De primeiro de janeiro a 30 de junho deste ano, foram realizados 29 transplantes de rim na Paraíba. O número aponta crescimento de 52,63% em relação ao mesmo período do ano passado quando apenas 19 pacientes renais conseguiram fazer a cirurgia, conforme dados da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO). Apesar do aumento de transplante no Estado, a captação de órgãos ainda é precária. Os dados da ABTO mostram que dos 64 potenciais doadores de órgãos na Paraíba, apenas nove doadores tiveram os órgãos transplantados, entre rim, córnea e outros.

Embora o Estado tenha apresentado evolução positiva do número de transplantes de rim, ele ainda ocupa 9ª colocação na lista dos que menos realizou esses tipos de procedimentos no país. No Brasil, 21 Estados realizaram 2.707 cirurgias desse tipo nos seis primeiros meses do ano, sendo que São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais lideram o ranking com maior número de procedimentos. Na região Nordeste, os melhores resultados foram em Pernambuco e Ceará, que realizaram respectivamente 131 e 128 transplantes, respectivamente.

Segundo a ABTO, dos transplantes renais realizadas na Paraíba,14 foram feitos com órgãos vivos e outros 15 de pessoas falecidas. Ao todo, até março deste ano, o Estado possuía 239 pacientes à espera de uma doação de rim e estava na 15ª posição no ranking de 24 Estados brasileiros, que também possuem pessoas nessa situação. No Brasil, até o final do primeiro trimestre deste ano, 19.913 pessoas precisavam com urgência da doação de um rim.

De acordo com o presidente da Associação dos Pacientes Renais da Paraíba, Carlos Roberto Lucas, a falta de uma equipe de profissionais durante 24 horas para realizar a captação de órgãos dificulta doações no Estado. “Não há equipes médicas disponíveis 24 horas para realizar captação de órgãos, o que faz com que muitos sejam perdidos e a maior parte das doações que acontecem na Paraíba seja de doadores falecidos”, pontuou.

A diretora da Central de Transplantes na Paraíba, Gyanna Lys de Melo, informou para a ABTO que o número de transplantes renais na Paraíba está em crescimento e são realizados em Campina Grande. Apesar de ter sido procurada por telefone pela reportagem do JORNAL DA PARAÍBA para aprofundar o assunto, a diretora da Central de Transplantes não foi localizada.

Segundo a diretora da Central de Transplantes em declaração que consta no estudo da ABTO, o “Estado tem dificuldades para completar o diagnóstico de morte encefálica com exame subsidiário, por escassez no número de profissionais com habilidade”, pontuou.

A diretora informou ainda que o Estado busca aumentar os convênios com hospitais. “Centros de transplantes em João Pessoa estão sendo credenciados, mas a maioria dos órgãos é retirada pela equipe de transplante hepático de Pernambucano, que também disponibiliza os rins”, afirmou. Já em relação à Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos e Tecidos do Estado estaria com estrutura adequada para o funcionamento, segundo declarou Gyanna Lys à ABTO.

Na Paraíba, o único hospital credenciado e habilitado para realizar transplante renal em funcionamento no Estado é o Hospital Antônio Targino, em Campina Grande. Todos os transplantes renais realizados este ano aconteceram fora da capital.

Para o presidente da Associação de Pacientes Renais da Paraíba, Carlos Roberto Lucas, além da necessidade de aumentar número de médicos para captação de órgãos, também é necessário realizar campanhas educativas que estimulem a doação de órgãos. “Os governos federal e estadual precisam fazer campanhas educativas que incentivem a doação. É preciso divulgar que qualquer ser humano a partir de 8 anos de idade pode ser doador”, afirmou. Segundo ele, quanto mais tempo o paciente renal passa na hemodiálise, à espera de um transplante, maior a chance de ter outras doenças. Ele pode passar a sofrer de hepatite C, diabetes e outras doenças e ficar impedido de fazer o transplante.

Os dados da associação mostram que na Paraíba existem 1,3 mil pacientes renais, sendo que 400 precisam do transplante do órgão, sendo que 280 já estão na fila aguardando pela doação, 80 pessoas estão apenas na capital, enquanto os demais 120 adquiriram ou já tinham patologias que impossibilitam o transplante.

Até ontem, segundo a Associação de Renais , 34 transplantes de rim tinham sido realizados na Paraíba.

Pacientes na lista de espera. Segundo levantamento da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), até março de 2013: São Paulo (8.873), Minas Gerais (2.541), Rio Grande do Sul (1.049), Espírito Santo (1.026), Paraná (1.016), Pernambuco (955), Bahia (667), Rio de Janeiro(621), Piauí (534), Santa Catarina (334), Mato Grosso do Sul (333), Ceará (331), Amazonas (323), Alagoas (268) e Paraíba (239).