Famílias têm novo prazo para desocupar casas

Pedido de reintegração de posse do conjunto habitacional São Januário II foi impetrado pela PMCG; famílias têm até 2 de dezembro.

As famílias que invadiram o conjunto habitacional São Januário II, em Campina Grande, há cerca de dois anos, ganharam mais tempo para deixar os imóveis e o prazo agora vai até o dia 2 de dezembro. O pedido de reintegração de posse foi impetrado pela Prefeitura Municipal de Campina Grande (PMJP).

Conforme o secretário de Obras do município, André Agra, “a desocupação deveria ter acontecido na última quinta-feira, dia 7, mas nós conseguimos adiar para o dia 2 de dezembro.

Na próxima segunda-feira nós vamos fazer um levantamento dessas famílias para descobrir quem realmente precisa de ajuda, saber as condições do local, para depois cadastrá-las nos programas habitacionais do governo. Nós pretendemos dar prioridade a essas famílias, no momento que os novos conjuntos forem finalizando”, informou.

Ele explicou que as casas invadidas já estavam garantidas para famílias que atualmente moram na Vila dos Teimosos, uma área considerada de risco na cidade, e que a determinação judicial deve ser cumprida.

André Agra ainda disse que está previsto para serem construídos mais 196 apartamentos no Conjunto São Januário II, que está localizado no bairro do Serrotão, mas que a verba disponibilizada para a obra só será liberada pela Caixa Econômica Federal quando os invasores desocuparem as moradias. “Nós estamos construindo mais quatro mil unidades em vários bairros da cidade e essas famílias serão encaminhadas para essas novas moradias”, concluiu.

As cerca de 100 famílias invasoras alegaram que o local foi tomado depois que uma enchente praticamente destruiu suas antigas casas no bairro do José Pinheiro. O secretário de Obras do município reafirmou que os ocupantes do São Januário II poderão ser encaminhados ao aluguel social e, posteriormente, a outras unidades que estão sendo construídas pela prefeitura.

INVASÃO POR FALTA DE OPÇÃO

O catador de material reciclável Edmar de Azevedo, de 23 anos, contou que invadiu uma das residências do conjunto, porque não tinha opção depois da tragédia que teria abatido sua família e outras 99 que moravam no bairro do José Pinheiro.

“Há mais de dois anos nossas casas foram invadidas por uma enchente e não restou quase nada. Nós descobrimos o São Januário, que estava completamente abandonado já fazia dois anos e que estava servindo como local de esconderijo de bandido.

A gente ocupou os 23 duplex, que tem cada um quatro apartamentos e, até hoje, está lá. Agora veio a notícia que a gente tem que desocupar. Tem muita gente que não está nem conseguindo dormir direito à noite”, desabafou o morador. Outro morador do conjunto, o catador Esterfesson Messias, 28, disse que as famílias não têm condições de arcar com as despesas de um aluguel e muito menos adquirir uma casa com recursos próprios, já que a maioria das famílias possui uma renda inferior a um salário mínimo.

“A equipe da prefeitura adiantou que a gente pode ficar recebendo o aluguel social até receber uma nova casa, mas até onde sabemos esse aluguel só dura uns dois meses e para. Só Deus sabe quando a gente vai receber essas casas novas que eles estão prometendo”, contou.

Os moradores estiveram reunidos ontem com o secretário de Obras, no gabinete do prefeito, no Centro da cidade, mas contaram que não saíram nada satisfeitos do local.