‘Segurança era bem fraca’, diz um dos acusados de vazamento do Enem

Jovem falou pela primeira vez sobre dia em que saiu de gráfica com prova. Próxima audiência do caso na Justiça está marcada para 2 de setembro.

Do G1

Onze meses após o vazamento do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que causou o cancelamento da prova às vésperas da realização, prejudicou cerca de quatro milhões de inscritos e tumultuou todo o calendário de vestibulares do final de 2009 e início de 2010, um dos cinco acusados de participar do crime concedeu uma entrevista exclusiva ao G1.

Marcelo Sena Freitas, hoje com 21 anos, é um dos acusados de retirar uma cópia da prova do Enem de dentro da gráfica Plural, na Grande São Paulo, em setembro de 2009. O jovem contou que a segurança no local era fraca. “A segurança era bem fraca. Em relação a tudo. Entrava e saía. Ninguém revistava. Nada.” Segundo Freitas, havia seguranças, "mas não revistavam as pessoas. Nada. A única segurança que tinha mesmo eram as câmeras".

Freitas, que só aceitou ser entrevistado na presença do advogado, Marco Aurélio Toscano da Silva, e pediu para não ser fotografado, se declara inocente das acusações, apesar de admitir que saiu da gráfica com uma prova.

Para começar a trabalhar, no início de setembro de 2009, duas semanas antes do furto, Freitas disse que passou por uma entrevista rápida em um dia e começou no outro. Recebia R$ 60 por dia de trabalho. Sua função era separar provas pelas cidades e colocar o material em caixas.

Freitas trabalhava para o consórcio Connasel, formado pelas empresas Consultec, Funrio e Instituto Cetro, que foi contratado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) para imprimir, distribuir e aplicar o Enem.

Em seu site, a gráfica Plural afirmou em nota divulgada em 11 de agosto que cabia ao consórcio Connasel a segurança da impressão das provas. Disse ainda que os acusados do vazamento eram contratados da empresa Cetro. O G1 não conseguiu contato com representantes da Cetro e da Plural na tarde desta terça-feira (24).

O Enem foi cancelado na madrugada do dia 1º de outubro de 2009 pelo Ministério da Educação, após a divulgação de que a prova havia sido furtada de uma gráfica em São Paulo e oferecida a uma repórter do jornal "O Estado de S. Paulo." O exame seria aplicado nos dias 3 e 4 de outubro.

O caso do vazamento voltou à tona na última semana, após a primeira audiência na Justiça Federal Criminal, na quarta-feira (18), que julga os cinco réus acusados de violação de sigilo funcional e corrupção passiva. A próxima audiência está prevista para ocorrer em 2 de setembro.

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