Famílias ainda vivem no antigo lixão do Róger

Quase 200 pessoas ainda vivem no antigo ‘Lixão do Róger’, área ainda é tomada por lixo, insetos e esgoto a céu aberto

Cerca de 50 famílias continuam vivendo em condições subumanas em uma área onde funcionava o antigo lixão do Róger, no Varadouro. O terreno deveria estar desocupado e ser usado para a criação de um parque. No entanto, ainda está tomado por lixo, insetos e esgotos a céu aberto. Apesar disso, o local é ocupado por casebres feitos de madeiras e papelão, que abrigam quase 200 pessoas, entre elas, muitas crianças.

A precária condição em que vivem as famílias foi denunciada pelo JORNAL DA PARAÍBA em julho do ano passado. A matéria foi premiada na última edição do Prêmio AETC de Jornalismo e a foto no Prêmio Criança.PB de Jornalismo. Na época que a matéria foi publicada, gestores municipais afirmaram que desconheciam o problema, mas garantiram que iriam adotar providências. No entanto, passados seis meses, nenhuma medida foi adotada, como relatam os próprios moradores.

“Aqui não veio ninguém da prefeitura, não. A gente vive porque Deus ajuda, mas é muito sofrimento mesmo. Eu vivo aqui há muitos anos e já tenho dois filhos e nunca vi ninguém da prefeitura por aqui”, diz a dona de casa Rosineide dos Santos, 20 anos.

“Algumas pessoas receberam auxílio-aluguel, mas foram poucas. A maioria vive desse jeito. Aqui tem rato, barata, cobra. À noite, é uma escuridão maior do mundo. Só fico aqui porque não tenho mesmo para onde ir”, lamenta Luciene Idalino, 31 anos, que mora no local há quase dez anos.

As dificuldades impostas aos moradores já começam pelo acesso ao local. Apesar do terreno ser cercado por um muro com quase três metros de altura, as famílias conseguiram entrar na área através de um buraco aberto na estrutura de concreto.

Elas construíram os casebres numa área de difícil acesso. Os casebres ficam nos fundos do terreno e estão cercados de lixo. O amontoado de resíduo sólido cerca as casas, o que dificulta até na localização das moradias. Para encontrar as precárias residências, é preciso caminhar alguns minutos em meio ao lixo.

Outro motivo de preocupação é que algumas crianças não estão frequentando a escola. A dona de casa Nayara Souza Cavalcanti, 19 anos, disse que não encontrou vagas na creche para os três filhos que tem, com idades entre 4 meses e três anos. “Eu tentei colocar os três na creche para eu procurar um emprego, mas não tinha vaga e tive que ficar em casa cuidando deles. Mas a minha situação está muito ruim”, desabafa.

O problema envolvendo da falta de vagas em creches foi comunicado ao Conselho Tutelar da Região Norte, que é o responsável por garantir os direitos da criança e do adolescente na região do Varadouro. De acordo com o conselheiro tutelar, Sérgio Lucena, uma equipe será enviada ao local para apurar o caso.

“Faremos um relatório, informando a situação à Promotoria da Educação e pedindo que o órgão adote as providências para matricular essas crianças nas creches”, disse Sérgio Lucena.