Espaço criado para abrigar adolescentes infratores entre 12 e 18 anos, o Lar do Garoto Padre Otávio Santos, localizado no município de Lagoa Seca, no Agreste da Paraíba, enfrenta problemas na estrutura que tem dificultado o trabalho dos funcionários no local. O prédio, que abriga 45 adolescentes que cumprem medidas socioeducativas e outros 30 que estão em regime de internação provisória, está com a estrutura física bastante comprometida e, segundo um funcionário que não quis se identificar, não oferece o mínimo de condições necessárias para a permanência dos internos.
O funcionário, que tem 47 anos e trabalha no local há cinco, disse que desde que trabalha no Lar do Garoto nunca viu nenhuma reforma para melhorar as condições do prédio. “Nós mal temos água encanada aqui. Há um problema na tubulação e o abastecimento é feito por carros-pipa, sem falar que as paredes estão rachadas, a estrutura dos internos é deficitária e o nosso alojamento está desativado por falta de condições de uso”, lamentou.
Ainda segundo ele, das três guaritas de vigilância existentes no Lar do Garoto, apenas uma tem o mínimo de condições necessárias para ser utilizada pelos agentes, fazendo com que setores do prédio fiquem sem monitoramento. Para o funcionário, os problemas na estrutura do prédio podem ter contribuído para a fuga de dois jovens da unidade, ocorrida entre a noite do último domingo e a madrugada de segunda-feira. Conforme ele afirmou, os dois jovens estavam em uma sala de isolamento e a fuga só foi notada na troca de turno.
Na manhã de ontem, uma equipe do Instituto de Polícia Científica (IPC) esteve no local para apurar um dano no patrimônio do prédio causado pelos jovens na fuga. Segundo o perito Juarez Rocha, o laudo da perícia deve sair em um prazo de oito dias. Ele afirmou que os levantamentos preliminares constataram que as hastes da grade de ferro da sala em que os adolescentes estavam foram forçadas para que eles pudessem sair. Juarez disse que também foram verificadas marcas na parede do pátio, o que indica que eles pularam o muro.
Mesmo sendo o objetivo da perícia identificar os danos ao patrimônio público provocados pela fuga dos jovens, o perito disse que também verificou no local a ausência de condições para o abrigo dos internos naquele local. De acordo com Juarez, a forma como se encontra o prédio pode facilitar a fuga de outros internos já que as grades, madeiras e outros materiais do local estão sucateados. A conclusão a que se pode chegar quando se entra no local, segundo ele, é que o espaço não tem condições de abrigar os jovens. A direção do Lar do Garoto não comentou a fuga dos internos.
FUNDAC CONFIRMA QUE VAI FAZER REFORMA
Questionada sobre os problemas no Lar do Garoto, a presidente da Fundação de Desenvolvimento da Criança e do Adolescente (Fundac), responsável pela administração das instituições de ressocialização de jovens na Paraíba, Sandra Marrocos, informou que já tem conhecimento da forma deficitária como o espaço está funcionando.
Sandra informou que já foi licitada e publicada no Diário Oficial do Estado a permissão para que seja feita uma reforma geral. A presidente da Fundac afirmou que ainda não há uma data específica para o início das obras, mas pontuou que elas devem começar nos próximos meses.
A presidente explicou que está articulando uma forma de realizar as obras, que segundo ela vão abranger toda a estrutura do local, pois de acordo com ela o ideal seria que os jovens fossem transferidos para outro espaço enquanto a reforma é realizada.
Como essa transferência ainda está sendo pensada e talvez não seja possível, Sandra ressaltou que existe a possibilidade de que as obras tenham que ser feitas com os adolescentes dentro do prédio, o que poderia atrasar o cronograma previsto.
Por fim, Sandra reiterou o compromisso da Fundac com o Lar do Garoto, lembrando que este ano todos os colchões da unidade foram trocados e reafirmou que o espaço será inteiramente reformado para melhor atender aos internos. “Não vamos fugir da nossa responsabilidade. Nós estamos trocando o pneu com o carro andando, mas estão sendo feitos investimentos com recursos próprios do Estado para que o espaço seja reformado e tenha uma estrutura adequada”, completou.
