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COTIDIANO

A Orquestra Tabajara é um sonho realizado por Severino Araújo

Publicado em 14/11/2017 às 6:36 | Atualizado em 31/08/2021 às 7:44

Cresci ouvindo falar da Orquestra Tabajara. Na minha infância, na década de 1960, a big band comandada por Severino Araújo já era uma lenda. Meus tios mencionavam a vigorosa performance do maestro diante dos músicos e seu arranjo abrasileirado da Rapsódia in Blue, de Gershwin. Mas, naquela época, a Tabajara estava no ostracismo. As pequenas formações que vieram com a Bossa Nova e os conjuntos de guitarras da Jovem Guarda haviam tirado o lugar das orquestras populares no mercado de discos. O que ninguém imaginava era que, anos depois, uma onda tipicamente carioca iria trazer de volta Severino e seus instrumentistas.

A Orquestra Tabajara ressurgiu em plena Lapa, nas chamadas domingueiras do Circo Voador. Severino Araújo fazia um baile que não encantava apenas os casais maduros que saíam de casa para dançar, mas a garotada que ia ao circo ouvir o rock do Barão Vermelho. Com boa música, era fácil conquistá-la. E isto, a Tabajara tinha de sobra. Grande repertório, eclético, para todos os gostos, músicos maravilhosos, que tocavam standards da música americana, temas do repertório latino, boleros, sambas, choros ou frevos. Além dos hits do momento. À frente deles, o autor dos arranjos: um maestro sessentão que parecia um rapaz, um band leader cheio de graça e com um domínio espantoso do grupo.


				
					A Orquestra Tabajara é um sonho realizado por Severino Araújo

A Tabajara foi fundada em João Pessoa em 1937, junto com a emissora oficial do Governo da Paraíba. Filho do mestre da banda de Limoeiro, o clarinetista pernambucano Severino Araújo, 20 anos, era um dos seus músicos. Em 1938, a morte do maestro Olegário de Luna Freire o colocou no comando da orquestra. O grupo impressionava os artistas de nome nacional que passavam pelos programas de auditório da rádio, e estes, de certa forma, abriram caminho para que, na década de 1940, a Tabajara trocasse João Pessoa pelo Rio de Janeiro, onde se consolidou como uma das melhores orquestras populares do Brasil. Talvez a mais famosa. E, com toda certeza, a de vida mais longa.

O revival do Circo Voador acabou trazendo a Orquestra Tabajara de volta a João Pessoa. Durante alguns anos, na década de 1980, Severino Araújo comandou os bailes carnavalescos do Clube Cabo Branco. Eram noites inesquecíveis. O maestro, seus irmãos (o trombonista Manoel, o saxofonista Jaime, o baterista Plínio) e alguns remanescentes de antigas formações da orquestra, além de músicos mais jovens, impressionavam o público em extensas performances que se prolongavam por toda a madrugada. Algumas pessoas nem dançavam. Ficavam paradas, olhos e ouvidos atentos, como se estivessem num show.

Conheci Severino Araújo naquele retorno a João Pessoa. Estive perto dele sempre que pude, nos carnavais e fora deles. Fui recompensado por seu afeto e por suas histórias. Sim, as histórias da Tabajara e das músicas que compôs. Choros antológicos como Espinha de Bacalhau. Frevos impecáveis como Relembrando o Norte. Uma noite, no intervalo de um baile, ele me disse que, na juventude, sonhava em dar ao Brasil uma grande orquestra popular. E que esperava ter realizado o sonho com a Tabajara. Claro que realizou.

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Silvio Osias

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