compartilhar no whatsapp compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin copiar link deste artigo
Compartilhe o artigo
compartilhar no whatsapp compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin copiar link deste artigo
compartilhar artigo
Imagem destaque
home icon Home > tecnologia
TECNOLOGIA

Bomba Patch '100% atualizado': conheça o criador

Publicado em: 29/09/2022 às 14:28 Atualizada em 21/06/2023 às 13:22

Muitos dos fãs de futebol foram 'forjados' pelas arquibancadas. Gerações de pais e mães levaram filhos e filhas para assistir aos jogos do time do coração nos estádios, e a partir disso a paixão foi ‘passada’ adiante. Esta é uma história corriqueira no meio do futebol, que diversos apaixonados pelo esporte compartilham ao redor do mundo. 

No entanto, nos últimos anos, com o grande aumento da influência das plataformas digitais, uma nova geração de jovens torcedores foram pautados pelos jogos eletrônicos de simulação. 

Desde os tradicionais Winning Eleven, no começo dos anos 2000, aos novos e super modernos FIFA 23 e eFootball 23, as novas gerações se identificam e começam a torcer pelos times, muitas vezes, devido à influência dos games. 

Um dos grandes marcos desse novo fenômeno é o Bomba Patch, jogo criado em 2007 por Allan Jefferson, e que trouxe, à época, uma série de modificações na base do antigo Pro Evolution Soccer. 

O game modificado para o PlayStation 2 tornou acessível para milhões de pessoas a oportunidade de jogar uma partida de futebol eletrônica. Afinal, diferente dos jogos ‘irmãos’, os preços para a versão modificada do PES era e, ainda é, bem mais em conta para o bolso do brasileiro.

Além disso, o jogo também garantiu ‘atualizações’ em tempo recorde no elenco dos times, uniformes e transferências, que os ‘peixes grandes’ do mercado não conseguiram acompanhar, o que consolidou a marca de estar sempre ‘100% atualizado’. 


				
					Bomba Patch '100% atualizado': conheça o criador
Bomba Patch tem atualizações conforme mudanças que acontecem no mundo do futebol. Foto: Bomba Patch/Reprodução. Bomba Patch tem atualizações conforme mudanças que acontecem no mundo do futebol. Foto: Bomba Patch/Reprodução

O JORNAL DA PARAÍBA conversou com o criador do jogo, Allan Jefferson, que atualmente vive entre João Pessoa, capital da Paraíba, e São Paulo, para entender a visão dele sobre o simbolismo que ganhou o Bomba Patch ao longo dos anos, também sendo associado à pecha de ser um produto pirata. O desenvolvedor de games também falou como enxerga o momento do mundo dos jogos esportivos e sobre o futuro da sua modificação. 

Quem é Allan Jefferson?


				
					Bomba Patch '100% atualizado': conheça o criador
Allan Jefferson, criador do Bomba Patch. Foto: Arquivo Pessoal/Allan Jefferson. Allan Jefferson, criador do Bomba Patch. Foto: Arquivo Pessoal/Allan Jefferson

Allan Jefferson nasceu em Mogi Mirim, cidade do interior de São Paulo. Por lá, quando jovem, começou a se relacionar com o futebol e com os avanços tecnológicos da década de 90, que também coincidiu com o estabelecimento de vários jogos esportivos eletrônicos, como o antigo Winning Eleven, que deu origem ao PES, que atualmente é o eFootball.

Cientista da computação, formado também em Administração, Web Design e Marketing Digital, Allan Jefferson já trabalhou com vários ramos durante a vida, alguns deles nem sempre relacionados à tecnologia ou jogos.

Segundo o próprio, as várias áreas de atuação contribuíram muito para que a modificação de sucesso posteriormente virasse o Bomba Patch, tão relevante não só no mundo dos games, mas também como um símbolo brasileiro.  

