Médica paraibana que relacionou zika com malformação é premiada

Adriana Mello ganhou homenagem em premiação do jornal O GLOBO.

A médica paraibana Adriana Mello foi um dos destaques do Prêmio Faz Diferença, uma iniciativa do jornal O GLOBO, em parceria com a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). A 14ª edição da premiação aconteceu na última quarta-feira (29) e reconheceu o trabalho de brasileiros de diversas áreas de atuação em 2016.

Adriana ganhou notoriedade por ser uma das primeiras médicas a notar o aumento da quantidade de fetos com malformação em 2015 e fazer a relação do fato com os sintomas de zika apresentados por mães no primeiro trimestre de gestação. Ela recebeu o prêmio de personalidade do ano de 2016 no evento, ao lado da pesquisadora da Fiocruz Pernambuco Celina Turchi.

Celina faz parte de um grupo de pesquisa, como coordenadora, que comprova cientificamente a relação entre o vírus e o aumento de casos de microcefalia no Nordeste. No ano passado, a especialista foi eleita um dos dez nomes de maior destaque da ciência pela revista científica Nature.

“Parece absurdo, mas só esse ano alguns grupos de pesquisa receberam recurso. Peço que não se esqueçam dessas crianças (com microcefalia). Hoje o Brasil tem mais de duas mil crianças que estão esquecidas. Simplesmente a sociedade aceitou que essas crianças são de uma geração de ‘sequelados’, quando não são”, afirmou a Adriana após receber o prêmio.

“As mães dessas crianças fizeram a diferença. Elas doaram sangue de seus filhos, cérebro de seus filhos, para que nós pesquisadores e a população pudéssemos entender a doença. E o que a sociedade fez por elas? Somos todos capazes de assistir essas crianças que estão pedindo socorro”, acrescentou.

Já Celina destacou que o foco agora é a melhora no atendimento às famílias que foram afetadas com o quadro. “Nem no meu maior pesadelo pensei em viver na linha de frente de uma epidemia de microcefalia de causa desconhecida. Esse grupo (que estava na linha de frente) foi um grupo de clínicos, trabalhando em serviços públicos, que entendeu que se tratava de uma questão que transcendia qualquer instituição e deveria haver colaboração”, disse.