Setor moveleiro da Paraíba se adapta à crise e gera cerca de 2 mil empregos

São 300 empresas formais, mas há 1.155 pequenos negócios no mercado.

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Setor de movelaria sofreu com a crise, mas ainda representa uma fatia importante da economia paraibana.

O Brasil tem aproximadamente 17 mil empresas dedicadas à confecção de móveis, ocupando o quinto lugar mundial do setor com faturamento superior a R$ 30 bilhões por ano, de acordo com dados da Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimóvel).

O segmento é forte também na Paraíba: conforme a Federação das Indústrias do Estado (Fiep-PB), o setor moveleiro no Estado reúne cerca de 300 empresas formais que geram cerca de dois mil empregos. Além disso, conforme a Receita Federal, a Paraíba tem outros 1.155 pequenos negócios que atuam na fabricação de móveis com predominância de madeira (930) e com serviços de montagem de móveis (225). E toda essa cadeia produtiva essencial à economia do Estado vem procurando se adaptar ao período de crise econômica que toma conta do país desde 2016.

Moveleiros se adaptam para driblar crise

Apesar das dificuldades, as empresas do setor elaboram estratégias para atrair o consumidor e manter os negócios girando – ainda que num ritmo menos acelerado – até a estabilização da situação econômica do país. “Procuramos  sempre novas maneiras de atrair o consumidor, com promoções, divulgação da marca na imprensa e através de informativos entregues diretamente à população”, explica Fernando Farias, gerente de vendas da Kasa Decor em João Pessoa.

Para Martônio Medeiros, proprietário da loja de móveis planejados Acro Comércio de Móveis, o setor de móveis mantém um nível de segurança nos negócios devido às constantes entregas de imóveis realizadas pelo mercado imobiliário. “As construtoras não estão construindo e lançando novos empreendimentos tanto quanto construíam em 2014, 2015, mas continuam entregando imóveis que começaram a ser construídos antes do período mais turbulento da crise”, avalia. “Essa união dos setores produtivos é positiva para todos – ganha o construtor e ganha o moveleiro – e ajuda a manter a economia girando até que encontremos um cenário mais favorável”, finaliza.

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Oferta de crédito afeta mercado

O consenso entre vendedores, gerentes e proprietários do setor na Paraíba é de que os negócios foram afetados pela recessão nacional. De acordo com Medeiros, em João Pessoa, a diminuição do poder de compra do consumidor é o principal fator para explicar o desaquecimento dos negócios.

“O brasileiro perdeu renda e crédito, o que influi direta e negativamente no nosso ramo”, avalia Medeiros. “Os bancos estão realizando análises de crédito mais rigorosas e o poder de compra do trabalhador caiu. Com isso, gastos que antes eram destinados à decoração e mobília foram realocados”, diz.

A opinião é compartilhada por Fernando Farias, gerente de vendas da Kasa Decor em João Pessoa. Segundo ele, os consumidores resolvem gastar apenas em itens de mobília indispensáveis, como camas e mesas, e apenas quando a vida útil dos móveis está chegando ao fim. “Muitos dos produtos oferecidos pela indústria de móveis – tanto soltos quanto projetados – são considerados ‘supérfluos’ e, por isso, não estão no topo da lista de gastos dos consumidores”, considera.

Esse comportamento mais contido dos clientes resulta, naturalmente, em queda das vendas. Conforme Medeiros, que atende principalmente clientes das classes B e C, neste ano a empresa trabalha com uma perspectiva de faturamento 12% menor em relação a 2017. “Se, em 2013, estabelecíamos um plano de ação para os anos futuros considerando crescimentos exponenciais e abertura de novas unidades, por exemplo, hoje o enfoque mudou para consolidar o público que já conquistamos e manter o nível de mercado até que a situação econômica do país esteja mais estabilizada”, afirma.

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Mão de obra não pode ser completamente absorvida

Uma outra dificuldade provocada pelo esfriamento do mercado envolve uma menor contratação de profissionais diretamente ligados à criação e venda de móveis, como arquitetos, designers e vendedores. Na área de móveis soltos, o impacto pode ser percebido em diversas etapas da cadeia produtiva, como a produção, o transporte e a venda. “É um setor que não está contratando e lutando para não fechar postos”, diz Farias.

No segmento de móveis planejados, o problema se estende ainda para uma pouca absorção de profissionais de cursos como Arquitetura e Urbanismo e Design de Interiores. “Na maior parte das vezes, os clientes chegam às lojas por intermédio de arquitetos e designers”, explica Medeiros. “Com uma procura menor por parte dos consumidores, esses profissionais já não conseguem encontrar postos de trabalho no setor de movelaria com tanta facilidade. Há alguns anos, as empresas que os procuravam, por causa da alta demanda, mas esse cenário mudou”, lamenta.