O que o Anuário Brasileiro de Segurança Pública revela sobre a Paraíba

Anuário Brasileiro de Segurança Pública foi divulgado nesta quinta-feira (20). Dados mostram que Santa Rita e Patos estão entre as cidades mais violentas do país.

Foto: Polícia Militar

O 17º Anuário Brasileiro de Segurança Pública foi divulgado nesta quinta-feira (20). O documento traz diversos dados a respeito da segurança na Paraíba e em todo o país. Alguns revelam que é necessário mais investimento. Outros indicadores colocam o estado em posições mais confortáveis. 

As informações foram coletadas com Secretarias Estaduais de Segurança Pública e Defesa Social, com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O Anuário Brasileiro de Segurança Pública é um levantamento realizado desde 2007 pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e é produzido a partir de dados e indicadores oficiais.

Santa Rita e Patos estão entre as cidades mais violentas do Brasil

Os municípios de Santa Rita e Patos estão na lista das 50 cidades mais violentadas do Brasil no ano de 2022, conforme o Anuário Brasileiro de Segurança Pública.

A categoria tem como base as mortes violentas intencionais, que consideram as vítimas de homicídio doloso – incluindo feminicídios e policiais assassinados -, roubos seguidos de morte, lesão corporal seguida de morte e as mortes decorrentes de intervenções policiais.

Santa Rita, na Região Metropolitana de João Pessoa ocupa a 20ª posição no ranking das cidades mais violentas do país, com uma taxa de 56 mortes por 100 mil habitantes.

Já Patos, no Sertão do estado, está 33º lugar da relação, com o registro de 47,5 mortes a cada 100 mil habitantes, conforme o Anuário Brasileiro de Segurança Pública.

50 cidades mais violentas do Brasil

Cidade Estado Taxa de mortes violentas a cada 100 mil habitantes
Jequié Bahia 88,8
Santo Antônio de Jesus Bahia 88,3
Simões Filho Bahia 87,4
Camaçari Bahia 82,1
Cabo de Santo Agostinho Pernambuco 81,2
Sorriso Mato Grosso 70,5
Altamira Pará 70,5
Macapá Amapá 70
Feira de Santana Bahia 68,5
Juazeiro Bahia 68,3
Teixeira de Freitas Bahia 66,8
Salvador Bahia 66
Mossoró Rio Grande do Norte 63,5
Ilhéus Bahia 62,1
Itaituba Pará 61,6
Itaguaí Rio de Janeiro 61,6
Queimados Rio de Janeiro 61,2
Luís Eduardo Magalhães Bahia 56,5
Eunápolis Bahia 56,3
Santa Rita Paraíba 56
Maracanaú Ceará 55,9
Angra dos Reis Rio de Janeiro 55,5
Manaus Amazonas 53,4
Rio Grande Rio Grande so Sul 53,2
Alagoinhas Bahia 53
Marabá Pará 51,8
Vitória de Santo Antão Pernambuco 51,5
Itabaiana Sergipe 51,2
Caucaia Ceará 51,2
São Lourenço da Mata Pernambuco 50,3
Santana Amapá 49,4
Paragominas Pará 49,3
Patos Paraíba 47,5
Paranaguá Paraná 47,3
Parauapebas Pará 46,9
Macaé Rio de Janeiro 46,7
Caxias Maranhão 46,5
Parnaíba Piauí 46,3
Garanhuns Pernambuco 44,9
São Gonçalo do Amarante Rio Grande do Norte 44,9
Alvorada Rio Grande do Sul 44,8
Jaboatão dos Guararapes Pernambuco 44,6
Duque de Caxias Rio de Janeiro 44,3
Almirante Tamandaré Paraná 44,2
Castanhal Pará 44,2
Campo Largo Paraná 43,3
Porto Velho Rondônia 42,1
Ji-Paraná Rondônia 41,8
Belford Roxo Rio de Janeiro 41,8
Marituba Pará 41,6

Paraíba é o 10º estado menos violento do país

O Anuário Brasileiro de Segurança Pública também mostra que a Paraíba é o 10º estado menos violento no Brasil, com 1.036 mortes violentas intencionais notificadas em 2022.

