No Dia da Bandeira, algo sobre nossos hinos

Hoje é o Dia da Bandeira. A data me remete aos nossos hinos.

O maestro Moacir Santos me disse algumas vezes que o Hino Nacional era muito difícil de ser cantado. Ele próprio pensava em compor um hino que fosse mais simples, como o Star Spangled Banner dos americanos. Ou a Marselhesa dos franceses (para mim, o mais belos de todos!). Um hino com o qual, segundo Moacir, o povo se identificasse mais fortemente.

Eu ouvia e concordava com uma parte da conversa: o hino realmente é difícil, a letra extensa demais. Mas discordava de outra: o povo se identifica fortemente, sim, com o Hino Nacional Brasileiro.

No tempo da ditadura, nós, que éramos contra o regime militar, tivemos uma relação complicada com os hinos. Eles estavam muito associados ao que combatíamos.

Um show em 1978 me ajudou a pensar na questão. Foi de Sérgio Ricardo, homem de esquerda, contestador do regime militar, artista que admiro até hoje. Lá no meio, ele cantava o Hino à Bandeira.

Os versos de Olavo Bilac sobre a melodia de Francisco Braga chancelados, naquele momento, por um cara inequivocamente de esquerda. Ainda que o hino estivesse no set list como contraponto a uma música de protesto de Sérgio Ricardo sobre a bandeira.

Com a redemocratização, toda essa discussão perdeu o sentido. De vez em quando, no entanto, temo que ela seja retomada no Brasil de hoje, de tantos intolerantes e posturas extremadas.

Uma pena, se assim for.

Paulinho da Viola cantou o Hino Nacional na abertura dos Jogos Olímpicos. Caetano Veloso, na posse da presidente do Supremo. Os hinos pertencem ao Brasil. Não a um momento histórico.

Para terminar esse papo, vou confessar: dos nossos hinos, o Hino à Bandeira é o que acho mais bonito. E é muito mais fácil de ser cantado do que o Hino Nacional. Moacir Santos concordaria!