Ibama tem dificuldade em chegar aos grandes traficantes de animais

Estimativa é de que esta atividade ilegal movimente mais de 700 milhões de dólares por ano em todo o país.

Natália Xavier
Do Jornal da Paraíba

Desde insetos até pássaros e cobras. Várias espécies de animais são alvo das ações de traficantes. O gosto de algumas pessoas por animais silvestres e exóticos, lucro garantido, esquemas organizados e envolvendo várias pessoas, além da insuficiência de fiscalização, podem ser alguns dos pontos que fortalecem ainda mais o tráfico biológico.

Segundo o agente ambiental Walter Galdino, atualmente, o tráfico de animais silvestres é o terceiro mais rentável no mundo, perdendo somente para o tráfico de drogas e de armas. A estimativa é de que esta atividade ilegal movimente mais de 700 milhões de dólares por ano em todo o país.

Para o chefe de Operações do Ibama na Paraíba, Jaime Pereira, atualmente a maior dificuldade dos órgãos de fiscalização é chegar aos grandes traficantes de animais. “A maior dificuldade do Ibama é chegar aos grandes traficantes, eles são muito bem organizados. Geralmente somente os pequenos são pegos, mas o ideal seria chegar aos grandes traficantes para conseguir evitar os crimes”, afirmou.

Segundo Jaime, para conseguir conter as ações dos criminosos, além das fiscalizações realizadas pelo Ibama em feiras, também são realizadas fiscalizações esporádicas nos aeroportos, terminais rodoviários e nas rodovias em todo o Estado. “Parcerias realizadas com a Polícia Rodoviária Federal também têm sido muito importantes para o combate ao crime de tráfico de animais”, destacou.

O agente ambiental Wagner Galdino lembrou ainda que o crime não está somente no tráfico internacional de animais, mas a partir do momento que se captura um animal silvestre ilegalmente e o revende, o crime já é caracterizado como tráfico. Mesmo que o animal seja vendido no mesmo Estado ou na mesma cidade onde foi apreendido.

Da mesma forma, é caracterizado como crime ambiental o envio de espécies de vegetais ou animais sem a prévia autorização. “Tirando um animal daqui e levando para outro município já é caracterizado como tráfico. Por exemplo, tirando um animal do Sertão e trazendo para a capital sem autorização já é caracterizado como tráfico”, afirmou.

Segundo Wagner, na Paraíba os pontos mais críticos para a fiscalização são as pequenas cidades que ficam na fronteira da Paraíba com outros Estados, pela maior facilidade de transportar os animais sem passar por postos de fiscalização.

O chefe de Operações do Ibama destacou ainda a importância da participação e de parcerias com prefeituras para o combate ao tráfico dentro do Estado. “Muitos animais capturados são vendidos em feiras livres. Para o combate a esta prática é preciso também a colaboração efetiva das prefeituras e das secretarias de Meio Ambiente junto ao Ibama. Esta participação é muito importante”, destacou.

Conforme Jaime Pereira, a quantidade de apreensões realizadas ainda fica muito abaixo da realidade do tráfico. Na Paraíba, o Ibama não soube precisar o quanto em dinheiro estaria sendo movimentado pelo tráfico biológico.