Uma simples brincadeira de criança, como soltar pipa, pode acarretar sérios prejuízos à população se a peça se prender na rede elétrica de distribuição de energia. Somente de janeiro até a última segunda-feira, 267 ocorrências de objetos estranhos nos fios foram registrados pela concessionária de energia elétrica da Paraíba (Energisa), mas atos de vandalismo também estão entre as causas dos registros. Em todo o ano passado foram 1.837 situações envolvendo objetos. De acordo com a empresa, um dos transtornos é a interrupção do fornecimento de energia, que acontece pelo menos cinco vezes ao dia.
No antigo lixão do Róger, em João Pessoa, é comum ver garotos soltando pipa. A frequência é proporcional às vezes que o brinquedo fica preso nos fios de energia. Um dos meninos que brincava no local, disse que na semana passada a pipa que soltava atingiu a rede e resultou em uma pequena explosão próximo a um dos postes. Apesar disso, ele contou que não sente medo e que nunca lhe aconteceu nada.
Entretanto, não são apenas as pipas a serem encontradas emaranhadas nos fios, pois segundo a Energisa, antenas de TV, cerca de proteção de construção de prédios e calçados foram alguns dos objetos estranho identificados no sistema de alta tensão.
A dona de casa Silvana Ribeiro, 30 anos, que mora na Comunidade do S, próximo onde as crianças costumam brincar, revelou que já ficou sem energia porque a pipa do sobrinho se enrolou ao fio da rede elétrica. “É comum acontecer isso por aqui porque soltar pipa é a principal brincadeira dos meninos daqui. É assim que eles passam o tempo. Falta energia, mas depois volta”, afirmou.
Segundo o gerente do Departamento de Construção e Manutenção da Rede de Distribuição da Energisa, Christiano Ventura, além do transtorno da interrupção no fornecimento de energia elétrica, com o lançamento de objetos na rede existe ainda o risco associado ao choque elétrico, que pode resultar em fortes queimaduras e até mesmo morte. “Uma interrupção por pipa na rede, ou outro objeto, só é restaurada após a intervenção de uma equipe da Energisa. Assim, o tempo se suspensão de energia pode chegar a horas”, afirmou.
Christiano Ventura ressaltou que a distribuidora sofre pena em não fornecer energia elétrica, gerando compensações por descontinuidade do serviço aos clientes envolvidos. Entretanto, destacou que o ofensor também é penalizado. “Quem solta pipa ou lança objetos na rede está passível de responder a processos por vandalismo e ao patrimônio de utilidade pública”, disse.
INTERRUPÇÕES
Conforme a Energisa, em 2014 foram registradas 2.469 interrupções de energia causadas por objetos estranhos na rede de distribuição na Paraíba, 25,32% a mais do que em 2015. Apesar da redução do número de ocorrências, o número ainda é relevante, pois no ano passado, por exemplo, o número total equivale a mais de cinco ocorrências por dia.
