Natal nas religiões: entenda como são as comemorações do nascimento de Jesus

O Jornal da Paraíba conversou com adeptos de várias religiões para entender como são as celebrações.

Auto de Natal do Pio X
Auto de Natal do Pio X
Entenda como cada religião celebra o Natal. Foto: Divulgação/Pio X

Nesta terça-feira (24), famílias adeptas a várias culturas e religiões iniciam as tradicionais celebrações do feriado de Natal, comemorado em vários países nesta quarta-feira (25). Na própria palavra “natal”, que significa nascimento, está a essência das festas, que comemoram a chegada de Jesus Cristo ao mundo. No entanto, apesar da data possuir relação direta com este episódio da vida de Cristo, algumas religiões de matrizes não-cristãs também participam das tradicionais celebrações de Natal como forma de renovar a fé no que creem.

Para entender melhor como funcionam essas comemorações, o Jornal da Paraíba conversou com líderes e fiéis adeptos a religiões de diversas vertentes, e o resultado pode ser lido ao longo desta reportagem.

Espiritismo

Na religião espírita, o Natal é comemorado de forma “singela e discreta”, como explicou a coordenadora da Sociedade Espírita Joanna Angelis (SEJA), Denise Lino. De acordo com ela, os espíritas enxergam o Natal como um momento muito importante e, por isso, existe na religião um teor de reverência a Jesus e sua obra durante o feriado.

“É prática comum dos espíritas fazerem um Evangelho no Lar (cultos nas casas das famílias), e no ponto de vista da festa, é uma comemoração modesta, sem bebida alcoólica e as famílias levam à diante a ideia de ceia que não tenha carne, em respeito aos animais. Jesus é a figura central e a nossa mensagem é de paz e congraçamento”, explicou Denise Lino.

Em sua reflexão natalina, a Federação Espírita Brasileira (FEB) também deixou uma reflexão sobre a existência de Jesus e o significado de seu nascimento, que traz aos fiéis a mensagem de simplicidade.

“É a oportunidade para fazermos sincera reflexão a respeito da mensagem que Jesus nos transmitiu há mais de dois mil anos. E, neste processo, uma indagação surge, naturalmente: por que temos tanta dificuldade em vivenciar os ensinamentos do Mestre? Ainda que estejamos anos-luz da angelitude, constatamos que já conquistamos suficientes recursos intelectuais e morais para assimilar o Evangelho, vivenciando as suas lições. Além do mais, a Doutrina Espírita nos oferece um apoio inestimável”, completou.

Catolicismo

Para os católicos, o Natal tem um significado essencial, já que o nascimento de Jesus Cristo é o episódio central e norteador das demais tradições presentes nos ritos da religião. O Padre Jorge Rodrigues, pároco da Paróquia Santa Ana, localizada no município de Alagoa Nova, na Paraíba, explicou que além de Jesus, os católicos lembram de Maria durante todas as tradições realizadas no período natalino.

“Na sua essência, há 2000 anos Jesus viveu entre nós, e o Natal é a encarnação de Jesus na forma humana. Ele, sendo Deus, assume a condição humana para nos resgatar, e isso é a maior prova do amor de Deus. Para nós, não dá para separar o Natal de Maria, então temos uma veneração à Maria, mãe de Jesus Cristo. Maria é escolhida para conceber Jesus, e acolhe a mensagem de Deus, assim como nós que acreditamos nele”, afirmou.

Padre Jorge Rodrigues também deixou uma mensagem de Natal aos leitores do Jornal da Paraíba: “Natal é um encontro. Deus nos encontra. Ele, que é criador de todas as coisas, nos encontra, e nós temos a oportunidade de encontrá-lo como um menino fragilizado. Então, cada um de nós podemos encontrar Jesus em templos de igrejas ou em confraternizações em família, mas principalmente com as pessoas mais necessitadas, para lembrá-las que Deus visita cada um de nós nesta data tão especial”.

Candomblé

No candomblé, religião de matriz africana trazida ao Brasil pelos escravos, o Natal não é comemorado em ritos ou cultos propriamente planejados para tal ocasião. No entanto, apesar de não ser uma religião de matriz cristã, os candomblecistas não negam a figura de Jesus Cristo, já que enxergam nele um modelo de ética, fé e bondade, e por isso os fieis participam de tradições familiares, como explica Alan David, adepto à religião.

“Não temos nenhum ritual religioso nas datas que antecedem o dia 25 e nem no dia 25 propriamente dito, não há culto. Normalmente as Casas de Canbomblé e outras religiões de matriz africanas entram em recesso nesse período do ano, encerramos o nosso calendário religioso um domingo antes da cerimônia de Natal e voltamos a abrir as cerimônias religiosas em janeiro. Não temos essa tradição, não temos o rito religioso, mas acabamos sendo muito influenciados pelo cristianismo como um todo. Não é porque o Candomblé não cultua a Jesus que seus adeptos deixam de fazer a cerimônia em casa”, explicou David.

Protestantismo

Os cristãos protestantes, também chamados e conhecidos como evangélicos, comemoram o nascimento de Jesus Cristo através da realização de cultos de celebração, cantatas, musicais e outras programações. O pastor Mota, da Igreja Congregacional da Liberdade, em Campina Grande, conversou com o Jornal da Paraíba e explicou que, apesar de não se saber a data exata em que Jesus nasceu, os cristãos protestantes celebram a data que marca a chegada do esperado Cristo ao mundo.

“O que nós evangélicos entendemos por Natal é que foi o nascimento de Cristo. Não podemos afirmar que foi nessa data de certeza, mas a tradição de muitos anos conta que foi no dia 25 de dezembro, e por isso celebramos o nascimento de Cristo com cultos, cantatas e programações diversas, a depender da igreja e denominação”, comentou Pastor Mota.

O pastor José Mota ainda enfatizou que, em sua essência, a reflexão natalina que a igreja evangélica promove tem procurado não se prender às tradições comerciais, como trocas de presentes, já que, para ele, estas fogem da mensagem observada no episódio do nascimento de Jesus Cristo.

“A mensagem que os evangélicos deixam para a sociedade é um desejo. Desejamos que o Natal, assim como o nascimento de Jesus, proporcione reflexões sobre humildade e simplicidade, e não apenas consumismo e outros conceitos que são pregados pelos costumes atuais. Temos a certeza que Cristo veio, nasceu como salvador com o intuito de nos salvar”, concluiu.

*Sob supervisão de Jhonathan Oliveira