Downs ainda enfrentam muitos preconceitos

Exclusão e preconceito ainda fazem parte do dia a dia dessas pessoas, devido ao alto desconhecimento da população.

A síndrome de Down acomete uma em cada 600 crianças nascidas no país, segundo estimativa da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais na Paraíba (Apae-PB). Apesar do número, a exclusão e o preconceito ainda fazem parte do dia a dia dessas pessoas, devido ao alto desconhecimento da população acerca da disfunção genética.

Para a diretora clínica da Apae-PB, Ana Maria Costa, é necessário entender que o convívio com pessoas excepcionais pode ser normal, desde que haja melhor preparo de familiares, amigos e sobretudo da sociedade em geral. “Ainda há muita falta de informação. As pessoas precisam tratar o portador da síndrome de Down como uma pessoa normal, que tem certas dificuldades, como várias outras pessoas, mas que tem toda condição de viver com normalidade”.

De acordo com Ana Maria, muitos portadores da disfunção podem ter vida ativa, com conquistas e rotinas iguais às do restante da população. “A síndrome de Down traz consigo alterações cognitivas que variam em cada portador. Muita gente não sabe, mas existem aqueles que podem ter uma vida comum, trabalhar, fazer universidade e construir família, por exemplo”, explicou.

Exemplo do fácil convívio é o da família de Josefa Cabral, mais conhecida como Zezita, funcionária pública mãe de Carlos Antônio Cabral, 18 anos. Segundo ela, a síndrome do filho nunca gerou problemas dentro de casa, muito pelo contrário. “Ele é uma bênção em nossas vidas. Muito amoroso, responsável e sempre nos ajuda na tarefa de casa. Somos só eu, ele e meu marido, e ainda assim o Carlos Antônio faz tudo sozinho”, contou.

Fora de casa, entretanto, é onde reside o problema. “Ele já passou por três escolas privadas, mas não conseguiu concluir o estudo porque as pessoas não estão preparadas. Ele chegava em casa contando que não gostava das escolas, que as professoras falavam muito rápido, por isso ele não conseguia acompanhar”, relatou Zezita.

Na Apae, entretanto, a relação do jovem com os estudos é diferente, graças à infraestrutura e à equipe que trabalha no local. “Ele é apaixonado pela Apae, é o único lugar que ele se sente à vontade, porque aqui ele é muito bem tratado e tem o apoio que precisa”, disse a mãe de Carlos Antônio.

A matrícula na Apae pode ser realizada por encaminhamento de Unidades de Saúde da Família (USF), indicação médica ou livre demanda. O serviço social da instituição faz a triagem dos pacientes do local. Entretanto, nem todos conseguem ter acesso, ainda há fila de espera de 100 pessoas, segundo Ana Maria. (Especial para o JP)