Enem: leia as redações nota mil de estudantes da Paraíba em 2020

Jornal da Paraíba mostra dois textos de paraibanos que receberam nota mil na redação do Enem 2020.

Edital do Enem 2023 é divulgado. Foto: André Melo Andrade/Myphoto Press/Estadão Conteúdo

No Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020, 28 estudantes do todo o país obtiveram nota máxima na prova de redação, segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Nesta sexta-feira (28), o Ministério da Educação (MEC) divulgou o espelho das redações.

O tema da prova de Redação do Enem 2020 foi “O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira”. Abaixo, o Jornal da Paraíba mostra dois textos de paraibanos que receberam nota mil na redação do Enem 2020.

Aline Soares, 18 anos, João Pessoa (PB)

Enem: leia as redações nota mil de estudantes da Paraíba em 2020
Foto: Aline Soares/Acervo pessoal

Aline Soares é de Fortaleza (CE) e mora na capital paraibana João Pessoa. Ela precisou driblar a falta de concentração durante as aulas remotas, em virtude da pandemia  da Covid-19, em 2020, mas manter a rotina de estudos. O resultado pôde ser observado após a divulgação das notas. Ela obteve nota mil na prova de redação, e pretende realizar o sonho de infância de cursar Medicina.

Dica: “Uma técnica que eu usei foi fazer o esqueleto da redação antes de escrever o rascunho. Peguei a introdução, os dois desenvolvimentos e a conclusão, coloquei de lado e dividi em tópicos. Isso me ajudou muito para fazer a redação final”.

Veja a redação:

Enem: leia as redações nota mil de estudantes da Paraíba em 2020

Francisco Mateus, 18 anos, Cajazeiras (PB)

Enem: leia as redações nota mil de estudantes da Paraíba em 2020
Foto: Beto Silva/TV Paraíba

Mateus mora no Sertão da Paraíba, em Cajazeiras, e só conheceu a estrutura da redação do Enem quando iniciou o Ensino Médio. Apesar de estudar para obter excelência na prova, ele não esperava obter nota máxima na edição de 2020. Pra conseguir isso, o estudante de Odontologia, que fez o Enem novamente para transferir o curso da capital João Pessoa para o interior no estado, precisou criar uma estrutura textual a partir de muita leitura.

Dica: “Eu criei o meu modelo de redação, baseado em um leque de argumentos. Esse ano, inclusive, eu esperava que o tema fosse voltado para educação, mas acabei criei um formato de redação enquanto estava me preparando para a prova, para que eu conseguisse encaixar qualquer tema. Qualquer estudante para se dar bem, tem que ler sobre vários assuntos”.

Veja a redação:

Enem: leia as redações nota mil de estudantes da Paraíba em 2020

A Constituição Federal brasileira, promulgada em 1988, no artigo 196, prevê a todos os cidadãos o direto à saúde, e é dever do Estado promovê-la. Entretanto, a não aplicabilidade dos direitos e a desigualdade em conjunto com ausência de informação na esfera da saúde mental, permite entender a falha na Constituição como um desafio a ser enfrentado de maneira mais organizada na sociedade. Nesse sentido, convém analisar as principais causas, consequências e possíveis medidas para esse efeito.
Inicialmente, pode-se destacar a não aplicabilidade das garantias asseguradas pela Carta Constitucional como a ocasionadora do impasse. Nesse viés, ratifica-se a tese desenvolvida pelo jornalista Gilberto Dimensteim em seu livro “O Cidadão de Papel”, no qual implica que os direitos dos brasileiros estão denotados apenas no papel, isso é, embora o País apresente um conjunto de garantias bastante consistentes, eles atêm-se, de forma geral ao plano teórico. Nesse raciocínio, a obra faz-se concernente à realidade do Brasil, na qual inúmeras pessoas possuem problemas psíquicos e são estigmatizados como “loucos” ou “frescuras”, acarretando muitas vezes em enfermidades graves, como a depressão. É, portanto, inaceitável que o Estado e a sociedade não sejam capazes de solucionarem a problemática, para que, consequentemente todos tenham seus direitos assegurados.
Além disso, destacam-se a desigualdade como a consequência cardial da ineficácia das garantias estabelecidas. Acerca disso, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) afirma que mais de 13 milhões de brasileiros vivem em extrema pobreza sem acesso à saúde. É factual que esses indivíduos detêm uma probabilidade maior de não possuírem meios para informação e acompanhamento adequado à saúde mental, e quiçá encontrando-se à margem da sociedade. Em síntese, torna-se claro, os efeitos maléficos da desigualdade em uma país.
Desse modo, os alarmantes argumentos supracitados mostram a importância de medidas para esse fenômeno. Destarte, o Estado em conjunto com com o Ministérios da Saúde devem criar projetos de inclusão da saúde mental por meios de ampliações das unidades básicas de saúde e um quadro de profissionais qualificados e bem valorizados em áreas pobres e distantes, além disso, promover beneficências para custear os gastos de pessoas que estão em um tratamento psíquico, com o intuito de mudar a realidade de mais de 13 milhões de pessoas. Outrossim, para que isso seja exequível, compete a Receita Federal redirecionar verbas para mudar o quadro preocupante da peça fundamental de uma nação, saúde, a fim de que o artigo 196 não seja axioma a realidade, e sim intrínseco, fazendo-se antagônica à tese do jornalista Gilberto Dimensteim.