Fiz curso de administração, comecei a aprender noções de marketing, várias coisas. E muito do que acontece na minha vida vai se encaixando, eu fiz um curso de francês na época do Ensino Médio, e não foi uma coisa pensada, porque onde eu estudava passou um professor informando que ainda restavam vagas para fazer francês. Comecei a fazer o curso e algum tempo depois dei aula de francês voluntariamente e depois em uma escola particular, nesse tempo eu comecei a construir a minha lojinha própria de games''.

Como começou o Bomba Patch?


				
					Bomba Patch '100% atualizado': conheça o criador
Primeira loja de videogames de Allan Jefferson. Foto: Arquivo Pessoal/Allan Jefferson. Primeira loja de videogames de Allan Jefferson. Foto: Arquivo Pessoal/Allan Jefferson

Em 2007, na cidade de Mogi Mirim, no interior de São Paulo, Allan Jefferson, ainda adolescente, começou a modificar o então PES 6, que disponibilizava um menu em que os usuários poderiam modificar nomes dos times e jogadores. Por pura brincadeira, foi através deste mecanismo do game que o jovem começou a fazer suas tão famosas modificações.

Como conta na entrevista, o PES 6 tinha apenas times europeus, com elencos do velho continente, e não abrangia clubes do Brasil. Vendo que poderia tornar o jogo mais atrativo com times nacionais para o público local, aproximando a plataforma da realidade do consumo local, Allan Jefferson passou a trazer alterações com times como Corinthians, Flamengo e Palmeiras, mesmo que escudos e faces dos jogadores não poderiam ser mudados, dentro dos limites que o menu de editar da plataforma estabelecia. 

Não tinha como você editar a aparência (dos jogadores), nem nada, mas os nomes conseguia editar. Então, como torcedor do São Paulo, eu pegava a escalação do Brasil e colocava os nomes dos jogadores do São Paulo e fazia uma tabelinha escrito ‘o São Paulo é o Brasil, o Corinthians é a Alemanha…’, aí quando a galera ia jogar no meu cantinho lá, eu dava essa tabelinha, pra escolherem o time que torciam. Porque quem joga videogame, gosta de jogar, mas vai imaginando, criando uma historinha". 

Desta forma, a primeira modificação do desenvolvedor já foi um sucesso, atraindo a atenção de vários interessados no bairro da pequena cidade de São Paulo. Com cada vez mais apreciadores e modificações sempre atualizadas com elencos dos times em um rápido período de tempo, Allan Jefferson, que se diz alguém muito competitivo, decidiu fazer uma competição, realizada em sua própria casa.

Como um bom torneio precisaria ter um prêmio para o campeão, a mãe do jovem fez ‘bombas de chocolate’ para dar aos vencedores. E daí surge o nome que ficou eternizado para o jogo: ‘Bomba Patch’. 

Citação

Minha casa era assim, cheia de chocolates que minha mãe fazia para melhorar o orçamento em casa. Daí, inclusive, vem o nome Bomba Patch, das bombas de chocolate que ela fazia e que foi usada como prêmio para quem ganhasse uma das copinhas que fizemos lá''

Allan Jefferson, criador do Bomba Patch

				
					Bomba Patch '100% atualizado': conheça o criador
Mãe de Allan Jefferson preparando os seus produtos. Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal Allan Jefferson. Mãe de Allan Jefferson preparando os seus produtos. Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal Allan Jefferson

O momento de estouro do jogo 


				
					Bomba Patch '100% atualizado': conheça o criador
Primeiros clientes de Allan Jefferson, jogando Bomba Patch. Foto: Reprodução/Arquivo pessoal Allan Jefferson. Primeiros clientes de Allan Jefferson, jogando Bomba Patch. Foto: Reprodução/Arquivo pessoal Allan Jefferson

Foi na Paraíba que Allan percebeu o quanto sua modificação foi longe e deixou as delimitações territoriais de Mogi Mirim, e até do estado de São Paulo. Mas, antes disso, uma boa história de superação não deixaria de ter um momento em que o protagonista quase decidiu abandonar tudo. 

