Governador do Rio Grande do Sul assume que é gay. Eduardo Leite merece aplausos

Governador do Rio Grande do Sul assume que é gay. Eduardo Leite merece aplausos

“Eu sou gay.

Tenho orgulho disso”

Eduardo Leite

O governador Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul, assumiu que é gay.

Em entrevista a Pedro Bial, ele disse que não é um gay governador, mas um governador gay.

Admirável o gesto de Eduardo Leite.

Admirável e corajoso, nesse Brasil governado hoje por uma ultradireita atrasada e intolerante.

“Nesse Brasil com pouca integridade”, como classificou o governador, que luta dentro do seu partido, o PSDB, para ser candidato à presidência da República.

Atitudes como essa do governador do Rio Grande do Sul engrandecem o jogo político brasileiro a apontam para o futuro – um tempo em que ser gay não tire voto de ninguém.

Vejam o caso de Marta Suplicy, sexóloga que se projetou nacionalmente, no início dos anos 1980, por sua participação no programa matinal TV Mulher, da Rede Globo.

Casada então com Eduardo Suplicy, mãe do roqueiro Supla, Marta entrou para a política e, pelo PT, chegou a ser prefeita de São Paulo.

Em campanha, Marta (ou sua equipe de marketing) insinuou que Gilberto Kassab era gay no intuito de tirar votos do adversário.

Gesto abominável que, para mim, “matou” Marta Suplicy.

O oposto do que, agora, faz Eduardo Leite.

Num programa de televisão assume sua homossexualidade e ponto final.

São questões – homossexualidade, ateísmo – que precisam ser tratadas assim, com clareza, pelos políticos.

Isso faz parte dos avanços de que tanto necessitamos no nosso processo civilizatório.

Ser gay não deve tirar voto de ninguém. É a mesma coisa de não ser gay.

Ser ateu não deve tirar voto de ninguém. É a mesma coisa de não ser ateu.

Não sei se Eduardo Leite vai vencer a luta dentro do PSDB para disputar a presidência.

Não sei se ele tem mais cacife do que João Doria, por exemplo.

Nesta sexta-feira (02), não é o que importa.

Hoje, o que importa é que Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul, teve a coragem de, num programa de televisão importante como o de Pedro Bial, com uma audiência muito qualificada, assumir sua homossexualidade sem meias palavras.

“Sou um governador gay”.

“Tenho orgulho disso”.

Dá uma notável contribuição ao nosso processo civilizatório e também ao jogo político brasileiro.

Merece aplausos.