Doença de Chagas ainda é ameaça

Com cerca de 10 milhões de pessoas infectadas no Brasil, a doença de Chagas ainda é uma realidade.

Com cerca de 10 milhões de pessoas infectadas no Brasil, a doença de Chagas ainda é uma realidade. A afirmação é da pesquisadora da Unesc, Patrícia de Aguiar Amaral, que está na França estudando novos medicamentos para o tratamento desta enfermidade.

“A doença de Chagas foi descrita há mais de 100 anos e ainda não possui um tratamento terapêutico adequado. Ela é um problema de saúde pública e o Brasil tem grande responsabilidade na erradicação desta doença”, salientou a pesquisadora.

O Brasil possui mais de 60% dos portadores da doença no mundo. Segundo a pesquisadora, a doença possui um tratamento com 80% de eficiência, mas apenas para a sua fase inicial.

“No entanto, os sintomas iniciais podem ser confundidos com um mal-estar, como gripe e resfriado, e normalmente o diagnóstico é tardio”, comentou. Ela explicou que o maior problema é justamente na fase crônica da enfermidade, que é incurável, já que os danos em órgãos, como o coração e o sistema nervoso, são irreversíveis.

A transmissão da doença de Chagas exige a participação de um vetor: o inseto Triatoma infestans, mais conhecido no Brasil como barbeiro. A pesquisadora elucidou que a doença atinge principalmente as populações rurais pobres.

“As casas pobres, com reboco defeituoso e sem forro, são moradia para o inseto barbeiro, que dorme de dia, nas rachaduras das paredes, e sai à noite, para sugar o sangue da pessoas que descansam (geralmente no rosto ou onde a pele é mais fina), ocasionando a transmissão”, ilustrou.

“As pessoas infectadas desenvolvem problemas crônicos digestivos. No entanto, a principal causa de morte dos portadores está relacionada aos problemas cardíacos, causados pelo parasita”, analisou. Patricia Amaral explicou que o quadro piora em mulheres infectadas que engravidam.

“Durante a gestação, o sistema imunológico do bebê entende que o parasita faz parte do seu organismo. Por isso, depois que nasce ele não desenvolve nenhuma defesa, ocasionando a morte dessas crianças antes de atingirem os 3 anos de idade”, comentou.