 O desenvolvedor conta que saiu do grande estado de São Paulo para ir para um sítio nas proximidades de Mulungu, onde parte de sua família mora até os dias atuais e que o próprio também passa períodos de tempo consideráveis atualmente.

Por lá, ainda em uma época de incipiência da internet e em uma localidade onde o sinal da conexão não passava nem perto de funcionar, Allan Jefferson, que precisava ter acesso a essas tecnologias, passou a não ter mais condições de continuar criando novas modificações do Bomba Patch e pensou em abandonar qualquer ideia de seguir atualizando o jogo

Em Mogi Mirim, comecei a ficar desanimado, porque assaltaram minha loja, levaram todos os meus PlayStation 2. Fiquei desapontado com isso, minha mãe também preocupada, e aí os pais não deixavam os filhos irem jogar na loja, começando a reduzir o movimento. Foi quando eu pensei em focar na minha carreira na área da computação, para estudar Ciências da Computação, ir pra outra cidade. Comecei a procurar onde tinha faculdade com nota 5 do MEC, aí eu vi que tinha na Paraíba, em João Pessoa e em Campina Grande. Minha avó, minha tia e meus primos são de Mulungu. Eu pensei ‘se eu for pra Paraíba, vou ter lá a minha família, que pode me dar uma base. Então eu resolvi ir para lá, aí fiquei em um sítio na cidade, me preparando para poder entrar na universidade. Saí do mundo dos games, fiquei só nos livros, até porque no sítio não tinha internet".

Durante esse período de impossibilidade para realizar seu projeto, o desenvolvedor foi a uma clínica para levar sua avó, que iria ao médico na ocasião. Enquanto esperava ela, foi com seu irmão andar no Centro de Guarabira, cidade do Brejo paraibano, quando avistou uma locadora de jogos e entrou para conferir alguns produtos, como um ainda bom fã de games. 

Passeando pela loja, se deparou com uma versão do seu Bomba Patch e ficou muito surpreso, o que levou, primeiro, a não acreditar que realmente aquela seria a sua modificação e, depois, a perguntar ao dono do estabelecimento sobre como o game havia chegado naquele local, em uma locadora de outra região. 

Não acreditei. Fui conversar com o dono do estabelecimento, comecei e disse que era o criador do jogo, ele não acreditou e pediu para provar. Eu disse que era o Allan Jefferson, o mesmo boneco que tinha todos os níveis máximos no jogo, porque sempre eu colocava meu nome no melhor jogador nas modificações. Mesmo assim, ele duvidou, e pediu para mostrar o RG, o que eu fiz, e a partir daí passou a acreditar em mim. Nisso, ele me perguntou porque eu tinha parado de fazer o jogo, porque todo mundo procurava na loja as atualizações, era um sucesso. Por causa disso, ele disse que era pra eu continuar fazendo o jogo, só que eu disse que eu estava sem computador, mas fechamos um acordo para eu trazer meu computador de volta para continuar atualizando o game e, ele, com as novas modificações que eu fizesse, me pagar pelo serviço".  

Após a surpresa e o acordo com o dono, entrou em contato com um primo que morava em Mulungu, e prometeu até fazer um site para campanha do partido do familiar na cidade, para que em troca pudesse morar com ele e, com acesso a internet, continuar editando as versões do Bomba Patch para comercializar. 

'Bênção' divina

Foi a partir daí, inclusive, que o Bomba Patch se estabilizou, mas não antes do seu dono passar por uma inusitada história na qual obteve até a ‘graça’ de um padre na cidade para que o jogo decolasse, mesmo que a ‘bênção’ tenha vindo por outros motivos, como conta o entrevistado. 

Com as dificuldades de acesso a internet, o desenvolvedor conta que ficou várias noites em claro porque a conexão à época era limitada, e para conseguir uma solução final teve até que ‘enganar’ um padre para conseguir instalar uma antena e continuar desenvolvendo o game e criando o site do partido do seu primo.

