Operação da PRF investiga quadrilhas de falsificações de cigarro na PB

Apartamento no Bessa e fazenda em Patos foram alvos da investigação.

Integrantes de duas quadrilhas que comercializavam cigarros falsificados em pelo menos sete estados do Nordeste foram presos na manhã desta quinta-feira (7). A operação teve como foco o estado de Alagoas, e ações também aconteceram na Paraíba. No Estado foram cumpridos mandados de busca e apreensão em um apartamento no bairro do Bessa, em João Pessoa, onde foram encontrados documentos ligados a lavagens de dinheiro, e uma fazenda no município de Patos. Na Paraíba, ninguém foi preso, e de acordo com a Polícia Rodoviária Federal, os investigados já são considerados foragidos da Justiça.

Operação da PRF investiga quadrilhas de falsificações de cigarro na PBNa Paraíba foram apreendidos documentos, talões de cheque, notas promissórias, cheques de terceiros, contratos de compra e venda, R$ 6 mil em espécie, escrituras de imóveis, cartões de créditos, dois veículos, diversos Certificados de Registro e Licenciamento de Veículo (CRLVs), e quatro caixas de documentos contendo o movimento diário dos estabelecimentos comerciais.

Foram cumpridos 14 mandados de prisão e 29 de busca e apreensão, todos expedidos pela 17ª Vara Criminal de Maceió. A operação está recolhendo centenas de caixas de cigarros falsificados, além de veículos de luxo, lanchas e jet-skis. Todos esses bens teriam sido comprados e colocados no nome de laranjas com o intuito de lavar o dinheiro adquirido com o comércio ilegal de cigarros. Os líderes das organizações viviam como empresários de sucesso, administrando empresas de fachada, a exemplo de postos de combustíveis, restaurantes e distribuidoras de bebida, tudo no nome de terceiros.

Além dos dois estados, mandatos de prisão e de busca e apreensão também foram realizdos em Pernambuco, Bahia e Rio Grande do Norte. As ações fazem parte da Operação Kapnós – palavra de origem grega que significa tabaco -, do Grupo Estadual de Combate às Organizações Criminosas (Gecoc) do Ministério Público Estadual de Alagoas (MPE/AL). A coordenação operacional das atividades ficou por conta da Polícia Rodoviária Federal (PRF).

Os presos da operação estão sendo levados para a Divisão Especial de Investigação e Capturas (Deic), localizada no bairro da Santa Amélia, na capital alagoana. Já o material apreendido será encaminhado para a Academia de Polícia Militar de Alagoas, no Trapiche da Barra, também em Maceió.

O esquema

De acordo com os levantamentos que vinham sendo realizados há quatro meses, as quadrilhas presas eram especializadas em comercializar cigarros falsificados, produzidos no Brasil, mas com selos de marcas paraguaias, como Eight, Gift, Bello e Meridian.

Segundo a PRF, os revendedores compravam os produtos de fábricas clandestinas, localizadas, em sua maioria, na região Sul do país, e distribuíam para diversos centros de comércio no Nordeste. Os dois bandos possuíam uma estrutura organizada, cujos integrantes exerciam papéis distintos. O esquema funcionava numa espécie de hierarquia organizacional, onde haviam os fornecedores regionais, os estaduais, e os locais, fora os vendedores que comercializavam para o consumidor final.

Foram justamente dois desses vendedores, que vendiam cigarros falsificados no Mercado da Produção e na Feira do Artesanato, no Centro de Maceió, que se tornaram o ponto de intersecção entre as organizações criminosas.  Ambos alternavam suas compras um no outro, o que tornou possível mapear os núcleos que sustentavam o esquema criminoso.

Quadrilhas

A Paraíba era abastecida pelas duas quadrilhas, que tinham sedes em Lauro de Freitas, na Bahia, e a outra em Caruaru, em Pernambuco. A sede baiana também distribuía para os estados de Alagoas, Piauí, Pernambuco e Ceará, enquanto a distribuidora regional de Caruaru, revendia também para Alagoas e Rio Grande do Norte.

Os produtos eram vendidos com notas fiscais falsas, que indicavam mercadorias diferentes daquelas que estavam sendo transportadas. Um dos integrantes do bando de Lauro de Freitas era o responsável pela confecção desses documentos, que também podiam ser vendidos separadamente da carga de cigarro, se assim os clientes desejassem.

O transporte do produto para os distribuidores locais era feito em veículos de pequeno porte, carregados com, no máximo, 100 caixas de cigarros, e sempre acompanhados de um veículo batedor, que ia à frente do principal. Eram maneiras de evitar as fiscalizações nas estradas e se prevenir de grandes prejuízos, caso fossem abordados.

O faturamento por ano de uma das quadrilhas chegava a mais de R$ 1 milhão, valor sobre o qual não incidia arrecadação de impostos, nem fiscalização.