56% dos partos em CG são de gestantes de outras cidades

Dos 14.194 procedimentos feitos em 2015, apenas 6.206 foram de bebês residentes em Campina Grande. Dados são da Secretaria Municipal de Saúde. 

A espera pelo nascimento de um filho é um momento cheio de expectativas, mas nem sempre ele acontece da forma como as mães idealizavam. Muitas mulheres desejavam ter seus bebês nas cidades onde moram, no entanto, acabam peregrinando em busca de assistência médica para conseguirem dar à luz. É vivenciando esse drama que muitas delas chegam a Campina Grande para ter seus filhos.  A prova disso é que mais da metade dos partos realizados no município são de pessoas oriundas de outras cidades, já que dos 14.194 procedimentos feitos em 2015, apenas 6.206 foram de bebês residentes em Campina Grande.

Os dados foram repassados  na última semana de dezembro do ano passado pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS). O Instituto de Saúde Elpídio de Almeida (Isea) acaba sendo o lugar para onde a maioria das mulheres dessas cidades é encaminhada, por ser uma das unidades de referência do Estado. Só que em muitas situações, essas mães de outras cidades vão para o Isea porque no lugar onde elas moram não são atendidas, mesmo que a gravidez delas não seja de risco. Como foi o caso da dona de casa Aline Amorim, 29 anos, que mora na cidade de Serra Branca, no Cariri paraibano, e precisou percorrer mais de 100 quilômetros para que o pequeno Carlos Henrique viesse ao mundo.

“Na minha cidade não quiseram fazer o parto e eu tive que vir para Campina. É o meu terceiro filho, e o segundo que nasce de parto normal. O primeiro foi uma cesariana. Eu confesso que tinha muito medo de vir para cá, porque escutava muita gente falando que aqui não era bom e eu ficava morrendo de medo, mas eu gostei. Se tivesse condições de pagar, procurava um serviço particular, mas como não tenho acabei vindo para cá mesmo e não me arrependo”, comentou Aline, enquanto acalentava ao seu lado o pequeno Carlos Henrique, que acabara de nascer no Isea.

Assim como Aline, a jovem Daíse Cabral, 20 anos, que mora na cidade de Matinhas, no Agreste do Estado, foi para a mesma unidade de saúde em busca de atendimento médico para que o pequeno Caíque nascesse. Ela também não tinha uma gravidez de risco, mas não encontrou atendimento em outro lugar. “Me trouxeram para cá e eu achei o atendimento bom. Esse é o meu segundo filho e nasceu de parto normal, por uma escolha minha”, pontuou. Mas quando questionada sobre o motivo de ter escolhido o serviço público de saúde para ter seu bebê, ela foi enfática ao responder: “por falta de condições mesmo”.

De acordo com a direção do Isea, receber mais pacientes advindas de outras cidades do que de Campina Grande já é uma realidade que faz parte da rotina de atendimentos da unidade há muito tempo, mesmo que as mulheres não sejam oriundas de municípios pactuados para serem assistidas na maternidade. Ainda confirme a direção, o atendimento não pode ser negado, de modo que em hipótese alguma o Isea pode fechar as portas para nenhuma mulher que chegue ao instituto para ter um filho, e a equipe se desdobra para garantir que todas elas sejam assistidas da melhor maneira possível. (Especial para o JP)