Horta agroecológica muda vida de trabalhadores rurais em assentamento

Com a plantação de coentro, cebolinha, pimentão verde e alface os três assentados conseguem, cada um, uma renda mensal de R$ 800 a R$ 1 mil.

Horta agroecológica muda vida de trabalhadores rurais em assentamentoDa Ascom do Incra-PB

Como um oásis em meio à terra seca do agreste paraibano. Assim é a horta agroecológica criada há dois anos a partir do sonho de três trabalhadores rurais assentados no Assentamento Fazenda Campos, no município de Salgado de São Félix, no agreste paraibano, a cerca de 94 km de João Pessoa. A horta, que dá emprego e renda às três famílias e a outras seis pessoas do assentamento, ocupa quatro quadras de terra da parcela do assentado Josinaldo Pereira de Sousa, de 36 anos, às margens do principal açude do assentamento.

Semanalmente, aproximadamente 5 mil molhos de coentro – a principal hortaliça cultivada pelos assentados – saem da horta para abastecer bancos de feiras livres nos municípios vizinhos de Itabaiana e Ingá, e ainda no município pernambucano de Goiana. Com a plantação de coentro, cebolinha, pimentão verde e alface os três assentados conseguem, cada um, uma renda mensal de R$ 800 a R$ 1 mil.

De acordo com Josinaldo de Sousa, a iniciativa de criar uma horta agroecológica partiu dos próprios assentados, mas o sucesso do cultivo de hortaliças só foi possível graças à assistência técnica prestada pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural da Paraíba (Emater-PB), através de convênio feito com o Incra Sede. “A assistência técnica foi fundamental para o sucesso da nossa horta agroecológica porque, os técnicos da Emater nos passaram informações sobre as técnicas de plantio, irrigação e controle natural de pragas”, afirmou o trabalhador rural.

Horta agroecológica muda vida de trabalhadores rurais em assentamentoTrabalho e renda

Com o aproveitamento da água do açude vizinho para a irrigação da horta, os assentados transformaram um pequeno trecho da parcela de Josinaldo de Sousa em uma terra fértil e produtiva, capaz de gerar ocupação e renda para as três famílias e para outras seis pessoas do assentamento. A intenção dos assentados é aumentar a área plantada da horta e inserir outros tipos de hortaliças.

Para o assentado Maurício Antônio da Silva, um dos três responsáveis pela manutenção da horta, a vida mudou bastante após o início do cultivo de hortaliças. “O Verão era muito difícil. Na terra, muito seca, sem irrigação, não dava quase nada. Então, às vezes eu tinha que arrumar bicos para completar a renda que a gente conseguia com o pouco de plantação que vingava”, contou. “Hoje trabalhamos o tempo todo perto de casa, na nossa própria terra”.

Criatividade

Para diminuir o tempo de preparação dos canteiros de hortaliças, o assentado Maurício da Silva inventou uma ferramenta simples, mas eficiente: a “grade de furar”. Criada a partir de um pedaço de caibro e de pinos de madeira, a ferramenta permite que o agricultor realize em um ou dois minutos o que antes levava de 15 a 20 minutos.

“A gente precisava de uma ferramenta para fazer os furos para colocar as sementes nas leiras. Antes da ‘grade de furar’ o trabalho era feito na enxada. Era muito mais demorado e cansativo”, disse Maurício da Silva.

O assentamento

Criado em 1997 pela Superintendência Regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) na Paraíba, o Assentamento Fazenda Campos abriga 130 famílias de trabalhadores rurais. Além de cultivar hortaliças, os assentados se dedicam ao plantio de feijão e milho e à criação de animais de pequeno porte, como cabras e galinhas. Mas os assentados não vivem apenas da agricultura e da pecuária.

Um grupo formado por 28 mulheres do assentamento, também assistido pela Emater-PB, iniciou recentemente a produção de peças de artesanato, de onde se destaca a produção de chaveiros, ecobolsas e peças que resgatam a tradição do fuxico.