Lixo eletrônico jogado na rua

Descarte inadequado do lixo eletrônico é crime ambiental e pode trazer uma série de danos para a saúde humana e para a natureza.

O descarte de lixo eletrônico em terrenos baldios, em praias, no mar ou em rios bem como a queima a céu aberto, é considerado crime ambiental. Contudo, a falta de fiscalização e a ausência de locais públicos para coleta dos equipamentos são apontados por profissionais da área de informática como uma das causas para a infração. Apesar da punição, muitos moradores ainda jogam equipamentos como computadores, notebooks, pilhas e baterias em áreas proibidas.

Em diversos terrenos baldios em bairros de João Pessoa, especialmente aos próximos a matas, como Jaguaribe, Bancários e Mangabeira, é comum ver carcaças de aparelhos de informática, baterias de celulares, de carros e pilhas abandonadas ao ar livre.

O coordenador de Resíduos e Destinos Finais de Resíduos da Autarquia Municipal Especial de Limpeza Urbana de João Pessoa (Emlur), Edmilson Fonseca, explicou que há apenas um ponto de coleta de lixo eletrônico na cidade, que funciona na rua Gouveia Nóbrega, no Róger, em frente ao Parque Zoobotânico Arruda Câmara (Bica), e não há previsão de instalação de novos postos.

Segundo o coordenador, todo o material entregue no ponto de coleta é transportado para a RCTec Resíduos Eletrônicos, em Bayeux. “A empresa está responsável por dar um destino apropriado aos resíduos, que são reciclados em outros estados do Brasil e até em Cingapura, e reutilizados como matéria-prima ou como produto final, no caso de baterias de celulares e de notebooks. Entregamos duas caçambas de 6 metros cúbicos (m³) por mês só de componentes eletrônicos, pilhas e baterias. Não dá para precisar quantas toneladas recolhemos, mas o mais importante é que estamos tirando o material eletrônico da natureza”, afirmou.

Técnico em informática, José Nathanael Costa explica que descartar equipamentos eletrônicos na natureza é muito arriscado, pois a maior parte dos componentes possui metais perigosos para a saúde das pessoas, como chumbo, cádmio, mercúrio. “Acredito que só a falta de informações sobre o quanto o contato com esses materiais pode ser prejudicial que leva as pessoas a jogá-las em qualquer local”, afirma.

Para ele, os gestores públicos e órgãos responsáveis pela limpeza urbana deveriam fiscalizar com mais eficiência o descarte de lixo eletrônico. “O ideal seria ter um local específico para que a população entregasse isso ou que houvesse uma coleta seletiva de porta em porta, por exemplo”, afirmou.

O coordenador do Centro de Apoio Operacional às Promotorias do Meio Ambiente, promotor José Farias, argumenta que a responsabilidade pela destinação adequada aos resíduos sólidos dessa natureza é da população. “Se a pessoa não tiver onde guardar, que chame o município, o fabricante ou leve a um vendedor. O que não pode é botar em terreno baldio e ficar esperando que os órgãos públicos vá retirar o lixo eletrônico”, disse.

Apesar de pouco conhecido da população, o coordenador da Emlur, Edmilson Fonseca afirmou que já houve duas campanhas públicas no Busto de Tamandaré para informar a população sobre a existência do posto de coleta de lixo eletrônico. “É importante que as pessoas tenham iniciativa e deixem o material aqui no nosso centro de coleta”, afirmou. (Luzia Santos)