Divórcio fica mais fácil e união curta aflige igrejas

Casamentos curtos ou ‘relâmpagos’, estão cada vez mais comuns na Paraíba.

Quando Flávia e Paulo (nomes fictícios) começaram a namorar, em 2009, os planos de casamento logo surgiram nas conversas.

Os noivos e as duas famílias faziam questão de um casamento tradicional: na igreja, com véu, grinalda e uma grande festa com parentes e amigos. Logo que o jovem casal comprou o apartamento, o casamento foi realizado. A cerimônia, as fotos, a festa, tudo foi perfeito. Menos a união, que se desfez em menos de dois anos. O motivo alegado pelos dois foi a incompatibilidade de interesses.

Casamentos curtos ou ‘relâmpagos’, como o de Flávia e Paulo, estão cada vez mais comuns na Paraíba. É o que mostra os dados do Censo 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De 2006 a 2010, o número de casais que se divorciaram no Estado, com menos de dois anos de casamento, saltou de 33 para 64. Entre os casais casados há menos de três anos, o número de divórcios também subiu: de 108 em 2006 para 137 em 2010. A tendência se estende entre casais com até cinco anos de casamento.

O divórcio, para Flávia, foi um alívio e um tormento ao mesmo tempo. “É sempre uma experiência traumática. Acho que ninguém casa para se separar. Quando um casal sobe ao altar, tem a intenção de viver junto para sempre, mas isso não é para todo mundo”, opinou. A decisão de acabar o casamento, inicialmente, partiu de Paulo. “A princípio eu relutava, queria reverter a situação. Tinha medo da reação da minha família e da sociedade, mas depois acabei aceitando a ideia”, comentou.

Em 2010, do total de divórcios realizados (3.154), mais de 50% (1.610) foram não consensuais. Ou seja, não foi um processo amigável. Por uma leve diferença, esse tipo de divórcio foi mais requerido pelas mulheres. Mas nem sempre foi assim: em 2006, 924 homens deram entrada no divórcio não consensual, contra 823 requeridos pelas mulheres. Muitas vezes o verdadeiro motivo do divórcio é omitido pelas partes.

O processo de separação não foi fácil. O casal brigou pelo apartamento, pelos móveis, pelo carro, pelo dinheiro que guardavam na conta poupança. Ao final, fizeram um acordo e dividiram os bens. Depois que tudo foi resolvido na Justiça, decidiram não manter contato. “Foi melhor assim. Toda vez que lembro que meu casamento fracassou, fico arrasada. Ainda hoje sofro quando tenho de informar meu estado civil. Eu sonhava com um casamento eterno”, revelou Flávia, que hoje namora outra pessoa, mas descarta qualquer possibilidade de casar novamente.