Voto de repúdio à UEPB por curso sobre impeachment gera polêmica na CMCG

Requerimento é rejeitado por 7 a 6 após grande discussão na Câmara Municipal.

Voto de repúdio à UEPB por curso sobre impeachment gera polêmica na CMCG
Na Câmara, voto de Repúdio à UEPB foi apresentado pelo vereador Alexandre do Sindicato

A discussão do voto de repúdio à Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) pela criação do curso “O Golpe de 2016 e o Futuro da Democracia no Brasil” gerou polêmica na Câmara Municipal de Campina Grande, durante sessão ordinária na quarta-feira (14). Depois de muita discussão, o requerimento apresentado pelo vereador Alexandre do Sindicato (PHS) foi rejeitado por 7 votos a 6.

O Departamento de Filosofia da Universidade Estadual da Paraíba, através do Grupo de pesquisa sobre Ensino de Filosofia e Filosofia Marxista, vai realizar o curso de extensão para os alunos que queiram debater o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

Para Alexandre, é lamentável que alguns universidades públicas estejam fugindo das suas prerrogativas educacionais e adotem um posicionamento partidário em relação aos acontecimentos do Brasil. “Nesse último caso, citamos a Universidade Estadual da Paraíba que anunciou a realização de um curso de extensão intitulado-o como ‘O Golpe de 2016 e o Futuro da Democracia no Brasil’, fazendo alusão ao processo de impeachment ocorrido com a presidente Dilma”, explicou no requerimento Alexandre.

Ele afirmou que não houve tanques nas ruas nem fechamento do Congresso Nacional e dos órgãos de Imprensa. “As instituição funcionaram normalmente. O que houve foi o afastamento de uma presidente por corrupção dentro das regras democráticas e o que preceitua a Constituição Federal, Logo, não houve golpe”, justificou o vereador.

Vereadores defendem universidade

Para o vereador Galego do Leite (Podemos), que votou contra o requerimento, o golpe ainda está em curso. “É uma discussão sem lógica quando fala-se que não houve golpe. O golpe está em curso ainda. O presidente (Temer) que está ai todo mundo sabe como ele se mantém no poder. É lamentável. Se a UEPB quer fazer essa discussão dentro da universidade, é claro que nós não podemos interferir neste sentido. Até porque a instituição tem autonomia didático-científica”, ressaltou o parlamentar.

Universidade quer debater tema

O curso, aprovado em reunião departamental, será coordenado pelo professor Valmir Pereira. Ele explica que “o curso pretende trazer para o espaço acadêmico o debate sobre os acontecimentos de 2016 que culminaram no impeachment da presidenta Dilma Rousseff por meio de um golpe, bem como os antecedentes ao fato em tela. A ideia é proporcionar acesso a produção teórica de diversos autores, para além do que a grande mídia tem veiculado como apenas um processo legal e necessário”.

Para ele, é preciso entender os elementos de fragilidade do sistema político brasileiro que permitiram a ruptura democrática, de maio e agosto de 2016, com a deposição da presidenta Dilma Rousseff, bem como analisar o governo presidido por Michel Temer, justificou o coordenador. A proposta, conforme Valmir, “é investigar o que a agenda de retrocesso nos direitos e restrição às liberdades diz sobre a relação entre as desigualdades sociais e o sistema político no Brasil e estudar os desdobramentos da crise em curso e as possibilidades de reforço da resistência popular e de restabelecimento do Estado de direito e da democracia política no Brasil”.

O curso vai oferecer 40 vagas para estudantes e professores da UEPB que pretendem aprofundar a temática. Das 75 horas/aula previstas, 65 horas serão reservadas para a parte teórica (presencial), enquanto 10 horas serão destinadas à parte prática, que consiste na produção textual.

As inscrições podem ser feitas na Coordenação do Curso de Filosofia, no Centro de Educação (CEDUC), Câmpus de Campina Grande. As aulas começam no dia 19 de março e se estendem até 20 de junho, sendo ministradas na Central de Integração Acadêmica, as segundas e quartas-feiras, das 14h às 16h30.

Curso nasceu na UNB

O curso nasceu do debate entre os professores listados acima com o proponente e os colaboradores, a partir de março de 2017. A motivação maior para a envergadura dessa atividade decorre de uma disciplina ofertada pela UnB (Universidade de Brasília), proposta pelo professor Luis Felipe Miguel, com o mesmo título. Segundo os idealizadores, a UEPB está, neste momento, trazendo sua contribuição com o debate e ao mesmo tempo se solidarizando com a UnB e o professor Luis Felipe Miguel. Por outro lado, toma para si a tarefa de trazer o melhor debate, com os melhores textos sobre os temas ligados a democracia e as repercussões do golpe de 2016.