Direitos Humanos quer federalizar investigações do caso Rebeca

Sete delegados afastados e um crime sem solução quase 4 anos depois. Diante disso, o Conselho de Direitos Humanos decidiu pedir a federalização da investigação.

Próximo de completar quatro anos, o assassinato da estudante Rebeca Cristina,15 anos, ainda permanece sem resposta. Para cobrar um desfecho do caso, ainda esta semana, o Conselho Estadual de Direitos Humanos da Paraíba (Cedh) vai pedir a federalização do crime à Secretaria Nacional dos Direitos Humanos, ao Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) e ao Superior Tribunal de Justiça.

Ainda de acordo com o promotor de Justiça Marinho Mendes Machado, presidente da Cedh, o órgão pretende solicitar à Secretaria de Estado da Saúde e ao Tribunal de Justiça da Paraíba justificativas por não haver inquérito sobre a morte de um dos possíveis envolvidos no crime. O homem seria um despachante do Departamento Estadual de Trânsito, assassinado duas semanas após a morte de Rebeca.

Segundo Marinho Mendes, a adolescente pode ter sido levada à casa deste suspeito, onde teria sido estuprada por um grupo de homens. “A Polícia Civil investigou durante todo esse tempo. Mais de sete delegados tentaram elucidar o caso, mas foram afastados sem justificativas pela Secretaria de Segurança. Já questionei pessoalmente o secretário sobre a morosidade no caso. Esgotamos as instâncias estaduais, vamos tentar um desfecho do caso, através da federalização”, disse. O objetivo do Cedh é pedir também a exumação do corpo do despachante pois antes de ter sido assassinado ele não foi submetido ao exame de DNA. “Apurei os depoimentos de policias que participaram da investigação. Informaram em sigilo, que várias pessoas estupraram a menina, inclusive um sargento que trabalhava na escola militar onde Rebeca estudava que também está nesse grupo”, revelou.

Para a presidente da Comissão de Promoção da Igualdade Racial da OAB-PB e integrante do Cedh, Laura Berquó, existem muitos indícios que levam a acreditar que uma pessoa próxima à vítima também pode estar envolvida no caso. Além disso, a advogada relata que o crime ainda não foi desvendado, justamente, pelo fato de os criminosos terem relação com alguém do governo ou da polícia.

“No processo é possível verificar que o corpo da adolescente estava sem hematomas. A única coisa que existe é uma marca semelhante à provocada pelas armas taser, em um dos tornozelos dela e uma marca de tiro de pistola 380 na nuca. Várias pessoas a estupraram, porém alguém deixou o corpo ‘preservado’, com roupas íntimas, corrente e brinco de ouro. Se fosse qualquer pessoal a polícia já teria apontado. No grupo tem gente grande envolvida”, relatou Laura Berquó.

O delegado Glauber Fialho, atual responsável por investigar o crime, rebateu as críticas feitas pelo conselho, alegando que a investigação está bastante avançada e que nas próximas duas semanas novidades serão reveladas. Ele afirmou que não procede a história de que seria uma pessoa ligada ao Estado.

O CRIME

Rebeca Cristina foi violentada e morta em 11 de julho de 2011, no trajeto entre a casa da família e o Colégio da Polícia Militar, em Mangabeira VIII, em João Pessoa. O corpo foi encontrado em um matagal na Praia de Jacarapé, Litoral Sul.