Propus para o técnico de internet colocarmos a antena no alto da Igreja. No entanto, as vizinhas vendo a gente subindo com escadas até o topo, pensando certamente que era vandalismo, ligaram para o padre, que pediu para falar comigo nessa ligação. Entre outras coisas o padre disse que eu era um pecador, que eu iria ser amaldiçoado. Foi quando eu lembrei que o motivo pelo qual a igreja estava interditada era a queda de um raio, que furou o teto. Foi aí que falei para ele que, na verdade, estava colocando um para-raio em cima do prédio, para que as missas voltassem a acontecer. Foi quando o padre mudou o tom e autorizou a instalação no local. Dessa forma consegui ter a internet para continuar atualizando o jogo". 

Com o ‘falso para-raio’ instalado, o padre do local passou a anunciar o retorno das missas na Igreja através de um serviço de carro que avisava a população sobre as datas de reabertura. A música que era usada neste anúncio serviu como base, então, para o próprio Allan Jefferson desenvolvê-la posteriormente, com um grupo, e torná-la o som do Bomba Patch, que até hoje embala quem tem a experiência de jogar uma partida no game. 

Letra da música do jogo

“Cem por cento atualizado É ruim de aturar Bomba patch virou moda Todo mundo quer jogar

Com nossa equipe Ninguém bate de frente Bomba patch é nervoso Não dá chance ao concorrente

Se ‘liga ae mano’ Escute o que eu vou dizer Quem ‘fecha’ com bomba patch Sempre vai fortalecer

Porque tudo o que é bom ‘A gente’ repete É por isso que eu fecho Com a equipe bomba patch”

Simbolismo do Bomba Patch

A marca de sempre estar ‘100% atualizado’ é a maior bandeira na qual o Bomba Patch é reconhecido. Qualquer mínima variação no futebol brasileiro ou internacional, o jogo já consegue atualizar em pouquíssimo tempo.

Vários exemplos disso repercutem muito nas redes sociais. Um deles foi o caso de Ronaldinho Gaúcho, que em 2020 foi preso na fronteira do Brasil com o Paraguai, por entrar no país vizinho com documentos falsos. 

Na época em que isso aconteceu, o Bomba Patch não perdeu a oportunidade de aparecer com o caso. O jogo lançou uma versão com o ex-meia vestido de presidiário e com um carro de polícia nos arredores do gramado no mesmo dia da prisão.

https://twitter.com/bombapatchgeo/status/1238474397368844288?ref_src=twsrc%5Etfw%7Ctwcamp%5Etweetembed%7Ctwterm%5E1238474397368844288%7Ctwgr%5Ea77c72c47a74cbb896481e60dc3119973f9a202f%7Ctwcon%5Es1_&ref_url=https%3A%2F%2Fd-20861743213061474692.ampproject.net%2F2208172101000%2Fframe.html

Outro exemplo disso aconteceu recentemente, quando a Seleção Brasileira lançou seu segundo uniforme para a disputa da Copa do Mundo 2022, no Catar. Poucos minutos após o anúncio, o jogo atualizou as vestimentas do time canarinho. 

https://twitter.com/bombapatchgeo/status/1556751266356903937?ref_src=twsrc%5Etfw%7Ctwcamp%5Etweetembed%7Ctwterm%5E1556751266356903937%7Ctwgr%5Ecd1799a128fe38cdc9510b3fe46d23e8790fd654%7Ctwcon%5Es1_&ref_url=https%3A%2F%2Fd-3014389223093972173.ampproject.net%2F2208172101000%2Fframe.html

O game também é engajado com as questões sociais que podem extrapolar os campos de futebol. No início da guerra da Rússia com a Ucrânia, em fevereiro, o Bomba Patch anunciou que em suas novas atualizações a seleção russa iria ser excluída do jogo conforme confederações fizeram em competições internacionais de futebol, como Liga dos Campeões e Copa do Mundo. 

