“O Brasil vive o momento trágico do afastamento de um presidente!”

Dilma

A frase do título não é minha.

Foi o que, numa entrevista à TV Cabo Branco, o senador paraibano Antônio Mariz me disse, ao telefone, quando escolhido relator, no Senado, do processo de impeachment de Fernando Collor. Era início de outubro de 1992, Collor acabara de ser afastado após a votação na Câmara e, antes do final daquele ano, não seria mais presidente.

Lembro das palavras de Mariz nesta segunda-feira (29), o dia em que a presidente afastada Dilma Rousseff vai ao Senado, a um ou dois dias da votação que deverá retirá-la, em definitivo, da presidência da república.

Lembro como reflexão sobre o instante grave que o Brasil vive.

As palavras de Mariz soam, aos meus ouvidos, como uma espécie de antídoto à banalização de todas as coisas.

Sim! “O Brasil vive o momento trágico do afastamento de um presidente!”. Não importa se você é contra ou a favor.

Para mim, o fim do atual ciclo petista é o retrato do fracasso de um projeto da esquerda brasileira. E isso é melancólico.

Filho de comunista, cresci sob governos de exceção num ambiente em que se sonhava com ideias generosas. Mais tarde, a chegada de Lula ao poder era um acontecimento extraordinário. Com ele, vieram as conquistas sociais que testemunhamos, num país que já passou da hora de reequacionar a questão da distribuição de renda.

A constatação de que, nos piores quesitos, o PT acabou por se revelar igual ao demais, põe por terra os sonhos de muitos de nós que crescemos sob a ditadura iniciada no golpe de 64.

Volto ao senador Antônio Mariz: “O Brasil vive o momento trágico do afastamento de um presidente!”.

Tanto faz se você é contra ou a favor. Não há o que comemorar!