Fernando Henrique Cardoso faz 90 anos. Eleição de 2022 passa por suas ideias e pela sua voz

Fernando Henrique Cardoso faz 90 anos. Eleição de 2022 passa por suas ideias e pela sua voz

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso faz 90 anos nesta sexta-feira (18).

Lembro dele a partir da campanha eleitoral de 1978, disputando uma cadeira no Senado por uma sublegenda do MDB.

Já vivera a experiência amarga do exílio e era um intelectual de centro-esquerda na política.

Perdeu para Franco Montoro, mas assumiu quando este conquistou o governo de São Paulo, em 1982.

Para mim, é inesquecível a imagem dele, em abril de 1984, desembarcando em Brasília para votar pelas diretas para presidente e dizendo aos homens comandados pelo general Newton Cruz, que sitiavam a cidade: “Me respeitem, eu sou um senador da República”.

Como Ulysses Guimarães, Franco Montoro, Mário Covas e Tancredo Neves, foi um dos artífices do grupo do PMDB na luta pela redemocratização e pela volta dos civis à presidência.

Primeiro, pela via direta, que não obteve êxito. Depois, na última das eleições presidenciais realizadas por um colégio eleitoral.

Tentou a prefeitura de São Paulo em 1985, mas foi derrotado pelo ex-presidente Jânio Quadros. Os paulistanos, como quase sempre costumam fazer, votaram mal.

O que parecia improvável aconteceu em 1994. Ministro de Itamar Franco, já no PSDB, Fernando Henrique credenciou-se para disputar a presidência.

Venceu em primeiro turno e governou por dois mandatos. O segundo, marcado negativamente pela mudança nas regras do jogo depois que este já fora iniciado.

O seu governo tem tanto as privatizações quanto a estabilidade da moeda, e, sem FHC, não haveria Lula em 2002 – que me perdoem os amigos da esquerda.

Fernando Henrique Cardoso foi demonizado pela esquerda.

Classificá-lo como um homem de direita, no lugar de apontar os seus erros, é um equívoco grosseiro, mas, infelizmente, bem-sucedido.

FHC é um grande brasileiro. Um intelectual brilhante que pensa o Brasil, permanentemente preocupado com os nossos destinos enquanto Nação. Espero que a história reserve a ele esse papel.

Algumas semanas atrás, este post deixaria a esquerda indignada.

Hoje, depois da reaproximação com Lula, não mais.

A eleição de 2022 – com a possibilidade que o Brasil terá de tirar Jair Bolsonaro do poder pelo voto – passa, necessariamente, pelas ideias e pela voz de Fernando Henrique Cardoso.