https://twitter.com/bombapatchgeo/status/1496895971212640256?ref_src=twsrc%5Etfw%7Ctwcamp%5Etweetembed%7Ctwterm%5E1496895971212640256%7Ctwgr%5Ea7c70150f4686df091bb10bebbb5945bbf6111a7%7Ctwcon%5Es1_&ref_url=https%3A%2F%2Fwww.lance.com.br%2Ffora-de-campo%2Fbomba-patch-anuncia-que-selecao-da-russia-sera-excluida-do-jogo-com-fama-de-ser-100-atualizado.html

O mais recente meme que foi utilizado pela equipe do Bomba Patch foi o "Bora, Bill", que movimentou as redes sociais nas últimas semanas. O jogo criou uma versão inspirando-se na brincadeira e formou um time com integrantes da família de "Bill", que é um morador da cidade de Croatá, no Ceará. Entre um dos 11 titulares do "Bora Bill FC", está inclusive um player com nome de "amante do Bill".

https://twitter.com/bombapatchgeo/status/1567620610628395008?ref_src=twsrc%5Etfw%7Ctwcamp%5Etweetembed%7Ctwterm%5E1567620610628395008%7Ctwgr%5E421acd75a922c531cb79757f0298fe477bf23811%7Ctwcon%5Es1_&ref_url=https%3A%2F%2Fd-96630307410865813.ampproject.net%2F2208242209000%2Fframe.html

Pirataria

Como o Bomba Patch é uma modificação de um jogo criado por outros desenvolvedores, no caso a Konami, que é uma empresa voltada para obter fins lucrativos através de seus produtos, a modificação também é muito associada com a pirataria. No entanto, Allan Jefferson se defende das acusações e ressalta que, o que fez, era totalmente possibilitado pela configuração do PES naquela época. 

A maioria do pessoal do Bomba Patch conheceu o jogo através do camelô, e camelô é sinônimo de pirataria. Mas a questão do jogo é que ele é feito pelo ‘menu editar’ do próprio Winning Eleven (PES 6). Se você pegar a versão do PES 2020, você vai ver que eles fizeram o maior marketing para que as pessoas criassem conteúdo para os outros usarem no jogo. A diferença é que eu faço isso há 15 anos, em uma época que ninguém fazia".

Allan Jefferson destacou que a facilidade para obter jogos no PS1 e no PS2, segundo ele, foi preponderante para fomentar o que o mercado de games se tornou posteriormente no Brasil. 

Citação

O Bomba Patch surgiu numa época em que ninguém tinha acesso a jogos originais. Quem viu um jogo original de PlayStation 2 na época?  Não tinha, você não achava onde comprar. O único meio que tinha para você jogar qualquer jogo de PS2 era através do camelô, porque você não achava lojas vendendo os jogos originais, e mesmo se tivesse, a galera não iria comprar, era muito caro, o acesso era muito difícil. E isso foi um processo que o país precisou passar para que criasse um mercado forte como é hoje"

Allan Jefferson, criador do Bomba Patch

O desenvolvedor também ressaltou que um exemplo de que não houve e nem há qualquer tipo de pirataria é sua situação financeira, já que, segundo ele, em nenhum momento teve grandes retornos com eventuais vendas em massa do game e nem precisou que isso acontecesse, pois, segundo ele, ao longo dos anos conseguiu rendimentos para além do trabalho com o Bomba Patch. 

Eu não dependo do Bomba Patch, eu faço o jogo por prazer. Eu tenho uma empresa de software, eu trabalho com software, faço parcerias com empresas de fora para lançamentos de jogos. Onde estou agora, por exemplo, tem três telas, duas para o meu trabalho, programando e fazendo várias coisas, e o outro monitor eu deixo a questão do Bomba Patch, fico ligado nos canais de esportes, caso mude algum jogador eu já altero na hora aqui, já jogo pra download e continuo meu trabalho". 

Ainda sobre essa questão, Allan Jefferson destacou que sempre é convidado pela KONAMI, desenvolvedora do eFootball, principalmente para eventos, pois acredita que a empresa julga importante o trabalho de popularização do game em território brasileiro feito pelo Bomba Patch ao longo dos anos.

