Obras de reestruturação do Mercado Central estão paradas há dois anos

Parte da reforma já foi concluída, mas local ainda tem comerciantes instalados em condições precárias

 As obras de requalificação e reestruturação do Mercado Central de João Pessoa, que tiveram início em 2006, estão há 2 anos paradas. O local, que foi criado em 1948 e é o maior dos mercados públicos da Paraíba, abriga mais de 1,2 mil comerciantes, além de diversos clientes, que diariamente para lá se dirigem. Apesar de grande parte da reforma ter sido concluída, diversos comerciantes ainda se encontram em instalações precárias, sem terem previsão de quando serão beneficiados com a reforma. Segundo informações da Secretaria de Desenvolvimento Urbano da capital (Sedurb), os trabalhos deverão ser retomados ainda no segundo semestre deste ano.

Com uma família para sustentar e se vendo em instalações que, além de precárias, o impedem de trabalhar em dias de chuva, o comerciante João da Silva lamenta a situação em que se encontra. Ele trabalha no Mercado Central há mais de 20 anos vendendo temperos no bloco conhecido como ‘Sacolão’, mas revela está cada vez mais difícil depender da renda adquirida no local. Apontando para o teto, ele mostrou um telhado quebrado, que, segundo o comerciante, é apenas um dos muitos problemas.

“Se chover, a gente não tem como trabalhar porque alaga tudo, a gente perde mercadoria. Fora a imundície que é isso aqui. É barata, rato, todo tipo de coisa que sobe por esses esgotos. A gente está cada vez com menos clientes e pelo jeito parece que só vai piorar”, lamentou o comerciante, que, olhando sua mercadoria, revelou não ter outra opção de renda, motivo pelo qual ele não busca outro meio de vida.

Assim como ele, não é difícil encontrar comerciantes insatisfeitos com a paralisação das obras do Mercado. O vendedor de desinfetantes, rodos e vassouras Edvan de Araújo, que também tem um box no local há mais de 20 anos, contou nos dedos o número de pessoas que vêm até o local. Para ele, o descaso não tem explicação, pois o local já deveria ter sido completamente reformado. “Eles reformaram um pedaço e deixaram a gente aqui. Não temos administração nem ao menos segurança. E ficamos aqui, dependendo dos poucos clientes que ainda têm coragem de enfrentar tudo isso para vir comprar”, disse.

Outros comerciantes afirmaram querer até a pagar pelas reformas. “A gente está até disposto a financiar nossos boxes, tivemos conversa com a prefeitura e tudo. Se eles toparem entrar com o projeto, a gente se disponibilizou a ajudar a pagar, dentro das nossas possibilidades. O que não podemos é continuar perdendo nossos clientes para os supermercados, que oferecem melhores condições para os clientes”, comentou o comerciante José Domingos. Ele é do setor de frios do mercado há 15 anos e possui dois comércios nos quais emprega oito pessoas.

Além dos que ainda não foram beneficiados com as obras, quem já tem boxes novos também querem obras no local. Eles pede a manutenção dos galpões reformados. De acordo com a comerciante Maria da Penha de Moura, que trabalha no mercado há 17 anos, após a reforma a limpeza melhorou, mas outros serviços de manutenção estão em falta, além da segurança, que está a desejar, em sua opinião.

A dona de casa Maria de Fátima Clemente vai ao Mercado Central todos os dias em busca de frutas e verduras frescas. Para ela, o local é ótimo, contudo a reforma não melhorou completamente a situação. “Melhor do que estava, está, mas ainda tem um esgoto ali na entrada que é horrível, fora a reforma da outra parte, que não aconteceu”, declarou.