Síria contabiliza mais de três mil mortes em sete meses

Estimativa é que pelo menos 187 crianças estejam entre as vítimas fatais.

Mais de 3.000 pessoas já morreram após sete meses de repressão das forças de segurança da Síria contra os protestos que pedem a saída do ditador Bashar Assad, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU) que foram divulgados ontem. A estimativa é que pelo menos 187 crianças estejam entre as vítimas fatais.

A Alta Comissária de Direitos Humanos da ONU, Navi Pillay, alertou para o risco de o país cair em uma guerra civil sem precedentes e pediu à comunidade internacional que adote ações urgentes para frear o "banho de sangue" que o país enfrenta. "É de responsabilidade de todos os membros da comunidade internacional tomar medidas de proteção de forma coletiva, antes que a repressão contínua e os assassinatos cruéis conduzam [a Síria] a uma guerra civil", disse, em comunicado.

Nas últimas semanas, grande parte do movimento pelos direitos humanos na Síria vem assumindo um tom mais militante, com ativistas abertamente à procura de armas e soldados que fugiram do exército lutar contra os seus ex-colegas. "Sabemos que o mundo não está vindo nos ajudar. Nós faremos o que tiver de ser feito. E em breve nós seremos numerosos a estar lutando ao lado deles", falou um manifestante de Homs.

CONSELHO
Apenas ontem, dez pessoas perderam a vida durante manifestações em apoio a desertores do Exército.
Anteontem, 36 foram mortos em conflitos em todo o país, sendo 25 militares (na ativa ou na reserva) das forças de segurança.

Partidários e opositores da intervenção do Conselho de Segurança da ONU na Síria reuniram-se ontem. Durante as consultas regulares, o grupo de países ocidentais, que é pela intervenção, levantou o tema da repressão violenta do governo de Bashar Assad contra os manifestantes.

Mas Rússia e China vetaram, na semana passada, a resolução que aventava possíveis sanções contra o governo. Brasil, Índia, Líbano e África do Sul, membros não permanentes do Conselho, abstiveram-se do voto. "Os defensores da inércia sobre a Síria deveriam tirar conclusões dos últimos acontecimentos", declarou Gérard Araud, embaixador da França.