Paraguai tem novo presidente

Vice-presidente Federico Franco foi empossado novo presidente do país; posse aconteceu uma hora e meia após o impeachment.

O Senado do Paraguai decretou ontem o impeachment do presidente Fernando Lugo. Na votação final, 39 senadores votaram a favor da condenação do presidente, enquanto apenas quatro se declararam contra. Outros dois ficaram ausentes.

O liberal Federico Franco, atual vice-presidente, que mantinha uma tensa relação com Lugo, foi empossado novo presidente do país ontem mesmo, apenas uma hora e meia depois de sacramentado o impeachment.

"Foram transgredidos todos os princípios da defesa, de maneira covarde, e espero que [os responsáveis] tenham a percepção da gravidade de seus feitos", disse, do palácio presidencial. "Como sempre atuei no marco da lei, me submeto à decisão do Congresso", completou. Ele ainda pediu que seus apoiadores se manifestassem de maneira pacífica.

Tão logo o impeachment foi formalizado, manifestantes entraram em confronto diante do Congresso Nacional com a polícia, que avançou a cavalo sobre a multidão. Não houve relato de feridos.

A principal acusação apresentada contra Lugo foi sua responsabilidade por "negligência e inaptidão" no enfrentamento entre campesinos e policiais em Curuguaty, no último dia 15, quando morreram 17 pessoas. A defesa, que contestou a constitucionalidade do processo de impeachment perante o Supremo, considerou o resultado "vergonhoso" e disse temer o "isolamento" do país na região, após o que classificam de golpe de Estado.

Os países da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), que enviaram seus chanceleres, entre eles o brasileiro Antonio Patriota, disseram ver risco à democracia no país.

DECISÃO
O ex-presidente do Paraguai, Fernando Lugo, disse que acata a decisão do Congresso Nacional que aprovou o seu impeachment da Presidência do país. No seu pronunciamento, Lugo ressaltou que a decisão de retirá-lo do Poder representa que a democracia paraguaia foi agredida. “Estou disposto a responder com meus atos”, disse Lugo, ao fazer o pronunciamento em cadeia nacional, após a decisão dos parlamentares.

Entenda
Anteontem, o Parlamento paraguaio aprovou o início de um processo de impeachment de Fernando Lugo, a quem partidos de oposição responsabilizam pelos confrontos. Um confronto armado deixou seis policiais e 11 camponeses mortos na sexta-feira passada em Curuguaty, a 250 km da capital.
O episódio forçou a saída do ministro do Interior, Carlos Filizzola, e do comandante da polícia, Paulino Rojas.