Cirurgias são suspensas no Trauma de Campina Grande

Anestesistas prestadores de serviço paralisaram atividades reivindicando renovação de contrato.

As cirurgias de urgência e emergência estão suspensas nesta quarta-feira (1º) no Hospital de Emergência e Trauma de Campina Grande, na Paraíba. A paralisação foi motivada pelo afastamento voluntário dos médicos anestesistas. Como alternativa para os pacientes que precisam de cirurgias urgentes, a diretoria do hospital disponibilizou duas UTIs móveis que farão as transferências para o Hospital de Trauma de João Pessoa e o Hospital Antônio Targino, em Campina Grande.

Em nota publicada em jornais impressos do estado, os prestadores de serviço anunciaram que não iriam mais trabalhar sem a renovação do contrato do governo estadual com a Cooperativa Campinense de Anestesistas (Cocan). A categoria argumenta que atua no Trauma de Campina Grande com o contrato vencido desde o dia 25 de setembro de 2011. O Ministério Público Estadual chegou a reunir as diretorias do hospital e da cooperativa em 21 de novembro, com a finalidade de consolidar um novo contrato, mas nenhum acordo foi feito.

De acordo com o diretor técnico do hospital, Flawbert Cruz, depois de uma breve reunião nesta manhã, os representantes da cooperativa se comprometeram em dar uma resposta até a noite sobre a manutenção da parceria com o Trauma até 15 de fevereiro. "Para evitar uma situação caótica, pedimos que os cooperados mantenham uma escala mínima de trabalho até o dia 15, que é a data marcada para o pregão presencial da Secretaria Estadual de Saúde que definirá qual cooperativa ficará responsável pelos serviços", informou.

Enquanto o impasse não é resolvido, a direção optou por estabilizar os pacientes que chegaram à unidade em estado grave e, caso seja necessário tratamento cirúrgico, providenciar a transferência para outros hospitais. Segundo Flawbert, as administrações do Trauma de João Pessoa e do Antônio Targino já foram comunicadas sobre o caso e aceitaram colaborar.

Apesar do governo estadual ter realizado concurso público em 2007 para preencher as vagas no Hospital de Trauma de Campina Grande, que na época ainda seria inaugurado, o diretor Flawbert Cruz informou que não dispõe de candidatos aprovados na lista de espera para preencher as vagas que hoje são ocupadas por meio de terceirizados.

"Sabemos que, por conta orientação das cooperativas, os médicos não se inscreveram no concurso. Apesar do concurso oferecer estabilidade profissional, eles optaram pela manutenção do regime de contratos para ganhar mais por produtividade. Assim ficamos reféns da boa vontade deles", reclamou o diretor.

Recentemente, o Hospital de Trauma passou por uma situação semelhante com 14 ortopedistas prestadores de serviços, que também se afastaram de suas funções. O secretário de Estado da Saúde, Waldson Dias de Souza, providenciou a contratação de uma equipe de médicos do Rio de Janeiro para suprir a demanda.

"Não vamos permitir, em hipótese alguma, que pessoas fiquem sem atendimento médico. Nenhuma categoria tem o direito de comprometer seja qual for o serviço, principalmente um serviço de saúde de tão elevada complexidade. A população paga impostos e precisa de serviços de qualidade, tendo o Estado a obrigação de garanti-los”, enfatizou o secretário.