Em comparação com os últimos 10 anos, houve uma queda de 33,16% no indicador, já que no ano de 2012 foram registradas 1.540 mortes violentas intencionais.

Desde 2012, esse também foi o 2º menor saldo de mortes desse tipo, ficando atrás apenas de 2019, quando foram 942 notificações.

O número paraibano ainda é o 3ª menor do Nordeste, ficando atrás de Sergipe, com 768 mortes violentas; e do Piauí, com 818, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública.

Com queda de 14%, João Pessoa registra quase 200 mortes violentas em 2022

João Pessoa registrou 185 mortes violentas em 2022, sendo nove latrocínios, nove óbitos decorrentes de intervenções policiais e quatro feminicídios, conforme o Anuário Brasileiro de Segurança Pública.

Em relação ao ano de 2021, quando 214 mortes violentas foram notificadas, houve uma redução de 14% no indicador, conforme aponta o Anuário Brasileiro de Segurança Pública.

Entre todas as capitais brasileiras, João Pessoa tem 8º menor número de mortes violentas registradas em 2022. Já na região Nordeste, a capital paraibana tem o melhor resultado.

Menos de 2% dos desaparecidos na PB em 2021 e 2022 foram localizados

Cerca de 1.057 pessoas desapareceram na Paraíba entre 2021 e 2022, mas apenas 16 foram encontradas. Isso representa 1,5% de sucesso nas buscas por pessoas desaparecidas no estado.

Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, somente em 2021, 520 pessoas sumiram na Paraíba, enquanto 11 foram encontradas. 

No ano seguinte, em 2022, outras 537 desapareceram e apenas cinco foram encontradas posteriormente. De um ano para outro, houve um aumento de 2,8% no número de desaparecidos.

O Anuário Brasileiro de Segurança Pública também informou que, apesar do levantamento dar conta do número de pessoas que foram encontradas, não é possível saber com precisão se os indivíduos foram localizados vivos ou mortos.

Paraíba tem aumento de 226% no número de registros de injúria racial

  • A Paraíba registrou em 2022 um aumento de 226% no número de registros de injúria racial, sendo o maior aumento percentual entre todos os estados brasileiros, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública.
  • Em 2022, foram 82 crimes de injúria racial registrados na Paraíba, contra 25 casos um ano antes. O estado é uma das 18 unidades federativas brasileiras que registraram aumento no número de injúria racial. A Paraíba registrou o maior aumento, seguida de Amazonas (59,5%) e Mato Grosso do Sul (50,5%).
  • Os casos de racismo na Paraíba também subiram, registrando 4 casos em 2022, contra dois casos do ano anterior. O estado possui o menor número do país, atrás apenas de Roraima, que registrou 2 casos.

Casos de importunação sexual aumentam mais de 30% na Paraíba

  • Os casos de importunação sexual na Paraíba, entre os anos de 2021 e 2022, aumentam 21,9%. Em números absolutos, conforme o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, os casos saíram de 117 em 2021 para 155 em 2022.
  • Outro aumento registrado foi de estupros contra mulheres. A variação registrada em um ano foi de 9,4%. Um total de 155 estupros foram registrados em 2022.

LEIA TAMBÉM: Paraíba registra 16 feminicídios no primeiro semestre de 2023

  • Os casos de perseguição a mulheres também cresceram, chegando a 251 registros em 2022, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública . 
  • A proporção de chamadas ao 190 relacionadas a violência doméstica aumentou em 2022. A proporção era de 3,6% em 2021, pulando para 4,2% em 2022.
  • O Anuário Brasileiro de Segurança Pública também mostrou que as medidas protetivas de urgência também cresceram. O aumento no número de medidas concedidas foi de 23,4%. Em 2022, 6.553 medidas protetivas foram concedidas.
  • Em relação aos casos de violência domésticas, feminicídios e tentativas de homicídios de mulheres e feminicídios, houve diminuição entre 2021 e 2022.

