Inclusão social de deficientes

Apae promove de 21 a 28 de agosto a 25ª Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla. 

O último Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizado em 2010, revelou que mais de 45,6 milhões de brasileiros declararam ter deficiência de algum gênero. Na Paraíba, 1.032.249 pessoas alegam ter limitações físicas ou cognitivas em maior ou menor grau, o que representa 27,5% da população do Estado.

De 21 a 28 de agosto, a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) promove a 25ª Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla para chamar a atenção para a inclusão social dessas pessoas.

Na Paraíba, a instituição pública de maior porte direcionada ao acompanhamento de pessoas com deficiência está localizada em João Pessoa: a Fundação de Apoio ao Deficiente (Funad), que oferece atendimento a três mil usuários vindos de 96 municípios paraibanos, além da própria capital. Lá, eles têm acesso a serviços relacionados à saúde, educação e orientação familiar.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), “deficiência” é o substantivo atribuído a toda a perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica. As várias deficiências podem ser agrupadas em quatro conjuntos: visual, motora, mental e auditiva.

Uma pessoa pode ser portadora de deficiência única ou múltipla (associação de uma ou mais deficiências), apresentando dificuldades em vários níveis em atividades como locomoção, percepção, pensamento ou relação social.

Para a presidente da Fundação de Apoio ao Deficiente (Funad), Simone Jordão, a assistência às pessoas com deficiência já avançou bastante, mas os desafios ainda são muitos. O maior deles atualmente é a interiorização dos serviços.

“Alguns avanços são perceptíveis. O número de pessoas com deficiência matriculadas em escolas públicas e privadas aumentou em mais de três mil alunos de 2010 para 2011”, exemplifica Simone. “O principal desafio do Estado é levar o atendimento para perto de quem precisa, para que as pessoas não precisem mais se deslocar para a capital, como acontece hoje com muitos usuários da Fundação de Apoio ao Deficiente”, revela.

QUALIFICAÇÃO
De acordo com a gestora, o Governo do Estado está investindo em qualificação de profissionais das áreas de saúde, educação e desenvolvimento social através de seminários. “Estão sendo planejados centros de acolhimento em cidades estratégicas no interior do estado, mas enquanto isso não se concretiza, os profissionais das Unidades de Saúde da Família (USF), Centros de Referência Especializada da Assistência Social (Crea) e Conselho Tutelar estão sendo treinados”.

A presidente da Fundação de Apoio ao Deficiente, Simone Jordão também destaca a mudança na mentalidade e a diminuição da discriminação, constatadas na última década. As denominações “deficiente”, “inválido”, “portador de deficiência” ou “excepcional” hoje são consideradas obsoletas. O termo mudou oficialmente com a promulgação da Declaração dos Direitos Humanos Fundamentais das Pessoas com Deficiência da Organização das Nações Unidas (ONU), ratificada no Brasil em 2008.

MENOS DISCRIMINAÇÃO
A psicóloga Natália Queiroga concorda que a discriminação já não é tão forte quanto em outros tempos. Ela é mãe de dois filhos e o mais novo, Pedro Henrique, 11 anos, tem deficiência intelectual, nasceu com Síndrome de Down.

“Aos poucos, a sociedade está mudando seus conceitos. Os pais hoje sabem que não devem esconder seus filhos porque eles são diferentes da maioria. As pessoas com deficiência precisam aparecer, participar ativamente da dinâmica social.

Assim se faz a inclusão desde cedo”, comenta Natália Queiroga.

Pedro Henrique recebe acompanhamento especial desde o primeiro mês de vida. “Ele é uma criança ativa, frequenta a Funad e recebe tratamento particular também”, declara a psicóloga Natália Queiroga que, além de mãe de usuário, também é funcionária da Fundação de Apoio ao Deficiente. Para ela, é de extrema importância incentivar o contato social da pessoa com deficiência. “Procuro não isolar meu filho, trato Pedro Henrique como qualquer outra criança”.