Músicas levam polícia a identificar criminosos

 Para a polícia, a disputa entre as facções Al Qaeda e Estados Unidos cantada nas músicas de funk tem o intuito de aterrorizar a população.

As músicas também são facilmente encontradas na internet. Uma simples busca no site Youtube (www.youtube.com.br) resulta em uma lista de funks criminosos. Um dos vídeos mostra integrantes da Al Qaeda cantando uma das músicas da facção. O grupo tinha sido preso dias antes acusado de tráfico de drogas no bairro Alto do Mateus.

Para a polícia, a disputa entre as facções Al Qaeda e Estados Unidos cantada nas músicas de funk tem o intuito de aterrorizar a população. Uma das letras analisadas pela reportagem, integrantes da facção Al Qaeda, que seria a mais forte e cruel, manda recado para os inimigos, que logo rebatem.

Em outra música, a resposta dos Estados Unidos: “é o poder, nós temos o poder…bota a cara aí na Al Qaeda, se botar vai se f***”. Mesmo sem querer, os criminosos acabam ajudando a polícia a criar um banco de dados com as informações expostas nas músicas, o que resulta em prisões.

O comandante do Policiamento Solidário de Mandacaru, tenente Iury Agostini, disse que um acervo de funk com apologia ao crime foi criado em decorrência das prisões. “Conseguimos as músicas nos celulares dos acusados. Isso acaba contribuindo com outras prisões”, declarou.

Segundo o tenente, a polícia tem muito material obtido a partir dos celulares dos criminosos. Ele reconheceu que pessoas sem envolvimento com o crime também têm esses funks nos telefones. “Não dá para sair prendendo todo mundo que ouve o funk que faz apologia ao crime, caso isso fosse feito, não teria espaço na delegacia”, frisou. “Em quase sua totalidade, são músicas que falam do tráfico de drogas e de homicídios”, comentou.

O bairro de Mandacaru é citado várias vezes nas músicas. Em uma delas, o beco do Zé Borges, local que já foi palco de vários homicídios, como o terror do Estado. Beco da Baleadeira e rua da Estação, também em Mandacaru, teriam se rendido ao poder dos Estados Unidos, conforme a música.

Em um trecho adiante, os funkeiros dizem os nomes dos ‘parceiros’ que compõem a facção: Jefferson, Fael, Daniel, Duda, Breno, Michel, Alysson, Lulinha, Pardal, Coringa e Mago.

Lembram também dos criminosos que foram mortos: Zinho, Cabecinha, Rafinha e Juninho. Todos os nomes passaram a constar das investigações policiais.