Confusão entre Samu e hospital prejudica pacientes de urgência

Médico do Samu manda paciente de urgência ser atendido em hospital que não era devido. Reunião será feita para pactuar atuação do Samu junto a hospitais.

Da Redação

Na manhã desta sexta-feira (14) uma confusão foi protagonizada pelo Serviço de atendimento móvel de urgência (SAMU) e um hospital particular da capital. Atendendo a um chamado para um homem de 49 anos com possibilidade de enfarto, o Samu, orientado pelo seu coordenador de medicina, Carlos Endrigo Nunes, levou o paciente para a Clínica Dom Rodrigo Hospital Geral.

Segundo Carlos Endrigo, o diretor do hospital teria se recusado a atender o paciente, que estaria enfartando. O diretor teria alegado que só era obrigado a fazer cirurgias cardíacas encaminhadas pela Secretaria de Saúde.

Ainda segundo Endrigo, o hospital teria colocado seguranças na porta para impedir a passagem do paciente e a equipe do Samu teria sido obrigada a chamar a polícia para que o homem fosse atendido. O coordenador do Samu afirmou que o Hospital Dom Rodrigo é obrigado a atender pacientes de urgência.

O outro lado

Na tarde desta sexta-feira (14), o Paraíba1 falou com o diretor da Clínica Dom Rodrigo Hospital Geral, Francisco Santiago Pereira. O diretor afirmou que o que houve hoje foi um exemplo de conduta antiética do coordenador Carlos Endrigo Nunes.

Francisco Santiago deu sua versão dos fatos e disse que o caso não era de urgência e o Samu não poderia proceder daquela maneira. Ele contou que duas ambulâncias chegaram ao hospital, uma com o paciente, o condutor e uma técnica de enfermagem e outra com apenas o condutor, que ele identificou como sargento da polícia militar.

Segundo Francisco, o paciente estaria apenas com dores musculares e a técnica de enfermagem diagnosticou erroneamente um enfarte, ele explicou que somente um médico poderia dar tal diagnóstico. O diretor contou ainda que o sargento na outra ambulância desceu do veículo armado em claro tom de ameaça e queria prender os médicos caso não atendessem o paciente.

O diretor explicou que o hospital é referência em cirurgias cardíacas e só deve atender paciente cardiopatas, encaminhados pelo setor de regulação da secretaria municipal de saúde, para procedimentos cirúrgicos. Ele disse ainda que Carlos Endrigo continuamente tenta transferir qualquer tipo de urgência para o hospital.

Francisco Santiago informou que atendeu o paciente, constatou que não se tratava de um enfarto e que após ser medicado para dor muscular, o homem voltou para casa andando. Ele disse ainda que devido as atitudes do coordenador do samu, o hospital entrou com um processo no CRM por conduta antiética de Carlos Endrigo.

Secretaria de Saúde

A diretora de regulação da secretaria municipal de saúde, Mércia Maria Santos Coutinho, confirmou que a Clínica Dom Rodrigo Hospital Geral só pode atender a uma urgência requerida, ou seja, quando a secretaria encaminha um paciente para o hospital. E que podem ser atendidos pacientes cardiopatas cirúrgicos.

A diretora informou ainda que na semana que vem será feita uma reunião entre todos os envolvidos na confusão para que seja pactuado o que cada órgão pode ou não fazer. Ela não quis comentar as denúncias do diretor contra o coordenador do samu.