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VIDA URBANA

João Pessoa completa 433 anos sem desvendar o 'mistério' sobre o Marco Zero da cidade

O Jornal da Paraíba tenta localizar o início de seu surgimento; confira como foi essa jornada sem repostas.

Publicado em 05/08/2018 às 7:00 | Atualizado em 06/08/2018 às 9:15

Nascida como cidade real de Nossa Senhora das Neves, João Pessoa completa 433 anos neste domingo (5). Fundada em 5 de agosto de 1585, já com status de cidade, a capital paraibana, famosa por ser o ponto mais oriental das Américas, a segunda mais verde do mundo e onde o sol nasce primeiro, ostenta um mistério difícil de ser desvendado. Afinal, João Pessoa teria um Marco Zero para chamar de seu?

Relatos extraoficiais apontam para três locais possíveis. O primeiro deles é que a cidade teria sido erguida onde atualmente se localiza o Porto Capim, no bairro do Varadouro, mais precisamente às margens do Rio Sanhauá. O argumento tem por base relatos históricos de que uma comitiva liderada pelo escrivão da Câmara e juiz de órfãos de Olinda, João Tavares, esteve no local com o propósito de firmar um acordo de paz com os Tabajaras, criando as condições necessárias para enfrentar os Potiguaras.

Segundo o site 'Memória de João Pessoa', resultado de um Projeto de Extensão vinculado ao Departamento de Arquitetura da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), “a 5 de agosto, João Tavares desembarcou à margem sul do Rio Sanhauá - afluente do Rio Paraíba, e escolheu o local para a construção de um forte. Esta data foi considerada como marco da fundação da cidade, batizada de Nossa Senhora das Neves, invocação da santa do dia”.

O local, com o passar dos séculos, de fato, acabou se transformado em vila de pescadores e área de sub-moradias. O presidente do Instituto Histórico e Geográfico da Paraíba, Guilherme D'Avila Lins, no entanto, diz que naquele momento os portugueses vieram apenas para selar a paz com os Tabajaras.

“A data real de [fundação de] João Pessoa, assim, seria o dia 4 de novembro daquele ano, quando o português Martim Leitão teria iniciado a construção da cidade e o mais lógico é que eles tenham procurado um local com melhor visibilidade à distância e livre dos terríveis maruins, típicos na região do Porto Capim”, comenta D'Avila Lins.

Olha o trem

Um segundo local também levantado como marco zero seria uma rosa dos ventos com ares de abandonada na Praça Napoleão Laureano, situada em frente à Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), no bairro do Varadouro. O monumento de fato fica bem próximo ao Rio Sanhauá, mas para o historiador Guilherme D’Ávilla Lins, o local pode ser descartado como um possível marco zero da cidade.

A confusão, para o presidente do IHGP, pode ter surgido pela fato de o obelisco ter uma rosa do ventos, usada para nortear os navegadores. A área onde atualmente esta a praça é citada em registros históricos como um dos entrepostos comerciais no início dos anos 1800. Juntamente com as praças 15 de Novembro, Álvaro Machado e Antenor Navarro, ela era usada como ponto de negócios.

Tamanho 33/34

Um terceiro possível marco zero de João Pessoa seria uma singela pedra ao lado da Basílica de Nossa Senhora das Neves, também no Centro Histórico, este indicado por um guia turístico que atua pelo local. O argumento dele é que o marco inicial da construção da cidade teria sido ali, tendo em vista a necessidade dos primeiros habitantes não índios se protegerem do povo hostil.

O monumento apontado está bem aquém de marcos zeros bem frequentados, como o do vizinho Recife, no estado de Pernambuco, que é palco de inúmeros espetáculos, inclusive o Carnaval, e ambiente de fomento turístico e econômico.

No local apontado pelo guia turístico há apenas uma bola esférica, muito pouco protegida por uma quadrado de cimento, que chega a ser menor do que um tênis tamanho 33/34, e com inscrições ilegíveis. Além da pedrinha, há ao lado apenas uma pedra de pouco mais de um metro, datada de 1922, também em alto estado deterioração. As placas de sinalização turística daquela área, para complicar ainda mais, estão deterioradas pela ação de vândalos.

Marco geodésico

O presidente da Coordenadoria do Patrimônio Cultural de João Pessoa (Copac), Rui Leitão, explica que a pedrinha é na verdade um marco geodésico e não um monumento que fixaria o marco zero de João Pessoa. “O Marco Geodésico é um ponto cujas coordenadas planimétricas e altimétricas são altamente precisos, sendo estes materializados no terreno por meio de uma Chapa de Bronze”, completa.

A implementação desta Malha de Marcos Geodésicos foi definida juntamente com o Mapa Urbano Básico, ambos gerados no ano de 1998. Como o que foi instalado ao lado da Basílica há muitos outros espalhados pelo território da capital. Na prática, ele tem a finalidade de medir distância e facilitar o georreferenciamento de espaços urbanos.

A ficção do Marco Zero

Guilherme D´Ávila Lins admite que os marcos zeros são expressões criadas para fomentar o turismo. “Marco zero é uma ficção, sobretudo em cidades tão antigas como João Pessoa, Recife, Olinda, Salvador, por exemplo”, sentencia. Mesmo entendimento tem o secretário de turismo de João Pessoa, Fernando Milanez. "Nossa cidade tem uma área histórica linda, que inclusive carece de maior atenção do trade turístico, porque não somos só praias, mas de fato não existe um marco inicial da cidade. O único marco zero que existe na Paraíba é o da Transamazônica, em Cabedelo", afirmou.

O presidente do IHGP, Guilherme D'Ávila Lins, justifica que, no caso especial da capital da Paraíba, de fato os portugueses estiveram em solo paraibano no dia 5 de agosto, mas apenas para selar a paz com os Potiguaras. As primeiras edificações só foram iniciadas em 4 novembro daquele mesmo ano de 1585.

“Com as notícias das conquistas realizadas por João Tavares, a 15 de outubro, partiu de Pernambuco Martim Leitão, acompanhado de pedreiros, carpinteiros, entre outros oficiais, para tratar da instalação de uma povoação na Paraíba. Aprovando o sítio escolhido por João Tavares para a fundação da cidade, a 4 de Novembro teve início a construção do forte, “de cento e cincoenta palmos” que constituiu o ponto inicial daquele núcleo de povoamento”, rememora o site Memória de João Pessoa.

Apesar da constante ameaça que representava a presença dos índios Potiguaras, aos poucos a cidade foi se constituindo, segue o site. “Assentada em uma encosta, tinha por porta de entrada o Rio Sanhauá, acesso para as embarcações que ali chegavam".

Ainda conforme relatos, no alto da colina foi edificada uma pequena capela que era importante ponto de referência para a cidade, sendo em pouco tempo elevada à condição de igreja matriz, onde atualmente funciona a Basílica de Nossa Senhora das Neves. "Assim, foi definida a sua estrutura inicial, dividida entre a cidade alta – o lugar da matriz - e a cidade baixa, à margem do rio, área também denominada de Varadouro”, completa o Memória de João Pessoa.

Imagem

Angélica Nunes

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