Abertura do Largo de Tambaú para passagem de veículos é retrocesso e não mobilidade

Por LAERTE CERQUEIRA e ANGÉLICA NUNES 

Abertura do Largo de Tambaú para passagem de veículos é retrocesso e não mobilidade
Foto: Secom/JP

A prefeitura de João Pessoa e suas cabeças pensantes fariam um benefício gigante à população e aos turistas se melhorassem o paisagismo do Largo de Tambaú, o acabamento nos acessos, sinalizassem, focassem manutenção do piso e na beleza do espaço.

Irão no sentido contrário, se abrirem para a passagem de veículos, como já foi anunciado. O assunto já foi tratado no Conversa Política, mas voltou depois das dezenas de mensagens contrárias à iniciativa da gestão. Nove, em cada dez são contrários à ideia.

As autoridades argumentam que será em horário específico, de 8h às 16h, durante a semana, no chamado de período ocioso; não vai quebrar o piso e a velocidade será de no máximo 30 km/h para os veículos. Caminhões e ônibus não vão passar. Um sistema automático vai fechar e abrir o espaço.

O projeto original era assim, mas a população mostrou que queria, precisava e estava em buscar de uma área exclusiva como aquela. Onde pudesse ficar tranquila, em um espaço nobre da cidade. A gestão passada recuou.

Como ficou muita coisa pra fazer (detalhes de acabamento que fazem toda diferença), a nova administração poderia melhorar. Basta ouvir quem precisa do local pra fazer um atividade física, para conversar, para soltar as crianças sem perigo, para relaxar, para viver o ócio à beira mar, para ver apenas o movimento passar.

No entanto, resolveu que abrirá a via alegando que vai melhorar a mobilidade. Um retrocesso. Mobilidade de quem?  Para onde? Qual o impacto real da iniciativa no trânsito? São pouco mais de 100 passos até a orla. Outros 200 passos pro lado direito e mais 200 para o lado esquerdo. Qual a necessidade de passar veículos ali? Tem mais: com uma única faixa, a 30 km/h vai ter fila de carro e mais congestionamento.

Sobre a ociosidade em parte do horário, se resolveria com sombra, árvore, natureza ou uma intervenção de um bom urbanista para que as pessoas pudessem ficar no local, independentemente do horário.

Em outras cidades do Brasil e do mundo, calçadões, como esse, abrem para passagem de carros, com uma diferença: a distância justifica, o objetivo também. Nesse caso, nada justifica.

A passagem constante de carros e motos vai danificar o piso, mesmo sendo apropriado para passagem de veículo. O tempo vai mostrar. Vai confundir a população, pedestres e motoristas. Vai, de alguma forma, tornar o lugar inseguro.

Ninguém apresentou uma boa justificativa. Nos bastidores, dizem que o que há é uma pressão de poderosos que moram ou tem comércio na região e não gostam do bloqueio.

Se as ruas largas do entorno forem sinalizadas, pavimentadas, se as calçadas forem requalificadas para dar acessibilidade e abrir espaço para estacionamento, teríamos muito mais benefícios para quem é mais carente de espaço: as pessoas.

Se o retrocesso se concretizar, é mais um vez um interesse de poucos, em carros com o ar condicionado ligado, sobrepondo-se ao desejo de muitos que querem um espaço para convivência em qualquer horário, com estrutura dada pelo poder público. A cidade precisa de mais lugares “completos” como o Largo de Tambaú e não pela metade.

Vídeo do projeto original: