsão é de chuvas dentro da normalidade. “Até agora, a previsão é de chuvas dentro da normalidade. Um novo prognóstico deverá ser elaborado na segunda quinzena deste mês”, afirmou.

ÁREAS IRRIGADAS
De acordo com o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária da Paraíba (Faepa), Mário Borba, a irrigação de algumas áreas poderia ser uma das alternativas para a produção agrícola no interior do Estado. Mas, segundo Borba, apesar de possuir cerca de 13 mil hectares onde é possível realizar a irrigação, atualmente o estado possui apenas dois mil hectares de área irrigada.

“Na verdade a irrigação não é a solução, mas é uma alternativa para aquelas áreas onde é possível desenvolver este tipo de projeto. O que tem que ser pensado é um incentivo maior à pecuária. Em regiões semiáridas, por causa das condições climáticas, é mais viável investir na pecuária que na agricultura, mas até agora na paraíba não tem sido assim”, comentou. Uma nova previsão da safra deverá ser divulgada no final deste mês pelo IBGE. No início deste ano, a previsão era de crescimento na colheita, mas com as chuvas irregulares esta estimativa deve ser alterada. “Os técnicos do IBGE já estão em campo fazendo o levantamento em todas as regiões do Estado. Até o final deste mês, deverá ser apresentado um novo prognóstico”, revela Fernanda Teixeira, analista agrícola do IBGE.