A esquerda nunca gostou da tanga de Gabeira

A esquerda nunca gostou da tanga de Gabeira

Precisamos escolher alguém para eleger, e não para derrubar no ano seguinte.

Na GloboNews, o candidato Jair Bolsonaro disse que ia dar um abraço hétero no jornalista Fernando Gabeira.

Foi o suficiente.

Gabeira teve que se explicar.

Que história é essa?

Recebendo abraço hétero de Bolsonaro?

Gabeira é Bolsonaro?

É de direita?

A explicação é simples: os dois foram colegas na Câmara, muitas vezes viajaram juntos do Rio para Brasília, de Brasília para o Rio. São cordiais um com o outro.

Nos debates, por exemplo, o espectador – se quiser – percebe que, para além das encenações, há cordialidade entre os adversários.

Essa história do abraço hétero de Bolsonaro me remeteu há quase quatro décadas. A gente entrevistando Gregório Bezerra em A União. Gregório, aquele ícone intocável, vindo do exílio, sentado num sofá. Nós todos, muito jovens, espalhados pelo chão, na sala do editor Agnaldo Almeida.

Veio a pergunta: o que o senhor acha de Gabeira?

Gregório titubeou, mas acabou chamando o ex-guerrilheiro de pederasta. Sem esconder a sua decepção. E se pôs a falar da União Soviética e seus milagres.

A esquerda nunca assimilou a autocrítica do Gabeira pós-exílio.

A velha esquerda, esquerda mesmo, é careta, preconceituosa.

Vou resumir assim: jamais gostou da tanga de Gabeira. Jamais aceitou a sua liberdade, o seu desejo de que a esquerda se atualizasse e pudesse dialogar com as transformações do mundo.

Gabeira era alvo fácil da esquerda de 1979/1980. Permanece sendo em 2018.

Uma pena. Se lessem o que escreve, seus críticos ganhariam algo, tenho certeza.

Do artigo em que respondeu aos que pensaram que ele é Bolsonaro, retirei uma frase muito interessante.

É com ela que fecho esse post:

“Precisamos escolher alguém para eleger, e não para derrubar no ano seguinte”.