Momento dos jogos eletrônicos

Allan Jefferson criticou os atuais jogos eletrônicos que, segundo ele, estão voltados para o futebol europeu e para aquela realidade, descartando ou deixando em segundo plano a experiência que os fãs e consumidores têm com o futebol nacional. O desenvolvedor citou uma experiência pessoal, quando ainda morava em Mogi Mirim, para assistir aos jogos do time da cidade, como exemplo da situação. 

"O que eu vejo de principal em relação ao Bomba Patch, eFootball e FIFA, é a ambientação do jogo. Por exemplo, você pega os dois principais jogos e a ambientação é ‘futebol europeu’, você tá jogando lá e é como se tivesse assistindo futebol europeu, e o Bomba Patch não, é o Brasileirão, é o futebol de várzea, é a terceira divisão… Eu fui criado assistindo o Mogi Mirim na segunda divisão do Campeonato Paulista, então eu gostava daquele ambiente lá. Eu prefiro estar assistindo futebol de várzea do que assistir à primeira divisão, você se diverte muito mais. De alguma forma, eu tentei trazer isso para dentro do jogo, você vê a ambientação das torcidas, tem torcida xingando o juiz, reclamando… Se você pegar os outros dois jogos, não têm muita participação da torcida". 

Outro ponto abordado pelo desenvolvedor de games é as mudanças pelas quais os seus principais ‘concorrentes’ estão passando ultimamente. Allan Jefferson traçou um panorama sobre a situação tanto de eFootball e FIFA.  

O que está acontecendo agora é um momento de transição. Por exemplo, a questão do PES se tornar eFootball. Já aconteceu isso antes com a Konami, que até o PES 13 usava uma ferramenta, uma engine (base gráfica e de jogabilidade) que já era muito antiga, que todo mundo já era acostumado a jogar. Quando ela (Konami) mudou o motor gráfico, em 2014, todo mundo estranhou, porque foi essa mudança. É o mesmo que aconteceu com o eFootball agora, porque eles deixaram de usar o antigo engine e começaram a usar outro, aí você vê quanto o jogo foi criticado. O maior problema do PES é esse e justamente a questão do licenciamento dos clubes, coisa que o FIFA tem, só que eles também perderam o direito de usar o nome da entidade máxima do futebol, então possivelmente a próxima versão, de 2024, vai ter muita diferença em relação a isso".

Futuro do jogo

Allan Jefferson torce para que o sucesso atual do Bomba Patch siga nos próximos anos e promete não deixar de atualizar com as novas versões do game o seu principal público, quem joga pelo PlayStation 2. 

A minha versão favorita do Bomba Patch é a do PS2, que é a que o pessoal de baixa renda joga. Eu não quero deixá-los órfãos de um jogo atualizado, porque muita gente não tem condição de comprar um PS5, por R$ 4,5 mil, com jogos a R$ 300. A maioria dos brasileiros não tem condição de comprar. Esse público eu falo que são os 'invisíveis', porque não tem condições de comprar do mercado formal. Esse cidadão que tá consumindo dessa maneira, quando tiver uma condição melhor, ele vai adquirir uma versão melhor, um videogame de última geração. É como se a gente tivesse mantendo um mercado forte". 

Por último, comemorando os 15 anos do jogo e como resposta a quem duvidou do sucesso de seu game , Allan Jefferson encerrou a entrevista destacando que o tempo da sua modificação ainda não se encerrou.

Citação

O Bomba Patch, no início, era quase um meme, o pessoal gostava de bagunçar com o jogo, tiravam sarro, falavam que o Bomba Patch teria ‘15 minutos de fama’. Eu até falo que faz 15 anos que eles estão esperando esses 15 minutos passarem"

Allan Jefferson, criador do Bomba Patch

Gostou de saber mais sobre a criação do Bomba Patch? Acompanhe mais reportagens de tecnologia no Jornal da Paraíba.

Imagem

Gustavo Demétrio

Leia Também