Pesquisa estuda a relação entre a carga genética e atividade física

Estudo pioneiro no Brasil também vai contribuir para o melhor desempenho de atletas.

Pesquisa estuda a relação entre a carga genética e atividade física

A paraibana Michelle Sabrina Moreira, que é graduada em educação física pela UFPB, participa ainda está em fase inicial. (foto: Francisco França)

Uma pesquisa realizada no Instituto do Coração (InCor) da Universidade de São Paulo (USP) que tem uma profissional de educação física paraibana como integrante estuda a relação entre genética e atividade física. A proposta dos cientistas é identificar qual o exercício ideal para cada pessoa, antes mesmo da prática, tendo como base informações contidas no código genético. O estudo é pioneiro no Brasil e também vai contribuir para o melhor desempenho de atletas.

A pesquisa da qual Michelle Sabrina Moreira, que é graduada em educação física pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), participa ainda está em fase inicial. Para chegar aos primeiros resultados, a estudante utilizou o banco genético de 13 policiais militares de São Paulo, rastreou e leu o código genético deles, antes e depois das pessoas começarem um treinamento que durou 18 semanas. Com os primeiros resultados, a pesquisadora identificou as características nos genes dos policiais que respondiam de forma diferenciada ao treinamento físico. Ou seja, a pesquisa aponta que é possível predizer o quanto uma pessoa é capaz de se adaptar ao exercício físico, antes mesmo dela iniciar o programa de treinamento.

“Depois do treinamento desses policiais, nós pegamos uma amostra do sangue de cada um e extraímos o RNA, que é uma parte do material genético que tem todas as informações de uma parte do DNA que controla todas as nossas funções corporais. A partir daí, a gente pode avaliar a velocidade de funcionamento de todos os genes, cerca de 29 mil para cada indivíduo, ao mesmo tempo. Com essa amostra do antes e depois do treinamento, nós identificamos que 211 genes respondiam de forma diferenciada à atividade física”, explicou a pesquisadora.

Os policiais voluntários que participaram da pesquisa estavam sedentários, tinham a mesma faixa etária e até as mesmas características físicas. Ao passar pelas análises, os cientistas constataram que parte do grupo melhorou a capacidade física após o treinamento e outro grupo não teve o rendimento esperado. “Descobrimos que em 98 genes conseguimos predizer o quanto esse pessoal iria melhorar com a atividade física”, complementa Michelle Moreira.

Pesquisa estuda a relação entre a carga genética e atividade física

Leandro Oliveira conseguiu ganhar peso e fortalecer a massa muscular após começar a praticar musculação (foto: Francisco França)

Com esses resultados preliminares, no futuro o estudo desenvolvido pela paraibana e demais pesquisadores do InCor poderá orientar as pessoas, individualmente, sobre qual é o melhor exercício para cada um, evitando perda de tempo e gastos desnecessários. Foi o que aconteceu com o analista de produção industrial Leandro Henrique de Oliveira. Durante a fase da infância até a adolescência ele praticava esportes como futsal e voleibol, mas nunca conseguiu ganhar peso e fortalecer a musculatura. Ficou um tempo sedentário e há três anos, ele decidiu praticar musculação e passou dos 60 para 76 quilos. “A musculação não só me fez crescer em músculo e na saúde física, mas funciona também como um alívio para essa vida estressante que levamos hoje.

Tenho mais controle emocional, que é preciso para quem trabalha administrando produção na indústria. A gente quando começa pensa só no físico, mas depois percebe que ela transcende por todas as áreas de nossa vida”, revela o jovem.

Além de ajudar pessoas como Leandro Henrique, que desejam apenas manter a boa forma e ter mais saúde, o estudo desenvolvido no InCor também pretende ser útil para pessoas com problemas de saúde, como os cardíacos. “Essas informações genéticas vão facilitar o encontro da atividade ideal para cada pessoa. Isso vai eliminar a questão da ‘tentativa e erro’. Ou seja, fazer a pessoa treinar e ver que daqui a três meses ela não melhorou. Também vai favorecer muito pessoas com problemas de mobilidade ou algum tipo de doença. A pesquisa poderá identificar que, talvez, essa pessoa melhore com treinamento físico de força ao invés de uma caminhada, por exemplo”, complementou Michelle Moreira.

Leia matéria completa na edição deste domingo do JORNAL DA PARAÍBA.