Poluição de rios afeta a pesca na Região Metropolitana de João Pessoa

Pescadores lamentam que produção do pescado tenha diminuído nos últimos anos. Alem da poluição, os rios têm sofrido redução de volume.

Dos 25 anos já vividos, o jovem Alexandre Vieira dedicou 17 deles à atividade da pesca, de onde retira o sustento da mulher e dos dois filhos. Para o pescador, os rios já não são mais tão produtivos como há alguns anos devido à poluição e à redução do volume de água. Isso acaba comprometendo a renda de quem depende de atividades, como a pesca e a agricultura, que assim como Alexandre, dependem delas para garantir o sustento da família. Em relação à crise hídrica, o tema vem sendo discutido pelas autoridades paraibanas por conta da falta de chuvas.

Contudo, o gerente de Operação de Mananciais da Agência Executiva de Gestão das Águas da Paraíba (Aesa), Gerald Souza da Silva, informou que não há dados sobre famílias que dependem da pesca de peixes, mariscos e camarão no Estado. “Essa atividade é mais praticada em reservatórios e nas regiões de influencia da maré”, afirmou.

Na região litorânea do Estado, como a Região Metropolitana de João Pessoa, os pescadores relatam que a pesca foi e ainda é a única fonte de renda, como é o caso de Alexandre Vieira, que mora em Bayeux e faz do rio Sanhauá um caminho de esperança em busca do ‘pão de cada dia’ para colocar na mesa de casa. “Pesco desde que me entendo de gente e depois que casei, é de onde tiro o sustento da minha família. Mas, infelizmente, a renda caiu bastante, pois a produção caiu mais da metade. Os rios estão sujos, poluídos e secando por conta da quantidade de barragens que fizeram para abastecer algumas regiões. Com isso, as águas não descem mais pra cá”, disse.

Segundo Alexandre, há 5 anos era possível pescar cerca de 70 quilos (kg) de camarão e 100 kg de peixe, quase em frente de casa. Hoje, muito se navega, dia e noite, para conseguir alguns quilos. Tem dia que a tarrafa, o balde e o barco retornam vazios. “Tem vezes que saio para o rio e volto da pesca sem nada. É desesperador porque dependemos da pesca. Quando conseguimos algo, o saldo é dividido pelos quatro pescadores que estão na embarcação, onde cada um tem cerca de R$ 20 de lucro. Muitos amigos meus já mudaram de profissão porque não está mais dando para sobreviver”, lamentou.

O marceneiro, por profissão, e pescador por paixão José Felinto Cabral, 70 anos, pesca nas horas vagas, mas também percebeu a diminuição de peixes nos rios que banham a capital paraibana e Região Metropolitana. “Vou para o rio pescar desde criança, mas hoje a situação está crítica. Os rios estão morrendo, tem pouco peixe e os que têm não são como os de antes, agora são pequenos”, disse. “Já cansei de lançar a rede de arrasto e só vir lixo. Peixe mesmo não tem mais”, acrescentou.
A Sudema foi procurada para comentar o assunto, mas até o fechamento desta edição não respondeu aos questionamentos.