Explosões fecham 15 agências e crimes desafiam as autoridades

Este ano, a incidência dos casos aumentou e a polícia ainda não possui estimativas de quanto os bandidos teriam conseguido roubar das agências.

João Paulo Medeiros
Do Jornal da Paraíba

Um tipo de crime difícil de ser combatido, que impressiona e desafia as autoridades da área de segurança pública. Os ataques com dinamites e explosões nas agências bancárias da Paraíba causaram, somente em 2010, um prejuízo superior a R$ 6 milhões apenas com o dinheiro levado ou destruído pelos assaltantes durante as ações.

Este ano, a incidência dos casos aumentou e a polícia ainda não possui estimativas de quanto os bandidos teriam conseguido roubar das agências. No entanto, os danos à sociedade são bem mais profundos: pelo menos 15 agências e postos de atendimento bancários localizados em 15 cidades paraibanas, que correspondem a uma população superior a 118 mil pessoas, estão hoje fechadas temporariamente.

Na maior parte dos ataques, as explosões provocaram a destruição de praticamente toda a estrutura dos caixas eletrônicos, e das paredes das agências e postos de atendimento onde os equipamentos funcionavam. Morador do município de Barra de Santana, que possui mais de oito mil habitantes, o aposentado Francisco Ernesto Rodrigues, 54 anos, descreve as dificuldades trazidas para ele e mais centenas de pessoas que utilizavam o estabelecimento para depositar, pagar as contas e retirar dinheiro.

“Hoje o pessoal todo está indo receber em Boqueirão. Quem precisa do banco aqui não tem como, só através dos Correios. Mas até de ir lá dá medo porque lá também já foi assaltado. Tem gente que sai da zona rural no dia de pagamento e tem de pagar frete de carro para ir pra fora e receber os benefícios”, relatou o agricultor.

O caso da agência bancária do município é ‘emblemático’. Embora tenha sido o primeiro a ser destruído, no dia 7 de janeiro de 2010, o prédio ainda não foi reformado e continua fechado, causando transtornos à população pelo não funcionamento da agência. Já na cidade de Boa Vista, também no Cariri, o cenário encontrado 380 dias depois da explosão da agência do Bradesco é semelhante. As portas dos estabelecimento ainda estão fechadas com madeira e os moradores lamentam a falta de atendimento.

Durante todo o ano passado, os criminosos explodiram 26 agências e postos de atendimento bancários na Paraíba, sendo a primeira delas o banco do Brasil da cidade de Barra de Santana, no Cariri do Estado, no dia 7 de janeiro; foi a única no mês de janeiro de 2010. Este ano, porém, a audácia e a ganância dos assaltantes parece ter aumentado e já foram registradas sete ocorrências desse tipo de crime, um crescimento de 700%.

O último ataque foi registrado na cidade de Casserengue, no Agreste do Estado. Um Posto de Atendimento Avançando do Bradesco (PAA) foi destruído durante a madrugada do dia 17 deste mês, quando quatro homens fortemente armados e encapuzados chegaram no local em uma picape preta, invadiram o estabelecimento e explodiram o único caixa eletrônico existente no local.

Para o presidente interino do Sindicato dos Bancários da região de Campina Grande, Esdras Luciano, faltam mais investimento na área de segurança pública e ações por parte das instituições bancárias. Diante da dimensão do problema a categoria tenta agora aprovar leis municipais e na esfera estadual que possibilitem uma maior segurança no interior e na saída das agências.

“Os sindicatos já entraram com ações na Justiça e provocamos audiências públicas para debater essa questão das explosões e dos assaltos, e há um processo no Ministério Público Federal. Mas os bancos dizem que cumprem a legislação em vigor; agora nós estamos tentando criar normas que melhorem os itens de segurança dos bancos para minimizarmos esses casos”, assinalou.

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