Protesto leva 25 mil pessoas às ruas de JP

Manifestações aconteceram de forma pacífica pelas ruas de João Pessoa.

Cerca de 25 mil pessoas foram às ruas participar do movimento ‘João Pessoa Avante’, iniciado às 16h de ontem, no Centro da capital. Seguindo a onda de manifestações realizadas em mais de 13 Estados brasileiros, o protesto levantou diversas bandeiras, dentre elas o fim da corrupção, melhores condições de transporte público e maior investimento na educação.

Em clima de tranquilidade e bom humor, pessoenses uniram-se em uma só voz para reivindicar um país melhor. Os ativistas percorreram quase nove quilômetros em mais de quatro horas de protesto.

No início da tarde, o cruzamento entre as avenidas Presidente Getúlio Vargas e Tabajaras ficou interditada, devido à concentração dos manifestantes em frente à Escola Estadual Liceu Paraibano, que já amanheceu com muros pichados, assim como em outras três escolas do Centro.

Com as caras-pintadas crianças, adolescentes, adultos e idosos saíram em passeata com cartazes de protesto e com frases até engraçadas, mas que tratavam de assuntos sérios, como a reivindicação pelo valor no preço das passagens de ônibus, a Proposta de Emenda Constitucional (PEC 37), que retira o poder de fiscalização do Ministério Público. Os cartazes lembravam ainda as decisões mais recentes do Congresso Nacional e criticavam o Estatuto do Nascituro e a conduta do deputado federal Marcus Feliciano, que preside a Comissão de Diretos Humanos da Câmara Federal.

O desejo de ter um país melhor estava no semblante do professor aposentado Caldas Gusmão, de 65 anos, e também na do pequeno Guilherme, de seis anos. “Participei de protestos no Golpe de 1964, Diretas Já e hoje estou aqui por esses jovens e também para preparar o país para as gerações futuras”, disse o aposentado.

“Vem pra rua” foi o grito de ordem dos manifestantes. Já o Hino Nacional ecoou em diversos momentos ao longo do percurso. Às 16h, os manifestantes caminharam rumo ao Palácio da Redenção, na Praça dos Três Poderes, de onde seguiram até a avenida Epitácio Pessoa em direção ao Busto de Tamandaré, na orla de Tambaú, onde o protesto pacífico encerrou por volta das 21h.

Movimento congrega luta por vários ideais

O movimento foi diversificado e uniu no mesmo espaço representantes de vários movimentos sociais, como os que lutavam por moradia, professores, agricultores, indígenas e diversidade sexual.

Durante as mais de quatro horas de caminhada, não houve críticas diretas aos governantes paraibanos. No entanto, o problema da seca que assola o Sertão do Estado não foi esquecido. Mais de 100 agricultores de diversos municípios estiveram presentes para participar da manifestação.

“A seca castigou o nosso Estado em todas as regiões. E os órgãos que teriam que amparar os agricultores não deram o apoio necessário. O momento é de reivindicação e todas as classes estão unidas”, disse o agricultor Jair Lima, do município de Pilar.

Descendente dos tabajaras, na aldeia do mesmo nome localizada no Litoral Norte do Estado, Érica Santos participou junto com mais dez indígenas, na passeata. “Soubemos da mobilização e viemos representar a aldeia e os outros índios da Paraíba. Somos brasileiros e nosso povo também deve ser lembrado”, acrescentou.

Professores universitários e de escolas estaduais e municipais carregavam cartazes cobrando melhores condições de trabalho e salários.

Polícia elogia tranquilidade 

Equipes de policiais militares e Corpo de Bombeiros acompanharam os participantes durante todo o percurso. Ao passar pela avenida Epitácio Pessoa, vários grupos aderiam à multidão. O comandante da Polícia Militar (PM) na Paraíba, coronel Euller Chaves, confirmou a tranquilidade da manifestação e elogiou os paraibanos. “Não tivemos nenhuma ocorrência de destaque e correu tudo tranquilo. O povo da Paraíba deu exemplo de democracia e foi maravilhoso”, disse.

Segundo informações da Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana (Semob), 60 agentes de trânsito controlaram a manifestação, prestando esclarecimentos aos motoristas que circulavam nas imediações da passeata. Estiveram presentes 26 profissionais de plantão na sede de Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e uma van acompanhou o protesto, podendo ser acionados em caso de conflitos.

Os ônibus da cidade tiveram funcionamento normal, seguindo determinação da Semob, informou a assessoria de imprensa da Associação das Empresas de Transportes Coletivos Urbanos de João Pessoa (AETC -JP).

Nas imediações do Parque Solon de Lucena, os lojistas fecharam as portas por volta das 15h. Ao longo dos trechos por onde passava a manifestação, os comerciantes fechavam os estabelecimentos por cautela.