Furto de celular aumenta 157% em um ano na Paraíba

  • Os furtos de celulares aumentaram 157% na Paraíba. Segundo o levantamento, foram 1.403 ocorrências em 2022, contra 403 casos no ano anterior, conforme o Anuário Brasileiro de Segurança Pública. 
  • No geral, os crimes de roubos e furtos de celulares caíram 4,5%. A diminuição é puxada pelos dados de roubos, que representam 3.560 ocorrências em 2022, e 4.397 ocorrências no ano anterior, uma diminuição de 19,4%. Somados, os crimes de furto e roubo de celulares resultaram em 4.603 registros no total.
  • Em relação ao roubo e furtos de veículos, foram registrados 5.027 crimes, sendo um aumento de 10,7% comparado a 2021. Na Paraíba, foram 4.284 crimes de roubo e 1.481 furtos, em 2022.
  • Outros tipos de roubos diminuíram na comparação entre 2021 e 2022. O roubo a estabelecimento comercial caiu 12,7%. O roubo a residência diminuiu 27%, enquanto que o roubo a transeuntes caiu 15,4%. O roubo de carga também saiu de 27 casos em 2021 para 12 crimes em 2022.
  • A Paraíba registrou aumento de roubo a instituição financeira. Em 2022, foram 13 ocorrências, contra 2 crimes em 2021.
  • Ao total, foram 9.814 roubos em 2022, na Paraíba, representando uma diminuição de 5,9% em relação ao ano passado.
  • Por outro lado, os crimes de estelionato cresceram 41,3%. Foram 5.669 ocorrências em 2022 e 3.994 ocorrências no ano anterior.
  • Em relação a apreensão de drogas, foram registradas 3.889 ocorrências, sendo um aumento de 40,5% em um ano.

Estelionato digital aumenta mais de 500% na Paraíba

  • A Paraíba teve 406 registros de crimes de estelionato digital em 2022. Um aumento de 503,3% com relação a 2021, que terminou com um total de 67 ocorrências, de acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública
  • O aumento de crimes de estelionato digital na Paraíba ficou atrás apenas de Roraima e Goiás, que foram, respectivamente, 1155,1% e 1027,2%. Entre os estados do Nordeste, o que teve maior crescimento em crimes de estelionato digital, depois da Paraíba, foi Sergipe, com 437,1% de variação.

Registro de armas aumenta 271% em cinco anos

Entre os anos de 2017 e 2022, o número de registros de armas de fogo ativos no Sistema Nacional da Polícia Federal cresceu 271,7% na Paraíba, saindo de 6.815 registros em 2017 para 25.330 em 2022. 

De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, a variação elevada segue um aumento nacional.

A nível regional, a Paraíba tem o terceiro pior indicador do Nordeste, estando atrás apenas de Alagoas (296,6%) e Sergipe (260,2%).

Em todo o país, a variação foi de 260%. No Brasil, a quantidade de registros saiu de 637.972 em 2017 para 2.300.178 em 2022. 

A menor variação entre os estados, no entanto, ainda é alta. O Amazonas apresentou um aumento de 79,4% em cinco anos. Todos os outros estados apresentaram variação superior a 100%.

Déficit de vagas em presídios da Paraíba aumenta 79% em um ano

O déficit de vagas em presídios da Paraíba aumentou 79% entre 2021 e 2022. No ano de 2022, a Paraíba apresentava um déficit de 2.014 vagas e em 2022 o número subiu para 3.607.

De acordo com o levantamento, em 2022 foram registradas 12.824 pessoas privadas de liberdade no sistema penitenciário e sob custódia no estado, sendo 12.180 homens e 644 mulheres.

O aumento na população carcerária foi de 1,2% em relação ao ano anterior, quando registrou 12.612 pessoas, sendo 12.013 homens e 599 mulheres.

O aumento registrado em um ano na Paraíba é maior que a variação nacional que subiu de 820.689 pessoas privadas de liberdade no sistema penitenciário e sob custódia para 832.295, um aumento de 0.9%.