Seca eleva abate bovino em 31%

Muitos produtores rurais se viram obrigados a antecipar o abate para não perderem o gado; alta na Paraíba foi a maior do Nordeste.

O medo de perder o rebanho – sem lucro – para a seca, levou produtores paraibanos a se desfazerem dos seus animais, elevando em 31,1% o abate bovino no Estado. Segundo dados da Pesquisa Trimestral de Abate de Animais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Paraíba contabilizou a maior alta do Nordeste, no trimestre de junho a setembro deste ano com 23,276 mil cabeças abatidas. Em 2011, no mesmo período, foram 17.751 bovinos.

“A situação é tão complicada para o produtor que tornou-se mais vantajoso abrir mão do rebanho e vendê-lo para o abatedouro do que tentar continuar com os animais, porque eles acabam morrendo. Com o dinheiro no bolso, eles aguardam para recomeçar a produção pecuária mais tarde”, comentou o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária da Paraíba (Faepa), Mário Borba.

No acumulado do ano, de janeiro a setembro, a Paraíba contabilizou 66.689 cabeças abatidas, sendo 20.748 (janeiro-março) e 22.665 (abril-junho). O número é 22,9% maior do que aquele calculado nos nove meses de 2011 (54.257).

Apesar do alto índice paraibano na última análise, Mário Borba acredita que não há risco de desabastecimento. “Outros estados podem repor o nosso estoque e não haverá falta de carne no mercado. Quem vai sofrer é o produtor que, se tiver ajuda governamental, levará uns cinco anos para recuperar as perdas desse rebanho”.

Na comparação do terceiro trimestre de 2012 sobre o ano passado, o Nordeste foi a única que apresentou decréscimo no abate de bovinos, influenciado pela redução de 26,8% de Pernambuco e, de 12%, no Ceará. Já Paraíba (31,1%), o Rio Grande do Norte (13,9%) e Sergipe (11,8%), Piauí (9,6%) e a Bahia (6,8%) obtiveram altas. No país, o abate bovino registrou recorde com 8,027 milhões de cabeças, alta de 10,2% sobre 2011.